Meio Ambiente
- 05/06/2008 - Ciência, tecnologia e pesquisas.
Essas são as principais ferramentas empregadas
pelo homem no combater ao aquecimento global, a
poluição das grandes cidades, ao desmatamento
das florestas e ao uso desperdício da água.
Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado hoje
(5), especialistas falam sobre o papel do Brasil
na conservação das matas e no desenvolvimento
econômico sustentável e da importância
pela adoção de um modelo diferente
dos países industrializados, que são
os maiores poluentes.
"É preciso um acordo
internacional que faça com que os países
industrializados diminuam suas emissões de
gases, reduzindo o consumo de combustíveis
fósseis. O Brasil também tem que fazer
a sua parte, reduzindo o desmatamento na Amazônia"
diz o professor da Universidade de São Paulo
(USP) José Goldemberg . Ele lembra que "a
ciência pode identificar os problemas, mas
não pode resolvê-los".
Água
O secretário de Recuros
Hídricos de Parnambuco, José Almir
Cirilo, diz que o uso da água doce disponível
no Planeta é na ordem de 2,5% e que os recursos
tecnológicos são fundamentais para
o seu melhor aproveitamento. "A tecnologia
é essencial, desde o próprio processo
de captação, passando pela detecção.
Hoje, é possível utilizar tecnologias
de sensoriamento remoto a partir de satélites
para identificar com uma precisão mediana,
mas suficiente, a presença de água
no solo", disse.
Almir lembra que, de acordo com
relatório da Unesco, órgão
das Nações Unidas (ONU) para a educação
e responsável pelo Programa Mundial de Avaliação
Hídrica, mais de um sexto da população
mundial, ou o equivalente a 1,100 bilhão
de pessoas, não têm acesso a água
potável. Na sua opinião, a situação
tende a piorar, com o desmatamento, a poluição
ambiental e as alterações climáticas.
A ciência moderna coloca
a Terra como único corpo planetário
onde há vida. Segundo o coordenador das Unidades
de Pesquisas do Ministério da Ciência
e Tecnologia (MCT), Carlos Oitti, há milhares
de anos o Planeta passou por uma série de
alterações significativas, mudanças
que tendem a se agravar com o aumento da população
que deve chegar a 11, 2 milhões de habitantes
até o final do século.
"As tecnologias que têm
surgido rapidamente contribuem para ajudar a entender
melhor o planeta Terra. Colaboram também
no conhecimento dos fenômenos naturais".
Oitti lembra que há 50 anos não era
possível, por exemplo, se prever uma erupção
vulcânica, fato totalmente possível
hoje, "e com segurança". Mesmo
com todo o instrumental a serviço da ciência
ainda não se pode prever um terremoto. "Mas
já está em desenvolvimento uma metodologia
que um dia permitirá sejam previstos terremotos".
Assim, podemos ver que a ciência está
ajudando na resolução de problemas
de deslizamentos de encostas e planejamento territorial",
diz Oitti.
Para ele, o lançamento
do Ano Internacional do Planeta Terra é uma
atitude e um dos mecanismos de suma importância
para a conscientização de governantes
e da população sobre os problemas
ambientais. "É uma ação
que está alertando não só os
cientistas, os pesquisadores, os engenheiros, para
que enfrentem os desequilíbrios ambientais
e busquem encontrar as soluções para
o futuro.
Na opinião de Oitti, o
Ano Internacional também é especial
no sentido de fazer a divulgação junto
a sociedade da importância das ciências
da Terra, dos seus problemas, dos seus benefícios,
convocando as pessoas a que se conscientize sob
a ameaça que paira sobre todo o Planeta.
"Cada pessoa deve incorporar de que faz parte
desse conjunto de atores que deve existir para resolver
os problemas da Terra".
O Dia Mundial do Meio Ambiente
foi instituído pela Conferência das
Nações Unidas sobre Meio Ambiente,
em 1972, em Estocolmo, na Suécia. No Brasil,
a data está inserida na Semana Nacional do
Meio Ambiente criada por meio do decreto 86.028,
de 27 de maio de 1981.
Deográcia Pinto - Assessoria de Comunicação
do MCT
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Inpe tem rede de observatórios
para avaliar poluição atmosférica
Poluição - 05/06/2008
- A emissão de gases e outras substâncias
tóxicas na atmosfera trazem diversas conseqüências
negativas para a vida na Terra. Entre elas o efeito
estufa e o aquecimento global são as mais
relevantes. Por isso, segundo os especialístas,
é importante reduzir o lançamento
desses elementos na natureza. O Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCT) tem um programa
de monitoramento, mantendo uma rede de observatórios
da camada de ozônio e da radiação
ultravioleta.
Dados do último relatório
do Painel Intergovernamental sobre Mudanças
Climáticas (IPCC), apresentados pelo pesquisador
do Inpe Carlos Afonso Nobre, "estimam que,
mesmo com o controle da emissão de poluentes,
pelo menos de 10 a 15% de todas as espécies
vivas devem sofrer ameaça de extinção
até o final deste século em decorrência
do aquecimento global e demais mudanças climáticas
dele resultantes. Esta ameaça deve continuar
pelos próximos séculos".
