Panorama
 
 
 

DOENÇAS AMEAÇAM SOBREVIVÊNCIA DE RECIFES DE CORAIS NO BRASIL

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Junho de 2008

Estudo realizado no Banco dos Abrolhos prevê a extinção da principal espécie de coral construtora de recifes do Brasil em menos de 100 anos, caso a escalada de doenças não seja amenizada

Salvador, 10 de junho de 2008 — Uma análise da saúde do maior e mais rico recife do Atlântico Sul - o Banco dos Abrolhos, no extremo sul da Bahia, aponta para um declínio massivo na cobertura de corais nos próximos 50 anos. E este quadro pode agravar-se com a recente presença de doenças que afetam as espécies construtoras desse ecossistema. O estudo, baseado no monitoramento da principal espécie brasileira de coral (que só ocorre no país), a Mussismilia braziliensis, prevê sua extinção em menos de um século caso medidas de controle não sejam adotadas. A descoberta foi apresentada no artigo “Diseases leading to accelerated decline of reef corals in the largest South Atlantic reef complex (Abrolhos Bank, eastern Brazil)”, publicado recentemente na revista Marine Pollution Bulletin. A pesquisa é pioneira na observação de doenças em corais no Brasil e foi realizada por cientistas das Universidades Federais da Bahia (UFBA) e Rio de Janeiro (UFRJ), Conservação Internacional e Universidade de Boston, liderados pelo biólogo Ronaldo Francini-Filho, da UFBA.

O estudo reúne dados obtidos sobre a dinâmica dos recifes coralíneos de Abrolhos nos últimos 28 anos e utiliza um levantamento mais detalhado da saúde dos corais feito nos últimos três anos, a partir da análise de imagens digitais seqüenciais em colônias saudáveis e doentes. Embora estes recifes venham sendo estudados e monitorados desde 1980, somente em 2005 as primeiras colônias doentes foram detectadas. Desde então, as áreas afetadas aumentaram consideravelmente e já começam a ameaçar a integridade do ecossistema.

Causas – O artigo revela que a rápida proliferação dessas doenças pode estar ligada ao fenômeno do aquecimento global, associado à degradação da zona costeira. Segundo o professor Francini-Filho, uma das principais causas para a proliferação de doenças nos corais é a elevação acelerada da temperatura dos oceanos. “Os recifes de corais, por serem ambientes altamente sensíveis, oferecem uma importante ferramenta de avaliação dos avanços da degradação ambiental no planeta, um termômetro da saúde dos oceanos”, esclarece. Além do aquecimento global, a pesquisa aponta como co-responsáveis pela contaminação desses ambientes a urbanização e a ocupação descontrolada do litoral e das bacias hidrográficas. Para o oceanógrafo e microbiologista Fabiano Lopes Thompson, do Departamento de Genética da UFRJ, o desafio do trabalho, agora, é identificar os agentes causadores das doenças e as circunstâncias que estão favorecendo sua proliferação, tais como a qualidade da água do mar.

Pioneirismo - Apesar da reconhecida importância dos ambientes recifais - considerados ‘as florestas tropicais dos oceanos’ -, o estudo é o primeiro a tratar das doenças que afetam os corais nos recifes brasileiros, dentre os quais há diversas espécies endêmicas, não encontradas em nenhum outro lugar do planeta. “Embora o fenômeno do branqueamento de corais já tenha sido relatado no Brasil, não existiam até então pesquisas que tratassem das doenças que vêm acometendo esses ambientes, geralmente associadas ao branqueamento”, explica Thompson.

Resultados e perspectivas - Foram detectadas pelo menos seis tipos de doenças (síndromes) nos corais de Abrolhos, a maioria delas já identificadas no Caribe e Indo-Pacífico nas duas décadas passadas. A pesquisa prevê a perda de cerca de 60% da cobertura de Mussismilia braziliensis nos próximos 50 anos e de quase 90% até 2100, caso seja observado um crescimento de apenas 1% na ocorrência da “praga-branca”, a enfermidade mais comum. Apesar de alarmante, o problema ainda pode ser mitigado ou mesmo eliminado. Na avaliação de Rodrigo Moura, biólogo da ONG Conservação Internacional (CI-Brasil) e um dos autores do estudo, o fato de a região extremo sul da Bahia ainda não ser densamente povoada significa que a ocupação da costa e das bacias hidrográficas pode ser planejada de forma a não degradar o ambiente marinho. “O manejo adequado das áreas de proteção e suas áreas de entorno, tais como o Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, também tem um papel fundamental nesse sentido. É premente, entretanto, a adoção de medidas de monitoramento contínuo, contenção e prevenção de enfermidades”, avalia Moura. Os autores não desconsideram a possibilidade de esses ecossistemas desenvolverem resistência a essas enfermidades.

