Panorama
 
 
 

APÓS 16 ANOS, SAI ENFIM PROPOSTA DE POLÍTICA DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Junho de 2008

06 de Junho de 2008 Durante a caminhada Volta pelo Clima, voluntários do Greenpeace organizaram um banner humano no Parque do Ibirapuera, com os dizeres Mude o Clima
Brasília (DF), Brasil — Mas texto do projeto de lei encaminhado pelo governo brasileiro ao Congresso decepciona por não priorizar medidas emergenciais.

Com 16 anos de atraso, o governo brasileiro enfim encaminhou ao Congresso Nacional proposta de projeto de lei que institui a Política Nacional de Combate às Mudanças Climáticas. O anúncio foi feito durante as comemorações na quinta-feira do Dia Mundial do Meio Ambiente, mas o texto do projeto decepciona por não priorizar medidas emergenciais, como zerar o desmatamento, fomentar o mercado de energias renováveis e definir medidas de eficiência energética.

O Brasil se comprometeu a adotar uma política nacional e medidas correspondentes para mitigar a mudança climática durante a Conferência da ONU realizada no Rio de Janeiro em 1992 - a Eco-92 -, quando assinou a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima.

Dezesseis anos se passaram e o que foi encaminhado ao Congresso Nacional agora não reflete nem de longe as reais necessidades do país nesse tema. O próprio processo de construção da política por meio de consultas à sociedade foi bastante limitado e não representou o país de dimensões continentais.

Para o diretor executivo interino do Greenpeace Brasil, Marcelo Furtado, "faltou uma coordenação mais efetiva e maior vontade política para tornar o processo mais democrático, que considerasse as peculiaridades regionais. O texto da política é superficial e sem densidade à altura do problema a ser enfrentado", afirmou.

"O Projeto de Lei deveria no mínimo elencar programas setoriais de caráter prioritário com relação à medidas de mitigação e adaptação, tais como em questões relativas ao uso da terra, desmatamento e energia."

A justificativa para isso se deve ao fato de que a Política prevê que o instrumento de sua implementação seja um Plano Nacional de sobre Mudança do Clima, que deveria ter sido lançado em abril deste ano – previsto no Decreto Presidencial assinado em novembro de 2007, mas foi transferido para novembro.

"Ficamos à mercê da elaboração de um plano que pode ou não abranger tudo aquilo que o país precisa fazer para combater a mudança do clima", afirma Luis Piva, coordenador da campanha de Clima do Greenpeace Brasil.

"A sociedade exige que o plano nacional não seja uma mera colcha de retalhos das ações já desenvolvidas pelo governo. Queremos um plano ousado, moderno, participativo e concreto", afirmou Piva.

Ao menos um ponto positivo do PL pode ser destacado, pois o texto faz referência à adoção de medidas de mitigação da mudança do clima que sejam, sempre que possível, mensuráveis, passíveis de serem informadas e verificáveis, o que na linguagem diplomática significa a adoção de compromissos voluntários pelo país. Resta saber se esses compromissos serão postos em prática como, por exemplo, a adoção de metas de desmatamento e de eficiência energética.

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Antes tarde do que nunca: leilão de energia eólica à vista!

16 de Junho de 2008 - Anúncio foi feito por ministro de Minas e Energia em reunião realizada no Ceará com representantes da iniciativa privada e sociedade civil.

O potencial brasileiro de geração de energia a partir dos ventos é gigantesco. Segundo dados do Atlatas Eólico Nacional, elaborado pelo governo federal, chega a 143 mil megawatts (MW), considerando-se apenas a instalação em terra. Com turbinas no mar, o potencial é ainda maior. No nordeste do país, o potencial eólico chega a 75 mil MW, dos quais 25 mil MW se concentram no Ceará. No entanto, aproveitamos hoje apenas 247 MW por meio de 16 parques eólicos distribuídos em oito estados brasileiros.

Mas isso pode começar a mudar a partir de 2009, quando será realizado um leilão de energia eólica. O anúncio foi feito nesta segunda-feira pelo ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, durante encontro em Fortaleza (CE) com representantes de governadores de Estados do nordeste, da iniciativa privada e da sociedade civil, entre os quais diretores do Greenpeace Brasil.

Também estiveram presentes ao encontro o presidente do Banco do Nordeste, Roberto Smith, e executivos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A negligência da exploração do potencial eólico do nordeste é mais grave se considerarmos a possibilidade de complementação desta energia à geração hidrelétrica do rio São Francisco. O uso da energia eólica garantiria a segurança energética da região, tornando-a exportadora e não mais importadora de energia, e eliminaria a necessidade de instalação de usinas termelétricas a combustíveis fósseis.

"Conseguir juntar cinco governadores e quatro vices do nordeste com o ministro para discutir uma matriz energética limpa para a região já é um grande passo", afirma Marcelo Furtado, diretor executivo do Greenpeace. "A notícia do leilão é positiva, mas não é suficiente porque não sabemos se depois de 2009 teremos leilões anuais para contribuir com a demanda energética brasileira", avaliou.

