17 de
Junho de 2008 - Colheita de soja em Primavera do
Leste, no Mato Grosso.
Brasília (DF), Brasil — Iniciativa é
fundamental para a proteção de longo
prazo da floresta Amazônica e do clima global.
A indústria da soja anunciou
nesta terça-feira que vai estender em um
ano a moratória que proíbe a compra
do grão vindo de novos desmatamentos na Amazônia.
O anúncio foi feito em uma coletiva de imprensa
em Brasília, que contou com a participação
do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, e representantes
do Grupo de Trabalho da Soja (GTS).
"A decisão de hoje
é muito importante porque é a confirmação
dada por um setor líder do agronegócio
brasileiro de que é possível garantir
a produção de alimentos sem que seja
necessário derrubar mais um hectare de florestas
na Amazônia", comemorou Paulo Adario,
diretor da campanha da Amazônia, do Greenpeace.
O presidente da Abiove, Carlo
Lovatelli confirmou para o Greenpeace que, depois
de um telefonema do novo ministro do Meio Ambiente,
Carlos Minc, o setor concordou em estender a moratória
na Amazônia por mais um ano. Por sua vez,
o governo federal se comprometeu em acelerar o processo
de registro e mapeamento das propriedades rurais
na Amazônia e em realizar o zoneamento ecológico-econômico
nas áreas prioritárias para a produção
de soja.
"A moratória é
uma iniciativa bem sucedida da sociedade civil.
O governo está entrando agora e se compromete
em realizar o cadastro e licenciamento ambiental
das propriedades rurais no bioma Amazônia",
afirmou o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc,
durante o evento. Ele ainda acrescentou que, seguindo
o exemplo da moratória da soja, o governo
está negociando uma moratória para
madeira e gado.
O Grupo de Trabalho da Soja, formado
por representantes da indústria e de ONGs
para assegurar a implementação da
moratória, vai continuar trabalhando para
desenvolver as ferramentas necessárias para
garantir um regime de governança efetivo
para a indústria da soja na Amazônia.
O envolvimento direto do governo brasileiro será
fundamental para agilizar o processo de registro
e mapeamento das propriedades rurais na Amazônia,
de acordo com o Código Florestal brasileiro.
O Greenpeace acredita que um ano é pouco
para cumprir tal tarefa, mas que o monitoramento
da próxima safra será fundamental
para começar a retirar do mercado os produtores
que insistem em desmatar a floresta.
A Aliança de Empresas Consumidoras
Européias, liderada pelo Mcdonald’s e o Carrefour,
soltou um comunicado apoiando a iniciativa e se
comprometendo a continuar engajada no processo.
No Brasil, a Sadia, o Wal Mart e a Yoki também
apoiaram o comunicado.
“A necessidade urgente de combater
o aquecimento global e impedir a perda alarmante
de biodiversidade requer que as indústrias
de alimentos e do agronegócio se responsabilizem
e se envolvam na busca de soluções.
O papel das empresas consumidoras tem sido crucial
neste processo. Esperamos que os bons passos dados
até agora se traduzam em resultados positivos
de longo prazo. Afinal, é o futuro da Amazônia
e do planeta que está em jogo", completou
Adario.
O desmatamento das florestas tropicais
é responsável por aproximadamente
20 por cento das emissões de gases do efeito
estufa na atmosfera – mais do que as emissões
de todos os aviões, trens e carros do mundo
inteiro. O Brasil é o quarto maior emissor
mundial de gases estufa.
+ Mais
Aliança das Empresas Consumidoras
da Europa apóia a extensão da Moratória
da Soja na Amazônia
17 de Junho de 2008 Navio sendo
carregado com soja para exportação.
ruxelas (Bélgica) — Declaração
sobre a Moratória e o Grupo de Trabalho da
Soja (GTS)
No início de 2006, algumas
empresas da indústria de alimentos na Europa
foram alertadas pelo Greenpeace e diferentes ONGs
sobre os problemas relacionados à aquisição
de soja da Amazônia.
Estas companhias imediatamente
entraram em contato com seus fornecedores, outras
ONGs e empresas para resolver esta questão.
O diálogo com os principais atores levou
as empresas a apoiarem a moratória em novos
desmatamentos para o plantio de soja na Amazônia.