Banco dos Abrolhos - O Banco dos Abrolhos conserva a maior biodiversidade marinha do Atlântico Sul, tendo importância estratégica para o equilíbrio ambiental do planeta. Três unidades de conservação já foram criadas na região: o Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, a Área de Proteção Ambiental Ponta da Baleia/Abrolhos e a Reserva Extrativista Marinha do Corumbau. Todas apresentam deficiências financeiras e de pessoal que prejudicam seu processo de implementação. Uma terceira unidade, a Reserva Extrativista do Cassurubá, está em processo de criação nos manguezais dos municípios de Caravelas e Nova Viçosa.

Ciência para conservação e sustentabilidade - Pela sua relevância biológica, o Banco dos Abrolhos é área focal de iniciativas de ciência e pesquisa que visam produzir informações cruciais para embasar a proposição de políticas públicas voltadas à conservação e uso sustentável dos recursos da região. O estudo-tema do artigo é fruto das atividades do programa ‘Marine Management Areas Science’ (MMAS), da Conservação Internacional, e do projeto ‘Produtividade, Sustentabilidade e Utilização do Ecossistema do Banco dos Abrolhos (PRO-Abrolhos)’, do Instituto do Milênio do CNPq, coordenado pela USP. O Programa MMAS investe em pesquisas científicas sobre o manejo e a efetividade de áreas marinhas protegidas e o PRO-Abrolhos visa estudar o funcionamento e a estrutura dos ecossistemas do Banco dos Abrolhos. Ambas iniciativas contam com o apoio de dezenas de instituições parceiras, entre ONGS, universidades, centros de pesquisas e empresas.

Banco dos Abrolhos - o Banco dos Abrolhos é um alargamento da plataforma continental que começa próximo à foz do rio Doce, no Espírito Santo, e segue até a foz do Rio Jequitinhonha na Bahia. Com cerca de 46.000 km2, compreende um mosaico de ambientes marinhos e costeiros margeados por remanescentes da Mata Atlântica, abrangendo recifes de coral, bancos de algas, manguezais, praias e restingas. A região concentra a maior biodiversidade marinha conhecida no Atlântico Sul, abrigando várias espécies endêmicas, como o coral-cérebro, e espécies ameaçadas de extinção. Berçário das baleias-jubarte, a região dos Abrolhos foi declarada, em 2002, área de Extrema Importância Biológica pelo Ministério do Meio Ambiente.

Ano Internacional dos Recifes de Coral - o ano 2008 foi considerado o Ano Internacional dos Recifes de Coral. A promoção é da entidade Iniciativa Internacional para os Recifes de Coral (ICRI) que utiliza o evento como estratégia para aumentar o conhecimento e a conscientização sobre a importância, bem como chamar a atenção para o aumento das ameaças e perdas de recifes de coral e ecossistemas associados, tais como manguezais e banco de algas. Além do esforço global para aumentar a consciência e o conhecimento sobre o assunto, a iniciativa é também uma forma de apoiar trabalhos de conservação, pesquisa e manejo.

+ Mais

Diálogo para a Mata Atlântica vai a campo

Encontro entre empresários e ambientalistas marca o início da realização de ações concretas de proteção e restauração florestal no bioma

Rio de Janeiro, 16 de junho de 2008 — Representantes de 12 empresas de base florestal e de 15 organizações ambientalistas estiveram reunidos entre os dias 11 e 13, em Brasília, para o “V Encontro Nacional do Diálogo Florestal para a Mata Atlântica”. O evento marcou o início da segunda fase do Diálogo, estabelecido em 2005 face à importância dos remanescentes florestais localizados nas propriedades das empresas, principalmente nas do setor de papel e celulose.