Além de não falar sobre a regularidade dos leilões seguintes, o ministro Lobão também não detalhou o montante de energia a ser negociado. O ministro se comprometeu também a organizar um encontro com a ministra da Casa Civil Dilma Rousseff para discutir o projeto.

O estudo Revolução Energética do Greenpeace demonstra que, com apenas 50% de fontes renováveis, o Brasil poderia assegurar em 2050 uma matriz 88% renovável e R$ 117 bilhões mais barata que a planejada pelo Ministério de Minas e Energia atualmente. A energia eólica é comparativamente mais econômica do que gerações de grande porte a partir de térmicas nucleares ou fósseis.

Confira aqui o relatório A Caminho da Sustentabilidade Energética, lançado pelo Greenpeace em maio deste ano, que analisa as políticas nacionais para mercado de energias renováveis e traça panorama mundial do setor.

Em um país com as dimensões continentais do Brasil, diversificar a matriz e regionalizar as estratégias de aproveitamento energético é prerrogativa fundamental para garantir estabilidade no fornecimento de eletricidade, eliminar a dependência de fontes energéticas caras, sujas e esgotáveis, e também os riscos de racionamento.

"O Brasil vive um momento em que a crescente demanda por energia tem que ser compatibilizada com o desafio global das mudanças climáticas, o que exige a eliminação das fontes fósseis", diz Marcelo Furtado.

Na quarta-feira (19/6), o Greenpeace discutirá no Senado e na Câmara dos Deputados, em Brasília, uma legislação para promover as energias renováveis no Brasil e garantir sua expansão na matriz energética brasileira.

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Países desenvolvidos manobram e comprometem resultado de Bonn

13 de Junho de 2008 Ativista do Greenpeace bota a boca no trompete para acordar alguns governos de países desenvolvidos que ainda não entenderam a urgência que o momento exige para se combater as mudanças climáticas.
Bonn, Alemanha — Alguns governos, como EUA e Japão, preferiram manobrar politicamente para deixar tudo do jeito que está. E o tempo passa...

Em vez de trabalharem para agir concretamente contra o aquecimento global, países como Estados Unidos, Japão, Austrália e Canadá prefiriram manobrar politicamente para manter tudo como está durante a 28a. Reunião dos Grupos Subsidiários da Convenção da ONU sobre Mudanças Climáticas, que foi realizada em Bonn.

A estratégia dos países desenvolvidos comprometeu seriamente o estabelecimento das bases para um compromisso global a ser acordado até dezembro de 2009, conforme o previsto na reunião de Bali, realizada no final do ano passado. Estamos agora a apenas 18 meses do prazo final. As próximas conversações estão marcadas para começar em 21 de agosto em Ghana, na África.

Conheça detalhes sobre o Protocolo de Kyoto e o Mandato de Bali, com o be-a-bá do que o mundo precisa fazer para combater as mudanças climáticas.

"Os Estados Unidos, Canadá, Japão e Austrália usaram suas velhas e conhecidas táticas durante as discussões em Bonn, sobrecarregando as negociações e inserindo impedimentos técnicos a todo momento", afirma Stephanie Tunmore, coordenadora da campanha de clima e energia do Greenpeace Internacional.

"Propostas concretas são extremamente necessárias nesta fase das negociações. Foi bom ver países como a China, Índia, México e Noruega avançando na discussão, com a clara intenção de realmente progredir nas negociações. A participação da União Européia, por outro lado, foi decepcionante, nada concreto foi apresentado", disse Stephanie.

Alguns governos retomaram questões que foram encerradas durante as negociações de Kyoto, há uma década. Os Estados Unidos e França, por exemplo, voltaram a falar sobre energia nuclear no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Também voltaram ao debate os créditos de emissões para florestas plantadas e ausência de sanções para quem não atingir as metas do protocolo de Kyoto.

"Entraves resolvidos há uma década foram trazidos de volta por países interessados em embaralhar as discussões para esconder a ausência de uma política interna efetiva", disse Stephanie.

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Outra discussão que voltou à pauta foi a energia nuclear.

"Essa é uma discussão sem sentido, já que as usinas nucleares não contribuem para os países atingirem os níveis de redução de emissões necessários até 2020, além de todos os demais motivos pelos quais esse tipo de energia é desnecessário", afirmou Stephanie.

Muitos governos estão preocupados com a lentidão do processo, especialmente aqueles menos desenvolvidos e mais vulneráveis às mudanças climáticas, pois sabem que o aquecimento global pode comprometer seriamente seu sustento, suas moradias e em muitos casos, suas próprias vidas, caso ações imediatas não sejam tomadas.

Enquanto isso, o Brasil demonstrou habilidade e firmeza para bloquear a tentativa de países como a Arábia Saudita de abrir a porta do mecanismo de desenvolvimento limpo para projetos de captura e armazenamento de carbono.

"No entanto, a delegação brasileira ainda tem muito trabalho a fazer nas próximas reuniões. As negociações sobre redução de emissões via desmatamento e degradação estão apenas começando e é no setor florestal que está a grande contribuição do País para o problema das mudanças climáticas", afirmou Luis Piva, coordenador da campanha de clima do Greenpeace Brasil.

 
 

Fonte: Greenpeace-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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