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DEMARCAÇÃO DE TERRAS INDÍGENAS NÃO É COMPATÍVEL COM SOBERANIA, AFIRMA JOBIM

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Junho de 2008

4 de Junho de 2008 - Ana Luiza Zenker - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A demarcação de terras indígenas não é incompatível com a soberania nacional. Foi o que afirmou hoje (4) o ministro da Defesa, Nelson Jobim, durante audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados.

“Evidentemente que terra indígena não está imune à penetração dos militares. Isso está em decreto do presidente Fernando Henrique Cardoso.”

Segundo o ministro, uma reserva indígena “não é uma zona de exclusão de brasileiros, é uma zona de integração”.

Em referência à Terra Indígena Raposa Serra do Sol (RR), Jobim afirmou que um dos pontos que devem ser decididos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do caso é o regime jurídico das reservas indígenas. O Supremo analisa várias ações que questionam a demarcação da reserva em área contínua, conforme prevê o decreto de homologação, de 2005.

“É fundamental que [o STF] defina o regime jurídico sobre essas terras [indígenas], está na Constituição, são terras da União afetadas ao usufruto indígena.”

Ainda sobre a demarcação da Raposa Serra do Sol, o ministro disse que “o que nos resta é aguardar a manifestação do Supremo”.

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Ayres Britto diz que demarcação da Raposa Serra do Sol será decidida por critérios “rigorosamente objetivos”

16 de Junho de 2008 - Marco Antônio Soalheiro e Lincoln Macário - Repórter da Agência Brasil e Âncora da TV Brasil - Brasília - Além de presidir o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Carlos Ayres Britto também é o relator de boa parte das ações de maior repercussão social pendentes de julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). O voto dele é que conduzirá as discussões na Corte sobre a demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, o reconhecimento da união civil de homossexuais para fins previdenciários e patrimoniais, a revogação de artigos da Lei de Imprensa e o inquérito que apura o envolvimento do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) em fraudes no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Além disso, o ministro foi o relator, com tese vencedora, em recente julgamento, que autorizou a continuidade das pesquisas com células tronco-embrionárias no Brasil.

Em entrevista exclusiva à Empresa Brasil de Comunicação, Britto falou sobre o andamento dos processos e antecipou algumas concepções. Em relação à demarcação da Raposa Serra do Sol, prevista para ir a julgamento no início de agosto, o ministro ressaltou se tratar de um tema que envolve muitos os aspectos institucionais. “A soberania é apenas um deles”, avisou. Britto também defendeu as políticas de cotas adotadas pelo governo federal, ao reiterar posicionamento já expresso por ele no STF.

EBC - Ministro, o senhor esteve na Terra Indígena Raposa Serra do Sol e tem a responsabilidade de dar o primeiro voto na ação, que contesta a demarcação da área. O que o senhor viu lá que poderá influenciar na decisão?

CAB - Fui com o ministro Gilmar Mendes e a ministra Cármem Lúcia. O objetivo foi a obtenção de um conhecimento não de segunda mão, passado por outrem, mas de primeira mão. Queríamos ver, sentir, conversar, colher impressões, sobretudo visuais, daquela imensa região, e isso nós conseguimos. Vai ajudar na formação do juízo de convencimento de cada um.

EBC - Serviu para clarificar o entendimento?

CAB - Sim. Na questão dos vazios demográficos, por exemplo, estamos agora habilitados a formar um juízo melhor da distribuição das aldeias, das malocas, das características botânicas, climáticas e hidrográficas daquela região.

EBC - O julgamento será mesmo no início de agosto?

CAB – Minha intenção, se eu receber os autos a tempo da Procuradoria Geral da República, é apresentar meu voto no final de junho. Porém, o presidente do STF, Ministro Gilmar Mendes, vai precisar de um tempo para formatar uma delicada e complexa sessão de julgamento. Então acredito que, com bons ventos, dá para o julgamento acontecer em agosto.

EBC - A questão da soberania é de fato o ponto principal em discussão?

CAB - Não. São muitos os aspectos institucionais e a soberania é apenas um deles. Essa questão é muito delicada, antagoniza muitas instituições, muitas pessoas singulares, muitos grupos. Há índios de um lado, índios de outro; igreja de um lado, igreja de outro; a União de um lado, o estado de Roraima de outro; sociólogos e antropólogos de um lado; no próprio âmago do Governo Federal, o Ministério da Justiça parece perfilar entendimento que não coincide com o do Exército. Quer dizer, é uma questão extremamente delicada.

EBC - É possível se pensar em uma solução conciliatória para o impasse?

CAB – O objetivo meu e certamente da Corte é encontrar na Constituição todas as coordenadas do processo demarcatório das terras indígenas. Se conseguirmos isso, nossa tarefa estará segura, e será uma decisão pautada por critérios rigorosamente objetivos. Poderemos ter uma solução jurídica para todo e qualquer processo demarcatório.

