Panorama
 
 
 

ASSOCIAÇÃO DENUNCIA EMPRESAS DE AMIANTO POR PRÁTICA ANTI-SINDICAL

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Julho de 2008

29 de Junho de 2008 - Marco Antônio Soalheiro - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A polêmica sobre a exploração do amianto no Brasil e os reflexos negativos na saúde de quem mantém contato com o mineral ganhou novo capítulo. A Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto (Abrea) protocolou queixa-denúncia na Organização Internacional do Trabalho (OIT) a respeito de suposta prática anti-sindical exercida por empresas e indústrias de amianto em prejuízo dos trabalhadores.

Segundo relato da Abrea, os empresários utilizam o Instituto Brasileiro de Crisotila (Crisotila Brasil) - uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) - na cooptação de sindicatos, representados pela Comissão Nacional dos Trabalhadores do Amianto (CNTA), para a defesa do uso do amianto a partir do recebimento de recursos financeiros. Em 2007, o instituto teria recebido e aplicado, conforme a denunciante, R$ 3 milhões em ações de defesa do uso do mineral “comprovadamente cancerígeno”.

“A entidade que deveria representar trabalhadores se nutre financeiramente de contribuições repassadas por outra entidade mantida pela indústria do amianto. Há uma gravíssima violação à autonomia sindical, prevista na Convenção nº 98 da OIT. A norma proíbe qualquer forma direta ou indireta de ingerência dos empregadores na gestão, na administração e nos encaminhamentos políticos das entidades que representam os trabalhadores”, afirmou em entrevista à Agência Brasil o advogado da Abrea Mauro de Azevedo Menezes.

Menezes afirma que a CNTA se apresenta como representante dos trabalhadores, mas “não goza de legitimidade”. A Abrea é uma associação aberta para trabalhadores de amianto e outras vítimas de contaminação. “Os trabalhadores costumam se organizar na medida em que padecem de doenças seríssimas que o amianto provoca. O amianto é uma ameça ao meio ambiente como um todo”, criticou.

A prática anti-sindical denunciada teria surgido em 2005 e desde então, descreve Menezes, ocorreram atos sindicais contrários aos trabalhadores : “Há um projeto de lei que tramitava na Câmara e propunha a redução da jornada de trabalho dos trabalhadores de amianto de 44 para 30 horas semanais. A CNTA se pronunciou em sentido contrário, de que poderia causar problema de concorrência. Não há nada mais denunciador do que um sindicato que é contra a redução da jornada de trabalho dos seus representados”.

A direção da CNTA admite que dirigentes sindicais têm salários pagos pelas empresas de origem – como ocorre também em outros segmentos e definido em acordo coletivo. O vice-presidente da entidade, Adílson Santana, acredita haver interesses econômicos por trás da denúncia e diz que a CNTA celebrou acordos favoráveis aos trabalhadores, que garantiram mais segurança no trabalho com amianto e benefícios em educação. Ressalta ainda que nenhum sindicato recebeu individualmente recursos do Crisotila Brasil e que a Abrea não pode falar pelos trabalhadores, pois representaria, “no máximo ,ex-funcionários”.

Sobre o a redução da jornada de trabalho, Santana justificou que não existe mais risco para os trabalhadores e que a questão deve ser regulamentada “no universo geral de todas as categorias”.

O Crisotila Brasil ressalta que os recursos repassados à CNTA são aplicados exclusivamente em programas de formação e capacitação de trabalhadores.

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Ex-funcionários reclamam de descaso de mineradora em município goiano

29 de Junho de 2008 - Roberto Maltchik - Repórter da TV Brasil - Minaçu (GO) - A operação da Mineradora Sama, empresa do grupo Eternit instalada no município de Minaçu (GO), não pára de segunda a sábado e só é suspensa por 12 horas aos domingos para manutenção dos equipamentos. São 50 mil toneladas de rochas movimentadas por dia para a extração de 910 toneladas de amianto. No entanto, o cuidado com a saúde, hoje motivo de orgulho da empresa, contrasta com um passado da mina chamado de Cana Brava.

Manuel Rodrigues foi aposentado por invalidez pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em 2007, aos 54 anos. Ele faz parte de um grupo de ex-funcionários que assinaram um acordo com a mineradora para monitorar possíveis doenças provocadas pelo contato com o amianto. Tem direito a exames periódicos, feitos por médicos da própria empresa, que em 2004 identificaram placas nos pulmões. O problema é que os médicos da Sama não reconhecem a asbestose, diagnosticada em um exame particular feito em 2005.

“A Sama não paga nada, só a aposentadoria mesmo. Através desse laudo que fiz, eles falam que eu tenho direito, mas até hoje não resolveram nada”, lamenta Manuel.

O médico da mineradora, Eduardo Andrade, contesta o exame de Manuel. Ele afirma que desde 1980 não há casos de asbestose em Minaçu e defende o acordo feito com os ex-funcionários. “Não há como ter asbestose porque não há mais poeira. Não há contato [com o amianto]. Não há nenhum caso de pessoa que começou a trabalhar depois de 1980 que desenvolveu alguma doença relacionada ao amianto.”

No mesmo acordo, os ex-funcionários abriram mão de indenizações e do tratamento médico se o amianto for banido no Brasil, o que é defendido por setores do governo e do Congresso.

Seu José Onofre, 74 anos, mal sabe escrever o nome, mas lamenta ter assinado o acordo. “Sou bobo mesmo. Não sei nada. Eu acho que tenho direito à indenização”, avalia.