Nas próximas semanas serão inaugurados fóruns regionais que levarão a campo, em sete áreas prioritárias, as diretrizes nacionais para realização de ações concretas para proteção de remanescentes florestais e restauração do bioma. O setor de base florestal é detentor de mais de 1 milhão de hectares de terras onde não são feitos plantios homogêneos de espécies exóticas como pinus e eucalipto. Além desse território, a iniciativa também tem potencial para influenciar milhares de proprietários de terra, fornecedores de mais de 20% da matéria-prima utilizada pelo setor.

Entre as diretrizes apontadas durante o encontro estão o fortalecimento e a valorização das equipes de meio ambiente das empresas, a proteção física das áreas de remanescentes e o compartilhamento de dados ambientais para formação de um protocolo comum de monitoramento da conservação da biodiversidade. O grupo também se comprometeu a buscar mecanismos capazes de incentivar os proprietários rurais dispostos a adequar ambientalmente suas terras, além de promover capacitação para os vários atores envolvidos no processo de valoração de serviços ambientais, incluindo as populações de entorno.

As instituições estão todas animadas e acreditando cada vez mais, umas no trabalho das outras”, diz Miriam Prochnow, secretária-executiva do Diálogo. Para ela, o fato de que todos se comprometeram a cuidar melhor das suas áreas para que, de fato, elas sejam conservadas, pode ser um estímulo para que outros setores que têm ativos florestais façam o mesmo, especialmente, porque não é possível criar unidades de conservação em todos os remanescentes.

Na Mata Atlântica, a gente sabe que todos os fragmentos são importantes e contribuem para a manutenção do equilíbrio ambiental e da biodiversidade”, complementa Miriam.

“Este tipo de fórum é fundamental para estabelecer marcos referenciais. Enquanto eu vou demonstrar para você a complexidade da questão econômica, você vai me mostrar a complexidade da questão socioambiental, e, assim, a gente consegue visualizar a realidade de forma ampla e concreta”, esclarece João Augusti, gerente de meio ambiente da Votorantim Papel e Celulose.

Além de trazer benefícios para a paisagem florestal do bioma, a aplicação das diretrizes do Diálogo deverá trazer impactos positivos também para o setor de silvicultura. “Quanto mais próximos os plantios florestais estão das matas nativas, maior o equilíbrio ecológico, menos ataques de pragas, maior produtividade, em uma menor área de plantio”, explica Luciano Lisbão Jr., gerente de meio ambiente e segurança florestal da Aracruz Celulose.

Para Miguel Calmon, diretor do programa Mata Atlântica da The Nature Conservancy, o espaço de diálogo está se consolidando como uma das iniciativas mais inovadoras já realizadas no bioma. “A execução de ações concretas em campo vai fortalecer o diálogo e influenciar agendas e compromissos assumidos pelo Brasil com relação à biodiversidade e às mudanças climáticas”, diz Calmon.

No encontro também foi ratificada a definição de 13 diretrizes para as empresas que fomentam a silvicultura entre proprietários rurais. A partir de agora, todas deverão incluir algumas salvaguardas socioambientais em seus contratos com fomentados, condicionando seu apoio a contrapartidas que deverão ser cumpridas pelos proprietários. As empresas também se dispõem a atuar de forma integrada, com relação ao meio ambiente, nas áreas onde possuem operações florestais geograficamente próximas umas das outras.

Outro resultado importante da reunião foi a inclusão oficial do bioma Pampa na área de atuação do Diálogo. Com isso, o fórum passa a se chamar Diálogo Florestal para a Mata Atlântica e Pampa. "A decisão é uma resposta à demanda conjunta da sociedade civil e das empresas que atuam no Rio Grande do Sul, como uma forma de buscar o equilíbrio entre a conservação ambiental e o desenvolvimento dos negócios de base florestal no extremo sul do país", explica André Guimarães, diretor executivo do Instituto BioAtlântica.

Todas as diretrizes definidas no encontro deverão ser implementadas em nível regional nas áreas de plantio no sul e extremo sul da Bahia, norte do Espírito Santo, vale do Rio Doce (MG e ES), vale do Paraíba (SP), e em regiões específicas dos estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. “Começamos a segunda fase do Diálogo com o mesmo entusiasmo e esperamos consolidar esse fórum, agora ampliado com novos participantes, para concretizar as ações de conservação da biodiversidade em áreas estratégicas da Mata Atlântica,” conclui Luiz Paulo de Souza Pinto, diretor do Programa Mata Atlântica da Conservação Internacional.