Ainda de acordo com Nobre, se
não houver qualquer controle e a temperatura
continuar a subir, num certo momento, o Planeta
não terá condições de
habitabilidade para bilhões de pessoas. Mesmo
com a expansão de soluções
tecnológicas, há limitações
físicas que viriam principalmente da questão
da fotossíntese.
"Em temperaturas muito altas,
as plantas não realizam mais a fotossíntese.
Isso comprometeria a produção de alimentos.
Mas acredito que a nossa própria ação
vai estabilizar as concentrações desses
gases num nível em que a temperatura não
possa ameaçar a produção de
alimentos", afirma Nobre.
As condições do
vento e as condições atmosféricas
determinam o destino final dos poluentes, quando
lançados na atmosfera, podendo sofrer processos
de deposição seca ou serem lavados
pela chuva. O tempo da residência dessas substâncias
na atmosfera é relativamente longo e quanto
mais emissões, maior a concentração
porque elas vão se acumulando. O dióxido
de carbono (CO²), por exemplo, tende a permanecer
muito tempo na atmosfera, por algumas décadas.
Então, se essa substância for emitida
continuamente e em grandes quantidades, o tempo
de acúmulo será maior e os desequilíbrios
ecológicos mais graves.
Outro vilão do aquecimento
global é o ozônio, gás tóxico
para a saúde humana e também para
as plantas. Ele existe na natureza em altas e baixas
concentrações, dependendo da localização:
na estratosfera (onde funciona como um filtro de
radiação solar, não permitindo
que a radiação ultravioleta atinja
a superfície terrestre) ou na troposfera
(poluição), respectivamente.
Karla Longo, pesquisadora do Inpe,
informa que esta substância se concentra em
uma camada alta da atmosfera, portanto não
é respirada. "O ozônio não
é produzido na baixa troposfera. Ao se dar
partida num automóvel, por exemplo, são
emitidas as substâncias precursoras de ozônio.
Ativadas pela radiação solar, e combinadas
por meio de uma série de reações
químicas, se transformam no ozônio
na troposfera, ou seja, nos níveis mais baixos
da atmosfera onde a população pode
ser afetada por meio da inalação",
explica ela.
Nos últimos anos, a indústria
automobilística tem produzido veículos
menos poluentes. Os carros das décadas de
60 e 70 causavam mais danos ao meio ambiente. Não
eram equipados com catalisadores nos escapamentos.
De acordo com Karla, essa medida é relativamente
recente. Na sua opinião, os governos deveriam
investir em transporte coletivo, principalmente
nas grandes cidades. "É muito difícil
pedir à população que vá
trabalhar de bicicleta, se não há
ciclovias; usar o metrô ou o ônibus,
se eles não têm um sistema eficiente.
Acredito em políticas públicas para
incentivar a população a se comportar
de maneira adequada à preservação
ambiental. Mas é preciso que seja bom individualmente
também. A pessoa tem que conseguir chegar
a tempo no trabalho e de uma maneira segura. É
muito difícil pedir que o cidadão
se comporte de maneira correta, se ele não
dispõe dos meios adequados para fazer isso"
diz.
Além disso, o Brasil tem
uma dificuldade natural por se tratar de um país
de dimensão continental e com poucos recursos
disponíveis. O Inpe desenvolve ferramentas
de modelagem numérica e por satélites
com o intuito de obter um método para monitoramento
da qualidade do ar.
Basicamente são instalados
monitores em vários pontos da cidade. Esses
equipamentos medem a quantidade de poluentes existente
na atmosfera e, com isso, pretende-se ter algum
controle da qualidade do ar. No Brasil, esse monitoramento
é feito apenas em São Paulo, por se
tratar de um processo muito caro. O preço
do equipamento está em torno de R$ 500 mil.
Por isso, o Inpe busca desenvolver uma ferramenta
alternativa que seja efetiva e factível.
A poluição dos grandes
centros urbanos pode chegar até mesmo a regiões
do País que não são habitadas.
Mesmo na região Amazônica, dependendo
do padrão de circulação do
ar, é possível se constatar índices
de qualidade do ar muito ruins. A pesquisadora do
Inpe diz que o Instituto de Física da Universidade
de São Paulo (USP) tem um ponto de monitoramento
de material particulado em Alta Floresta, cidade
relativamente pequena, localizada no norte do Mato
Grosso.
Na época de queimadas,
a concentração de material particulado
na região chegava a atingir picos de 500
microgramas por metro cúbico. Na cidade de
São Paulo, quando essa mesma medida ultrapassa
100 microgramas por metro cúbico, considera-se
que a situação ultrapassou a fase
de sinal de alerta.