EBC - A questão do reconhecimento da união civil homossexual, para fins de benefícios previdenciários e patrimoniais, também está sob a sua relatoria. Qual a situação de momento?

CAB - Eu deverei me debruçar mesmo sobre esta questão no mês de agosto e inciar a confecção do meu voto. É um assunto também delicado e importantíssimo.

EBC - O STF poderá dar nesta matéria uma decisão histórica no que se refere à consolidação dos direitos humanos no Brasil?

CAB - A matéria se inscreve numa ambiência de direitos humanos e fundamentais, mas temos que ver o alcance e a dimensão destes direitos a partir das relações homoafetivas.

EBC - O inquérito que apura o envolvimento do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) em fraudes no BNDES corre em segredo de justiça. Mas, pelo material que tem em mãos, o senhor diria que o caso será uma novela ou uma mini-série?

CAB – Eu estou supervisionando o inquérito da Polícia Federal sobre o tema, estudando os pedidos de diligência, examinando o que pode ser deferido e o que não pode. Só posso disponibilizar para advogados e partes aquelas diligências já documentadas e incorporadas aos autos do inquérito.

EBC - O senhor proferiu decisão liminar, que suspendeu artigos da Lei de Imprensa que puniam com prisão jornalistas condenados por calúnia, injúria ou difamação -, crimes já previstos no Código Penal. A Lei de Imprensa está carente de atualidade?

CAB - Essa Lei de Imprensa, num exame preliminar, foi tida por mim e pela Corte como em rota de colisão com a Constituição Federal, em muitos de seus dispositivos, porque é uma lei inspirada por um regime de exceção. Ela é de 1967, quando vigorava uma Constituição muito menos democrática do que a atual. A Lei de Imprensa termina, então, por assegurar uma sobrevida a uma Constituição autoritária, que muito pouco tem a ver com a atual. O grande desafio nosso é saber se pelo modo com a Constituição de 1988 tratou as atividades de imprensa e comunicação social, um modo corretamente generoso, se isso é compatível com a idéia de uma lei orgânica ou se os temas de imprensa devem ser versados por leis espaças, monotemáticas, e não reunidas em um mesmo estatuto.

EBC – Em processo movido por unidades particulares, o senhor também já votou como relator favoravelmente ao sistema de cotas para negros e índios. Essa tese deve prevalecer no plenário?

CAB – As políticas de inclusão social mediante ações distributivas de renda, patrimônio e vagas em universidades se subscrevem no âmbito do que eu tenho chamado de constitucionalismo fraternal, solidário ou altruístico, a ser operacionalizado por ações afirmativas, compensatórias de desvantagens historicamente e severamente acumuladas por segmentos sociais minoritários como mulheres, negros, índios, portadores de deficiência física. Vamos aguardar, nunca é bom fazer prognóstico, até para não ser interpretado com uma ingerência na liberdade de convencimento dos demais ministros da Corte. Mas o que me conforta é que a ação está sob vista de um magistrado muito versado em ações afirmativas, que é o ministro Joaquim Barbosa.

EBC - O voto do senhor pela autorização das pesquisas com células tronco-embrionárias foi indicativo de uma posição favorável à regulamentação do aborto, tema que também será discutido em breve no STF?

CAB – Aguardemos o julgamento de mérito, que deve ser precedido de uma audiência pública. O Ministro Marco Aurélio de Mello se predispõe a fazer [a audiência]. Corri esse risco mas deu tudo certo, e o Supremo experimentou na ação da Lei de Biossegurança, pela primeira vez, essa via democrática, que é a audiência pública. Toda a comunidade científica se abriu para oferecer seu visual das coisas ao Supremo Tribunal Federal.

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Marina Silva volta a defender legalidade da demarcação da Raposa Serra do Sol

10 de Junho de 2008 - Ivan Richard - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A ex-ministra do Meio Ambiente senadora Marina Silva (PT-AC) defendeu hoje (10) a manutenção da área da Terra Indígena Raposa Serra do Sol. Segundo ela, o Brasil está diante de uma interpelação étnica sobre qual postura adotar em relação aos povos indígenas.

“O nosso futuro deve comportar civilizadamente a possibilidade de que esses povos possam se reproduzir de acordo com suas condições sociais e materiais”.

Marina afirmou ainda, durante discurso na audiência do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, que os arrozeiros têm a garantia legal de ser indenizados pelas terras. Por outro lado, não há como recuperar a herança cultural dos povos indígenas.
“Podemos plantar arroz em qualquer terra fértil. Agora uma cultura que acha que o mundo foi criado a partir do Monte Roraima só existe ali”.

Segundo ela, em 500 anos de história, o Brasil dizimou um milhão de índios por século. Hoje, de acordo a parlamentar, restam um pouco mais de 500 mil índios espalhados pelo país. “Nem o povo judeu sofreu genocídio dessa magnitude”, comparou.