+ Mais

Protesto contra descaso do governo da Bahia em Salvador

Organizações não-governamentais da Bahia entregam ao governo do estado Manifesto pela causa ambiental em ato que simboliza a morte dos biomas baianos

Salvador, 06 de junho de 2008 — Infelizmente a Bahia não tem muito do que se orgulhar no fechamento da semana em que se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente. Por esta razão, em repúdio a uma política ambiental inconsistente, diversas organizações socioambientais se reuniram nesta manhã num ato público em frente ao prédio da Governadoria, no Centro Administrativo da Bahia, para entregar a autoridades o Manifesto “Por uma Política Socioambiental no Estado da Bahia”. O documento demonstra o descontentamento do setor com os alarmantes números de degradação e os rumos da política ambiental no estado, propondo 14 pontos prioritários para a agenda ambiental do governo.

O ato público reuniu representantes de 25 organizações não governamentais e duas redes de instituições que atuam no estado, como o Grupo Ambientalista da Bahia (Gambá), Conservação Internacional, Flora Brasil, Centro de Estudos Socioambientais-Pangea, Fundação Onda Azul, Coletivo Jovem de Meio Ambiente de Salvador, Instituto Baleia Jubarte, Movimento Cultural Artemanha, Coalizão SOS Abrolhos e Rede MangueMar.

Os ativistas seguiram para frente do prédio da Governadoria, onde realizaram um enterro simbólico, com um caixão denunciando a morte anunciada dos principais ecossistemas da Bahia e cruzes representando cada um dos biomas do estado: Cerrado, Caatinga, Mata Atlântico e Marinho. Os manifestantes também levaram uma cesta de produtos simbolizando o desenvolvimento insustentável do estado, tais como carvão, águas poluídas dos rios, camarões criados em cativeiro e folhas secas representando a degradação florestal.

Ao tentar dar prosseguimento ao ato através da leitura do Manifesto no hall de entrada da Governadoria, os manifestantes tiveram o acesso impedido pelos seguranças. Apesar disso, Érika de Almeida, coordenadora da Rede MangueMar, realizou a leitura do Manifesto e das propostas das entidades em frente ao prédio.

Em seguida, o grupo dirigiu-se à Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMARH), onde foi recebido pelo secretário de Meio Ambiente, Juliano Mattos, que ouviu atentamente a leitura do Manifesto. O Secretário reconheceu a necessidade de estreitar diálogo com os socioambientalistas baianos e demonstrou desconhecimento sobre diversos pontos expostos pelo setor, dentre eles a intenção de se instalar uma central nuclear no estado. “Eu não sabia. (...) Isso é complicado, inclusive porque contraria a constituição do Estado”, afirmou o Secretário. A diretora geral do Centro de Recursos Ambientais, Beth Wagner, chegou posteriormente e acompanhou a parte final do protesto.

Outro exemplo de descaso do governo baiano com a área ambiental, apresentado no Manifesto, é o Projeto BahiaBio, que prevê o plantio de 870 mil hectares de cana e 868 mil hectares de oleaginosas, grande parte nas áreas de Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga. A iniciativa ignora quaisquer cuidados ou medidas preventivas quanto aos impactos socioambientais das atividades previstas.

Entre as principais exigências dos manifestantes estão a elaboração de um Plano Estadual de Meio Ambiente em parceria com a sociedade organizada e a definição emergencial de áreas prioritárias para conservação da biodiversidade e realização do Zoneamento Ecológico-Econômico, com transparência e controle social para inclusão no planejamento estratégico do Estado. O documento demanda também a revisão da Lei Estadual de Meio Ambiente e a promoção de debate público sobre grandes projetos de infra-estrutura e desenvolvimento no estado, especialmente o Porto Sul na região de Ilhéus/Itacaré e os incentivos a monoculturas (cacau, grãos, celulose e biocombustíveis).

O Secretário de Meio Ambiente se comprometeu a receber os representantes das organizações que assinam o manifesto no dia 18 de junho, para tratar dos pleitos apresentados.

Anúncio cancelado - O Dia Mundial do Meio Ambiente trouxe outro grande descontentamento para os socioambientalistas baianos e movimentos de pescadores e marisqueiras, que não comemoraram a criação da Reserva Extrativista (RESEX) de Cassurubá, como era esperado. Apesar de ter sido mencionada pelo Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, durante sua passagem pela Convenção sobre Diversidade Biológica na Alemanha no último mês de maio, como uma das unidades a serem criadas nessa data, a Reserva não foi contemplada na solenidade realizada ontem no Palácio do Planalto para a assinatura dos decretos de mais três unidades de conservação. Há mais de dois anos extrativistas e ambientalistas pleiteiam a criação da RESEX. Em dezembro do ano passado, a criação da unidade chegou a ser anunciada pelo presidente Lula, mas o seu decreto não chegou a ser publicado.