Após o anúncio feito
hoje pelo Grupo de Trabalho da Soja (GTS), que está
liderando a implementação da moratória,
o grupo de empresas consumidoras de soja (Carrefour,
McDonald´s Europe, Marks and Spencer, ASDA,
Nutreco, Ritter Sport) reconhece e apóia
a decisão de estender a iniciativa por mais
um ano a fim de completar o desenvolvimento e a
implementação das ferramentas necessárias
para se operar no bioma Amazônia sem causar
mais desmatamentos.
Em particular, nós elogiamos
o progresso positivo do Grupo de Trabalho da Soja
nos últimos dois anos e reconhecemos que
muito já foi alcançado. No entanto,
nós concordamos que o processo precisa continuar.
Nós saudamos o apoio do
governo brasileiro, já que a governança,
o estabelecimento do zoneamento ecológico
econômico, a regularização fundiária
e o licenciamento ambiental são fatores cruciais
neste processo. Nós apreciamos os esforços
do Brasil para ser um parceiro confiável
no abastecimento do mercado europeu. Reconhecemos
também a importância do comprometimento
dos fazendeiros para o sucesso deste esforço.
Nós renovamos nosso compromisso
em continuar ativamente engajados. Deste lado, as
empresas continuarão reconhecendo e apoiando
o trabalho sendo feito em sua cadeia de abastecimento.
Nós encorajamos que o ritmo
do progresso seja mantido e apoiamos a extensão
da moratória por mais um ano para ajudar
a manter o dinamismo e a urgência do presente
momento. Nós acreditamos que os elementos
necessários ainda pendentes, identificados
pelos representantes do GTS, serão tratados
com sucesso durante este próximo período.
No entanto, esperamos que a moratória continue
em vigor até que todos os compromissos tenham
sido alcançados.
+ Mais
Brasil transgênico: ministros
liberam venda de milho da Syngenta
19 de Junho de 2008 Com a aprovação
do milho da Syngenta, o Brasil agora tem três
variedades transgênicas autorizadas para plantio
e comercialização - as outras duas
são da Monsanto e da Bayer.
Brasília (DF), Brasil — Variedade foi autorizada
mesmo sem atender aos questionamentos da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O que estava ruim ficou ainda
pior. Depois de autorizar em fevereiro duas variedades
de milho transgênico - uma da Bayer e outra
da Monsanto -, o Conselho Nacional de Biossegurança
(CNBS) aprovou mais um nesta quarta-feira, desta
vez da Syngenta. Oito ministros do Conselho votaram
a favor da comercialização do produto
- inclusive José Gomes Temporão, da
Saúde, contrariando parecer técnico
de um órgão de sua pasta, a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A Anvisa e o Ibama entraram com
recursos contra a liberação comercial
pela CTNBio dos milhos da Bayer e da Monsanto porque
as empresas não apresentaram estudos que
comprovassem a segurança dos produtos para
o meio ambiente e para a saúde humana.
Em fevereiro, Temporão
votara contra a liberação dos milhos
da Bayer e da Monsanto (este último é
proibido na Europa) e disse que eles só teriam
o registro necessário para a comercialização
no país se comprovassem sua segurança
- o que nenhuma das empresas fez até agora.
Mas quatro meses depois, mudou de opinião,
numa clara evidência de que seu voto a favor
do milho transgênico da Syngenta foi político,
não técnico.
Veja aqui a lista de documentos
que enviamos aos ministros do CNBS e aos cientistas
da CTNBio com questionamentos sobre a segurança
dos milhos transgênicos à saúde
humana e ao meio ambiente. Infelizmente, os documentos
foram ignorados.
A aprovação do milho
da Syngenta contou com 8 votos favoráveis
no CNBS e três contrários - Meio Ambiente,
Desenvolvimento Agrário e Aqüicultura
e Pesca.
Segundo a advogada Maria Rita
Reis, da Terra de Direitos, a votação
poderá questionada judicialmente. Ela criticou
a mudança de opinião do ministro Temporão.
"É óbvio que
o voto dele teve razões políticas.
Não há razão para um ministro,
alguém ligado à saúde, ser
radicalmente contrário à liberação
e, quatro meses depois, mudar de opinião",
afirmou em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.
MAIS 12 PEDIDOS
A Comissão Técnica
Nacional de Biossegurança (CTNBio) está
reunida nesta quinta-feira em Brasília para
analisar 12 pedidos para a liberação
comercial de variedades transgênicas de milho,
algodão, arroz e soja, várias delas
modificadas para se tornarem 'inseticidas'.