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MPF questiona Funasa na Justiça sobre a criação de distritos sanitários indígenas

14 de Junho de 2008 - Marco Antônio Soalheiro - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O Ministério Público Federal (MPF) contesta na Justiça a criação de novos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dsei) na Região Centro-Sul do Brasil pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Procuradores detectaram que a mudança na estrutura de atendimento às comunidades não levou em consideração critérios populacionais ou étnicos.

O MPF ajuizou ação civil pública com pedido de liminar para declarar nulos os novos distritos, criados há dois anos, e um convênio firmado com a organização não-governamental Associação de Defesa do Meio Ambiente de Reimer, localizada no Paraná.

A procuradoria também requer que a Funasa seja condenada a assumir diretamente os serviços de saúde indígena ou celebre um novo convênio de acordo com a legislação vigente, sob pena de uma multa diária.

“A lei diz que terceiros só podem fazer ações complementares, e o atendimento de saúde básica é próprio de atividade fim. O TCU [Tribunal de Contas da União] já recomendou à Funasa assumir diretamente o serviço”, afirmou à Agência Brasil a pocuradora da República Ana Cristina Bandeira Lins, que assina a ação . "A liminar deve sair dando 30 dias para a Funasa resolver o problema", acrescentou.

Até agosto de 2006, o Ministério da Saúde mantinha os distritos Litoral Sul e Interior Sul, responsáveis pelo atendimento de comunidades nos estados de São Paulo, do Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Reorganizados naquele ano, eles passaram a se dividir nos distritos Sul-Sudeste e Paraná, o que caracterizaria, segundo o MPF , uma separação desproporcional. Enquanto o Paraná abriga aproximadamente 12,3 mil indígenas, há 31 mil deles nos outros estados que compõem a regional sanitária.

“Ficou um distrito no Paraná e outro para o resto. Rio de Janeiro e São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul isolados pelo Paraná. Um índio, em São Paulo, próximo à fronteira com o Paraná, agora tem que recorrer a um hospital mais longe. Se fosse um território contínuo [para cada distrito] seria mais fácil”, argumentou a procuradora.


O MPF ainda sustenta que o Ministério da Saúde criou os novos distritos por meio de portaria em desacordo com a legislação, porque sua edição não foi precedida de consulta adequada aos povos indígenas afetados e aos conselhos distritais.

“Os conselhos distritais não foram consultados, só houve consultas aos índios do Paraná, o que também é questionável, pois nos foi trazida uma denúncia de que funcionários da Funasa naquele estado teriam pego uma ata assinada por indígenas para outros fins e juntado as assinaturas a outra ata que produziram”, criticou Bandeira Lins.

Procurada pela reportagem, a direção da Fundação Nacional de Saúde informou, por meio da assessoria de imprensa, preferir não se manifestar sobre as imputações do MPF.

As comunidades afetadas diretamente pela mudança são compostas por índios Guarani Mbya, Kaingang e Guarani. O distrito exclusivo para o Paraná foi criado em agosto de 2006 e, em dezembro do mesmo ano, a Funasa repassou mais de R$ 3,7 milhões à associação não-governamental conveniada.

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Escolas indígenas recebem livros produzidos pelos próprios índios

14 de Junho de 2008 - Da Agência Brasil - Brasília - Aldeias do Norte e Nordeste do país já estão recebendo os primeiros exemplares de livros produzidos por professores índios. O Ministério da Educação (MEC) está fazendo a distribuição de uma série de 42 obras nas escolas indígenas de ensino fundamental e médio de todo o Brasil.

As primeiras 17 produções já estão sendo levadas às escolas desde a semana passada e a previsão é de terminar a distribuição até o final de julho. O restante dos exemplares está em fase de produção e a entrega será no segundo semestre.

Segundo a coordenadora da Comissão Nacional de Apoio à Produção de Material Didático Indígena (Capema), Márcia Blanck, os livros são elaborados nos cursos de formação de professores indígenas, pelos próprios educadores, que vão usar os livros posteriormente em sala de aula. Os professores indígenas participam de cursos de magistério intercultural, em que aprendem além das disciplinas do magistério, as culturas dos próprios indígenas, antropologia e lingüística.

"Os livros tratam dos mais diversos temas, temas como línguas indígenas, Meio Ambiente, história, geografia, economia, os ritos, as lendas, os mitos, a literatura indígena, matemática indígena, calendário indígena, enfim todas os temas que tem relação com a cultura dos povos indígenas assistidos", diz Blanck.

De acordo com o MEC, a primeira remessa está sendo entregue em escolas públicas dos povos Calapalo, Nahukua, Matipu, Mebengocre, Panará, Cuicuro (aldeias de Mato Grosso), Yanomâmi, Baré, Ticuna (Amazonas), Uajapi (Amapá), Trucá (Pernambuco) e Caapor (Maranhão).

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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