”A política ambiental do governo Wagner ainda não está integrada com a política de desenvolvimento econômico, conforme anunciado nos discursos do governador. Nesse sentido, representa um grave retrocesso, até porque segue na contramão do destaque que o meio ambiente vem ganhando como área estratégica em todo o mundo”, declarou Renato Cunha, coordenador do Grupo Ambientalista da Bahia – Gambá.

Segundo Guilherme Dutra, diretor do Programa Marinho da Conservação Internacional, “apesar de a Bahia abrigar ecossistemas considerados de essencial importância para a preservação da vida no planeta, como o Banco dos Abrolhos que conserva a maior biodiversidade marinha do Atlântico Sul, e os maiores remanescentes de Mata Atlântica do Nordeste do Brasil, a equipe de meio ambiente do governo da Bahia está entre as mais reduzidas do país. Isso sinaliza o descaso com que a questão vem sendo tratada nas políticas públicas estaduais”

- Leia o Manifesto na Íntegra, com as Propostas das Organizações Sociambientalistas através do link:
http://downloads.conservation.org.br/iborges/manifesto_jun08.zip
Anaéli Bastos

+ Mais

Edital de incentivo às RPPNs no Pantanal tem prazo prorrogado

Data de entrega de propostas para a conservação da biodiversidade em propriedades particulares privadas foi prorrogada até o final do mês; R$ 150 mil serão destinados ao programa

Campo Grande, 16 de junho de 2008 — Proprietários de 21 municípios de Mato Grosso do Sul têm mais 14 dias para enviar suas propostas para a criação de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) em suas terras ou para atividades de planejamento de reservas já existentes. O Programa de Incentivo às Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) do Pantanal, coordenado pela Conservação Internacional (CI-Brasil) e pela Associação de Proprietários de RPPNs de Mato Grosso do Sul (REPAMS), destinará, ao todo, R$ 150 mil aos projetos selecionados. Só podem ser submetidas, até 30 de junho, propostas de áreas localizadas nos Corredores de Biodiversidade Maracaju-Negro e Miranda-Bodoquena.

O presidente da REPAMS, Laércio Machado de Sousa, explica que os projetos selecionados terão apoio técnico e financeiro para aumentar a qualidade ambiental e a sustentabilidade de suas áreas. “O programa é uma importante estratégia para a proteção de áreas de alta relevância ecológica e a manutenção de espécies da fauna e da flora pantaneira”, diz Sousa, que além de presidir a REPAMS, é proprietário das RPPNs Neivo Pires I e Neivo Pires II, ambas localizadas no município de Miranda (MS).

O auxílio concedido pelo programa, já em sua 3ª edição, representa uma garantia de conservação e de sustentabilidade das RPPNs, afirma a professora Maria do Carmo Andrade Santos, proprietária da RPPN Estância Ambiental Quinta do Sol, localizada em Corguinho (MS). A área foi uma das contempladas pelo segundo edital do Programa de Incentivo às RPPNs do Pantanal, em 2006, na etapa de criação de RPPN. Segundo a proprietária, a reserva foi criada com o propósito principal de promover ações de educação ambiental e pesquisa científica. Maria do Carmo afirma que irá submeter uma nova proposta para o edital com o intuito de obter apoio para a manutenção de sua RPPN. “O apoio do programa garantirá a continuidade de nosso grande sonho que é implementar projetos de educação ambiental e de iniciação científica em parceria com a comunidade e com instituições de pesquisa e de ensino”, diz.

Sandro Menezes, gerente do programa Cerrado-Pantanal da CI-Brasil, acrescenta que o Programa de Incentivo às RPPNs do Pantanal está atingindo seu objetivo com o estabelecimento de um conjunto de reservas privadas. Segundo ele, as RPPNs têm papel fundamental na consolidação dos corredores de biodiversidade, complementando a rede pública de unidades de conservação existentes. Em três anos de trabalho, o programa contribuiu para a proteção de mais de 49 mil hectares. Nesse período, foram criadas dez RPPNs, que protegem cerca de 3,5 mil hectares, e foram apoiados outros 15 projetos de gestão de reservas já existentes. Menezes afirma ainda que não é apenas a biodiversidade que ganha com as RPPNs, mas o proprietário também: “Há um movimento global pela proteção do ambiente e sua relação com as mudanças climáticas. Desse ponto de vista, a criação de uma reserva privada pode agregar valor à propriedade”, completa.