A partir de 2001, essa cláusula foi retirada dos acordos firmados entre a mineradora e os ex-funcionário. O coordenador de Doenças do Trabalho do Ministério da Saúde, Marco Antônio Perez, critica a fórmula da Sama para apoiar os ex-funcionários. Ele, inclusive, recomenda que os ex-trabalhadores contestem na Justiça o acordo formalizado com a empresa.
Já a Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho (Anamatra) defende o banimento do amianto. O presidente da Anamatra, Cláudio Montesso, avalia que nenhuma tecnologia é capaz de assegurar níveis seguros de poeira no meio ambiente.

“A forma que encontramos foi questionar a legalidade da lei (que permite o uso controlado do produto). Não há níveis seguros de utilização desse produto”, argumenta.

Os estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Pernambuco já proibiram o amianto. O último foi São Paulo, que só conseguiu banir o mineral após uma decisão inédita do Supremo Tribunal Federal, que derrubou liminar que contestava uma lei estadual tornando ilegal a comercialização do produto.

O presidente da Eternit, Élio Martins, defende o amianto. Segundo ele, o tipo de mineral extraído no Brasil, conhecido por Crisotila, torna possível a exploração sem oferecer risco à saúde. Martins, no entanto, admite que o banimento é uma tendência mundial, ainda mais com o desenvolvimento de novas fibras sintéticas que substituem o mineral.

“Não pode proibir sem indicar caminhos à população e às empresas. Na Europa, que não precisava da produção e não tinha demanda, tiveram cinco anos. Aqui, querem fazer isso [proibir o uso] em 24 horas”, protesta.

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Mineradora diz ter superado riscos da poeira de mina de amianto em Goiás

29 de Junho de 2008 - Roberto Maltchik - Repórter da TV Brasil - Minaçu (GO) - A cada nova explosão, a única mina de amianto do país constrói um pedaço da história de Minaçu. O município goiano, de 30 mil habitantes, vive da exploração de um mineral proibido em 48 países, que emprega 1.100 pessoas entre funcionários e prestadores de serviço da Mineradora Sama, empresa do grupo Eternit.


Até o início da década de 1980, a poeira de amianto - uma fibra extraída de uma rocha e utilizada na fabricação de telhas e de caixas d´água por conta da resistência ao calor e da durabilidade - acompanhava os funcionários.

“A poeira ficava por toda parte. Nós, que trabalhávamos na limpeza, deixávamos a empresa no fim do expediente com as mesas limpinhas. No outro dia, dava para escrever o nome no pó branco”, recorda José Onofre, que trabalhou na mineradora nas décadas de 60 e 70.

A poeira é mortal. Ela se acumula nos pulmões e causa uma doença chamada asbestose, que reduz gradualmente a capacidade respiratória do paciente. A inalação de amianto também pode provocar o câncer de pleura, doença que matou cerca de 2.400 pessoas no Brasil nos últimos dez anos.

“Ao penetrar no pulmão, ela [a poeira] destrói as células de defesa e provoca a reação de fibrose. Com o tempo, o indivíduo desenvolve insuficiência respiratória”, explica o pneumologista do Hospital Universitário de Brasília Ricardo do Melo Martins.

Hoje, Minaçu e os funcionários da mineradora não convivem mais com o pó assassino. Pesados investimentos em tecnologia foram realizados pela Sama para manter o amianto confinado no processamento. Filtros na usina também asseguram a sucção dos resíduos que poderiam chegar ao meio ambiente. Na hora do ‘desmonte’ - a separação do mineral da pedra - mangueiras e caminhões-pipa garantem umidade suficiente para manter o pó de amianto em solo.

“Nas condições de uso do amianto no Brasil para a fabricação de telhas e caixas d´água, não há nenhum risco para quem produz nem para quem consome o produto”, afirma o gerente de Desenvolvimento Tecnológico da Sama, Normando Queiroga.

A direção da empresa estima que poderá continuar explorando amianto em Minaçu por mais 40 anos. A produção anual é de 330 mil toneladas-ano e gera faturamento em torno de R$ 240 milhões. Duzentos funcionários se dividem entre a mina e a usina.

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Usiminas compra terreno com histórico de poluição ambiental

27 de Junho de 2008 - Da Agência Brasil - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro - A Usiminas arrematou, hoje (27), o terreno da Ingá Mercantil, em Itaguaí, para a construção de um porto para a exportação de minérios.

A propriedade tem uma história de poluição ambiental e a Ingá Mercantil enfrenta um processo de falência que está emperrado há mais de 11 anos. A empresa deve cerca de R$ 127 milhões de passivos trabalhistas e indenizações.

O terreno foi adquirido pela Usiminas por R$ 72 milhões, valor 40% inferior ao mínimo definido pelo representante do Ministério Público na massa falida, José Marinho Paulo Junior.
Há cerca de 4 meses, o governo estadual iniciou obras de descontaminação na região, onde foi abandonada uma grande quantidade de resíduos industriais tóxicos formados por zinco e cádmio.

Segundo o administrador judicial da massa falida da Ingá, Jarbas Barsanti, o problema emergencial de despoluição de um lago com 390 mil metros cúbicos de afluentes líquidos tóxicos já foi solucionado.

“Consegui retirar todos esses resíduos tóxicos, filtrei a água, tratei, coloquei em um ph normal sem nenhum resíduo tóxico e foi devolvido ao mar. Tudo sob controle dos órgãos ambientais a Feema [Fundação Estadual de Engenharia e Meio Ambiente] e o Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis]”, disse.

O administrador afirmou que os resíduos tóxicos serão embalados e será feita a proteção das barragens hidráulicas que separam o lago do oceano.

Estas ações estão listadas em um Pacto de Ajustamento de Conduta, que será assinado pela Usiminas e por autoridades da secretaria estadual do Meio Ambiente. A Feema e o Ibama também estão fazendo o monitoramento ambiental da região.

O processo de descontaminação está sendo realizado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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