Ao final da estação
seca, as queimadas são interrompidas e passa-se
alguns meses com a atmosfera limpa, mas o dano já
foi feito. Ocorrem alterações nos
ciclos da chuva e nos ciclos biogeoquímicos.
A longo prazo, alerta a pesquisadora, os prejuízos
podem ser irreversíveis.
Escudo atmosférico
Oxidantes fotoquímicos
é a denominação que se dá
à mistura de poluentes secundários
formados pelas reações entre os óxidos
de nitrogênio e compostos orgânicos
voláteis, na presença de luz solar,
sendo estes últimos liberados na queima incompleta
e evaporação de combustíveis
e solventes.
O principal produto desta reação
é o ozônio (0³), por isso mesmo
utilizado como parâmetro indicador da presença
de oxidantes fotoquímicos na atmosfera. Tais
poluentes formam a chamada névoa fotoquímica
ou "smog fotoquímico", que tem
este nome por causar a diminuição
da visibilidade na atmosfera.
Além de prejuízos à saúde,
o ozônio pode causar danos à vegetação.
Os pesquisadores lembram que o ozônio encontrado
na faixa de ar próxima do solo, onde respiramos,
chamado de "mau ozônio", é
tóxico. Entretanto, na estratosfera (aproximadamente
25 km de altitude), o ozônio tem a importante
função de proteger a Terra, como um
filtro, dos raios ultravioletas emitidos pelo Sol.
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MCT apóia programas de
valorização da biodiversidade do Pantanal
Biodiversidade - 04/06/2008 -
O secretário-executivo, Luiz Elias, diz que
a intenção do Ministério é
manter o apoio as ações do CPP
Representantes dos governos do Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul se reuniram com os secretários
do MCT, Luiz Elias e Luiz Antonio Barreto
Um inseticida produzido a partir do extrato retirado
de uma planta encontrada no Pantanal pode ajudar
no combate à dengue. A pesquisa com o bioinseticida,
extraído da planta Anacardium humile, conhecida
popularmente como "cajuzinho do cerrado",
foi apresentada ontem (3), ao secretário-executivo
do Ministério da Ciência e Tecnologia
(Sexec/MCT), Luiz Antonio Elias Rodrigues. Além
de ajudar no combate ao mosquito Aedes aegypit (transmissor
da dengue) e de outras pragas como as moscas do
chifre, varejeira e barbeiro, o projeto também
tem a finalidade de agregar valor a biodiversidade
do Pantanal.
O projeto é desenvolvido
por pesquisadores da Rede Pantaneira de Bioprospecção
do Centro de Pesquisa do Pantanal (CPP). Ontem,
em Brasília (DF), representantes dos governos
do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, de universidades
e cooperativas agrícolas se reuniram no MCT.
No encontro, o secretário-executivo do CPP,
Paulo Teixeira de Sousa, fez um balanço das
atividades da instituição.
Desde 2003, os pesquisadores do
CPP desenvolvem projetos nas áreas de pesca,
pecuária e bioprospecção e,
em breve, serão realizados estudos na área
de recursos hídricos. "São projetos
multidisciplinares, que mantêm uma forte interação
com a sociedade local. Apesar do pouco tempo de
atividade, os pesquisadores do centro já
desenvolveram um produto que, ao mesmo tempo, terá
impactos positivos no combate a pragas e poderá
agregar valor a biodiversidade do Pantanal",
destacou.
O secretário de Ciência
e Tecnologia do Mato Grosso, Chico Daltro, adiantou
que representantes dos dois estados voltam a se
reunir à semana que vem para definir as prioridades
do CPP para os próximos 10 anos. Ele aproveitou
o encontro para destacar a importância do
apoio concedido pelo MCT aos trabalhos. "Essa
parceira com o ministério foi essencial para
a criação do Centro. Queremos continuar
trabalhando em conjunto na busca de alternativas
sustentáveis de produção para
o pantaneiro", disse.
O secretário-executivo,
Luiz Elias, disse que a intenção do
MCT é manter o apoio as ações
do CPP. "A questão fundamental é
como podemos fazer ações integradas,
em parceria com as universidades, preservando a
realidade local e, acima de tudo, buscando a sustentabilidade.
A participação dos estados nessas
redes também é essencial. Dessa forma,
a possibilidade de impactos na região é
muito maior. Iniciativas como essas terão
o apoio do ministério", disse. Ele frisou
ainda que ações de proteção
e desenvolvimento sustentável do Pantanal,
assim como no semi-árido e na Amazônia,
são prioritárias para o governo.
O secretário de Políticas
e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério
(Seped/MCT), Luiz Antonio Barreto de Castro, destacou
a importância das pesquisas da rede de biotecnologia
do CPP. "Essa rede tem uma característica
muito positiva que é voltar o interesse do
desenvolvimento para a agregação de
valor aos produtos da biodiversidade. Sem isso os
biomas são destruídos. Essa é
a solução para conservação
e desenvolvimento dessas áreas", disse.