Segundo dados da Confederação Nacional de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (CNRPPN), as RPPNs somam cerca de seiscentos mil hectares, distribuídos em 746 reservas espalhadas pelo país. No Mato Grosso do Sul, as 35 RPPNs existentes protegem aproximadamente 114 mil hectares. Além de conservar áreas privadas, as RPPNs ajudam a proteger o entorno das unidades de conservação públicas, formando corredores de vegetação e servindo de abrigo e de pontos de passagem para animais selvagens. Além de contribuir para a conservação da natureza, os proprietários rurais que criam RPPNs são isentos do pagamento do Imposto Territorial Rural (ITR) da área criada e têm prioridade na análise de concessão de créditos agrícolas por bancos oficiais. As reservas permitem ainda que haja um maior repasse do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para os municípios onde elas estão localizadas.

Como funciona – O programa oferecerá apoio de até R$ 25 mil para projetos de implementação de RPPNs. As propostas contarão com o apoio e a supervisão da REPAMS, que custeará diretamente os serviços necessários para o desenvolvimento de propostas de criação de RPPNs ou de produção de planos de manejo. Empresas especializadas serão contratadas para apoiar o proprietário em todas as etapas dos projetos agraciados pelo programa. O edital beneficia os municípios de Corguinho, Rio Negro, São Gabriel do Oeste, Rio Verde, Terenos, Rochedo, Aquidauana, Corumbá, Dois Irmãos do Buriti, Miranda, Bodoquena, Bonito, Jardim, Guia Lopes da Laguna, Anastácio, Nioaque, Maracaju, Ponta Porã, Caracol e Porto Murtinho.

Para saber se a sua área será contemplada pelo edital, o proprietário deve procurar a REPAMS com mapa da propriedade para que a equipe técnica faça a avaliação.

Critérios de avaliação - A análise das propostas será realizada por uma comissão técnica formada por especialistas de diferentes instituições e de organizações não-governamentais que têm atuação efetiva na conservação da biodiversidade em terras privadas. Durante a avaliação, os especialistas levarão em consideração a importância e a efetividade da área na conservação da biodiversidade, a proximidade com outras unidades de conservação e o tamanho da área a ser protegida. Serão avaliados também o grau de ameaça à área, o tamanho e a relevância da área no contexto regional como, por exemplo, sua beleza cênico-paisagística. Já nas propostas encaminhadas para planejamento e implementação de reservas existentes serão avaliados projetos de aprimoramento das atividades planejadas ou em fase de implementação na RPPN. Contarão favoravelmente ainda a relação entre os objetivos do projeto e o desenvolvimento de estratégias de manejo para a RPPN e o impacto do projeto para a melhoria do manejo e da conservação da reserva ou da região. Nos casos de reservas contempladas nos editais anteriores, seu grau de desempenho, bem como o cumprimento das ações estabelecidas nos contratos com a REPAMS e a gestão atual da reserva serão avaliados.

Elegibilidade - Podem solicitar apoio ao programa os proprietários de RPPNs (pessoa física ou jurídica) que tenham as devidas certificações do IBAMA ou da SEMAC/MS. Também podem participar proprietários interessados em criar reservas que tenham toda a documentação da área em dia, com reserva legal averbada na matrícula do documento. O novo edital está disponível na página da CI-Brasil: http://www.conservacao.org/arquivos/3_Edital_RPPNs_Pantanal.pdf.
Para mais informações, entre em contato pelo e-mail: secretaria@repams.org.br e biologia@repams.org.br

O que é uma RPPN?
Reserva Particular do Patrimônio Natural ou RPPN é uma categoria de área protegida prevista na legislação federal e também na legislação ambiental de Mato Grosso do Sul. Criada em perpetuidade e sem restrição quanto ao tamanho, a RPPN pode abrigar atividades de pesquisa científica, de turismo ou de educação ambiental. Para compor a área de uma RPPN podem ser consideradas as reservas legais (no todo ou em parte), áreas de preservação permanente ou pequenos trechos de áreas degradadas que serão objeto de manejo para recuperação ambiental.

