4 de Junho
de 2008 - Vinicius Konchinski - Repórter
da Agência Brasil - São Paulo - O município
de São Paulo tornou-se hoje (4) o primeiro
do país a aplicar em obras recursos obtidos
com a venda de créditos de carbono. O prefeito
Gilberto Kassab anunciou, nesta quarta-feira, o
início da construção de três
praças no distrito de Perus, cujos custos,
de cerca de R$ 2,5 milhões, serão
todos pagos com parte do que foi arrecadado em um
leilão de créditosde carbono realizado
em setembro do ano passado, na Bolsa de Mercantil
e de Futuros (BM&F).
Na ocasião, os créditos,
acumulados com a geração de energia
elétrica a partir de gases emitidos por um
aterro sanitário vizinho aos bairros beneficiados
pelas obras, foram vendidos por R$ 34 milhões
a um banco holandês. Segundo Kassab, os recursos
serão agora aplicados em melhorias nas áreas
de habitação, saneamento e meio ambiente
voltadas para comunidades que sofrem com malefícios
do convívio com o lixo.
"O uso do gás para
gerar energia é um benefício ao meio
ambiente e ainda gera os crédito de carbono,
conforme o estabelecido no Protocolo de Quioto",
afirmou Kassab. "Leiloamos esses créditos
e hoje estamos honrando o compromisso de investir
os recursos na região do aterro."
Além das obras das três
praças, projetos para construção
de mais dez estão em fase final de avaliação
na prefeitura e devem ser custeados com os recursos
dos créditos. Obras para o saneamento do
Ribeirão Perus, que corta a região,
também receberão parte do dinheiro.
“Temos projetos orçados
em R$ 60 milhões. Os que primeiro forem aprovados
recebem o dinheiro”, disse o secretário municipal
do Verde e Meio Ambiente, Eduardo Jorge, que também
participou da cerimônia de anúncio
do início das obras. “Os que não receberem
o dinheiro desta vez ficam na fila, esperando os
recursos do próximo leilão.”
Jorge disse que, no final deste
ano ou no início do ano que vem, mais créditos
de carbono acumulados pelas ações
no aterro de Perus devem ser postos à venda.
Conforme estimativas do prefeito Kassab, com esse
novo lote de créditos, mais R$ 30 milhões
devem ser arrecadados.
Iniciativas semelhantes às
postas em prática no aterro de Perus foram
implementadas em janeiro em outro aterro, em São
Mateus, na zona leste. Não existe, no entanto,
previsão de quando os créditos acumulados
com as ações neste local serão
vendidos. Juntos, os dois aterros recebem cerca
de 15 mil toneladas de lixo por dia.
A prefeitura estima que, até
2012, a utilização do gás por
termoelétricas instaladas nesses locais evite
que 11 milhões de toneladas do dióxido
de carbono (CO2) sejam lançadas à
atmosfera. O volume corresponde à poluição
gerada por 2 milhões de veículos movidos
a combustíveis derivados de petróleo.
+ Mais
Presidente diz que mundo precisa
lidar com ameaça do aquecimento global
3 de Junho de 2008 - Priscilla
Mazenotti - Enviada especial - Roma - O mundo precisa
lidar com a "gravíssima ameaça"
que representa o aquecimento global. O pedido foi
feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, na abertura da Conferência da FAO -
a Organização das Nações
Unidas para Agricultura e Alimentção
- em Roma. Ele lamentou que alguns países
se recusem a assumir compromissos e metas de redução
de emissão de dióxido de carbono.
"É mais fácil
pôr a culpa nos outros do que fazer as mudanças
necessárias, que ferem interesses estabelecidos.
Assim, parece que nos últimos tempos, as
vozes dos que clamam por uma redução
nas emissões de dióxido de carbono
estão ficando mais fracas", disse. "É
lamentável. Não podemos ser irresponsáveis
com o futuro dos nossos filhos e netos, com o futuro
do planeta. O mundo não pode continuar queimando
combustíveis fósseis ao ritmo atual",
completou.
Lula citou uma pesquisa feita
no Brasil comparando emissões de dióxido
de carbono em um carro movido a etanol e outro movido
a gasolina. Segundo ele, o carro movido a gasolina
emite oito vezes e meia mais dióxido de carbono
do que o veículo a etanol. "Na comparação
do diesel com o biodiesel, constatamos que o caminhão
movido com combustível fóssil emitiu
5,3 vezes mais dióxido de carbono do que
aquele movido a biodiesel".
Ao defender o etanol, Lula lembrou
que esse combustível, que vem da cana-de-açúcar,
durante a fase de crescimento também é
responsável pelo seqüestro de grande
quantidade de dióxido de carbono. "O
etanol não é apenas um combustível
limpo. É também um combustível
que limpa o planeta enquanto está sendo produzido".
Ele anunciou para as Nações
Unidas que em novembro fará, em São
Paulo, a Conferência Internacional de Biocombustíveis,
quando serão chamados especialistas e cientistas
para um debate técnico sobre o assunto.
+ Mais
Brasil não tem depósitos
adequados para lixo radioativo, revela IBGE
4 de Junho de 2008 - Isabela Vieira
- Repórter da Agência Brasil - Rio
de Janeiro - O Brasil está prestes a iniciar
a construção de sua terceira usina
nuclear - anunciada para este ano pela ministra-chefe
da Casa Civil, Dilma Rousseff -, mas ainda não
tem depósitos específicos para armazenar
seu lixo radioativo. É o que revela o estudo
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável,
divulgado hoje (4) pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
A publicação mostra
que o único depósito adequado no país
guarda, exclusivamente, rejeitos do acidente com
Césio-137, que ocorreu em Goiânia,
em 1987. O depósito fica em Abadia de Goiás
(GO).
O lixo radioativo produzido pelas
usinas nucleares Angra 1 e Angra 2, cerca 2,08 mil
metros cúbicos classificados como de alto
nível radioativo, e os 13,7 mil metros cúbicos
produzidos pelas industrias, hospitais e outras
fontes, ficam armazenados de forma temporária
em centros vinculados à Comissão Nacional
de Energia Nuclear (Cnem).
Os depósitos são
considerados seguros e ficam no Rio de Janeiro,
em São Paulo e em Minas Gerais.
A falta de depósitos adequados
é apontada pelo estudo com um constrangimento
ao uso da energia nuclear no país. “É
como se as pessoas guardassem lixo tóxico
em casa. Por mais que o mantenha em segurança,
o ideal é que o lixo vá para o local
no qual será, definitivamente, armazenado”,
explicou o pesquisador Judicael Clevelário,
da Coordenação dos Recursos Naturais
do IBGE.
Segundo o pesquisador, a questão
é polêmica e envolve decisões
políticas. “Você deve colocar [o lixo]
em um local onde possa vigiá-lo, para ver
o que está acontecendo, intervindo quando
necessário, e ao mesmo tempo longe do alcance
das pessoas. Aí entra a questão de
quem quer um depósito perto de sua casa?
Essa questão ainda não foi resolvida
pelos canais responsáveis”, disse.
No Brasil, a maior parte do lixo
radioativo fica em São Paulo, que armazena
36% da produção nacional. O Rio de
Janeiro, mesmo com as usinas Angra 1 e Angra 2,
fica com19% do total, e a Bahia, com 18%.