O que é um Corredor de Biodiversidade?
O Corredor de Biodiversidade é uma unidade de planejamento regional voltada para assegurar a conservação da fauna e da flora nativas em paisagens sustentáveis. Um corredor é formado por uma rede de parques, de reservas privadas e de outras áreas de uso menos intensivo onde um planejamento integrado das ações de conservação pode garantir a sobrevivência das espécies selvagens e a manutenção dos processos ecológicos.

Associação de Proprietários de RPPNs do Mato Grosso do Sul - REPAMS
A REPAMS é uma sociedade civil, sem fins lucrativos, com sede no estado de Mato Grosso do Sul desde 2003. Congrega proprietários de RPPNs – Reservas Particulares do Patrimônio Natural, sendo seu principal objetivo preservar o meio ambiente em áreas particulares, contribuindo desta forma para o aumento, em área e qualidade, das unidades de conservação. A REPAMS promove a divulgação das Reservas Privadas, e de seus objetivos de conservação, e atua em parceria com o poder público e ONGs no apoio a gestão de reservas existentes e na criação de novas RPPNs. Para mais informações sobre a REPAMS visite o nosso escritório à Rua Michel Scaff, 105, Sala 11, Condomínio Alta Vista, Bairro Chácara Cachoeira - CEP 79.040-860 - Campo Grande/MS, ou pelo site www.repams.org.br

Conservação Internacional - CI-Brasil
A Conservação Internacional (CI) é uma organização privada, sem fins lucrativos, de caráter técnico-científico dedicada à conservação e uso sustentado da biodiversidade. A CI desenvolve estratégias multidisciplinares, com embasamentos científicos, que promovam a conservação de biodiversidade e o desenvolvimento de alternativas econômicas sustentáveis, compatíveis com a proteção dos ecossistemas naturais. Desde 11000 o Programa do Brasil se transformou em uma entidade nacional autônoma, com a denominação de CI-Brasil. Em todos os seus projetos, a CI-Brasil busca atingir três resultados concretos: evitar a extinção de espécies; criar e apoiar a implementação de unidades de conservação; integrar os vários usos dos recursos naturais em Corredores de Biodiversidade. Para mais informações, acesse www.conservacao.org.

 
 

Fonte: Conservação Internacional Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

Universo Ambiental  
 
 
 
 
     
SEJA UM PATROCINADOR
CORPORATIVO
A Agência Ambiental Pick-upau busca parcerias corporativas para ampliar sua rede de atuação e intensificar suas propostas de desenvolvimento sustentável e atividades que promovam a conservação e a preservação dos recursos naturais do planeta.

 
 
 
 
Doe Agora
Destaques
Biblioteca
     
Doar para a Agência Ambiental Pick-upau é uma forma de somar esforços para viabilizar esses projetos de conservação da natureza. A Agência Ambiental Pick-upau é uma organização sem fins lucrativos, que depende de contribuições de pessoas físicas e jurídicas.
Conheça um pouco mais sobre a história da Agência Ambiental Pick-upau por meio da cronologia de matérias e artigos.
O Projeto Outono tem como objetivo promover a educação, a manutenção e a preservação ambiental através da leitura e do conhecimento. Conheça a Biblioteca da Agência Ambiental Pick-upau e saiba como doar.
             
       
 
 
 
 
     
TORNE-SE UM VOLUNTÁRIO
DOE SEU TEMPO
Para doar algumas horas em prol da preservação da natureza, você não precisa, necessariamente, ser um especialista, basta ser solidário e desejar colaborar com a Agência Ambiental Pick-upau e suas atividades.

 
 
 
 
Compromissos
Fale Conosco
Pesquise
     
Conheça o Programa de Compliance e a Governança Institucional da Agência Ambiental Pick-upau sobre políticas de combate à corrupção, igualdade de gênero e racial, direito das mulheres e combate ao assédio no trabalho.
Entre em contato com a Agência Ambiental Pick-upau. Tire suas dúvidas e saiba como você pode apoiar nosso trabalho.
O Portal Pick-upau disponibiliza um banco de informações ambientais com mais de 35 mil páginas de conteúdo online gratuito.
             
       
 
 
 
 
 
Ajude a Organização na conservação ambiental.