Biodiesel
- 03/07/2008 - A primeira safra de grãos
de girassol e pinhão-manso, resultado do
projeto para a produção de biodiesel
em Resende (RJ), é entregues ao Instituto
Nacional de Tecnologia (INT/MCT) pela Secretaria
de Agricultura do município, em solenidade
a ser realizada hoje (3). O cumprimento desta etapa
faz parte do convênio de cooperação
técnica estabelecido entre o INT, a prefeitura
de Resende e o governo do Rio de Janeiro.
O INT forneceu as sementes, fertilizantes
e outros insumos. Além disso, acompanhou
o andamento do plantio e, agora, realiza, em sua
planta experimental, os testes para avaliar a qualidade
do óleo produzido. O esmagamento dos grãos
para a obtenção do óleo será
feito na Estação Expirimental da Empresa
de Pesquisa Agropecuária (Pesagro), em Campos
(RJ). A transformação em biodiesel
ocorre no Laboratório de Plantas Piloto do
INT.
Os testes, por sua vez, serão
realizados no Laboratório de Combustíveis
e Lubrificantes do INT, que avalia não só
a qualidade do biocombustível produzido,
como seu comportamento em misturas com óleo
diesel. O instituto realiza ainda essas avaliações
usando diversas metodologias para a produção
do biodiesel.
O girassol (da variedade Catissol)
foi o primeiro a ser colhido, em função
de ter um ciclo mais curto, de 115 a 120 dias, e
a produção gerou cerca de 250 kg de
grãos. O pinhão-manso, plantado numa
área reduzida, gerou 10 kg de sementes, mas
também comprovou a viabilidade do investimento.
O programa faz parte do projeto
de implantação de biodiesel em municípios
das regiões sul e metropolitana do Rio de
Janeiro. Financiado pelo MCT/INT e pela Fundação
Carlos Chagas de Amparo à Pesquisa no Estado
do Rio de Janeiro (Faperj), o projeto é coordenado
pelo tecnologista Eduardo Homem de Siqueira Cavalcanti,
da Divisão de Corrosão do INT.
Programa
O programa em Resende – ResendeBiodiesel
–, iniciou em dezembro de 2006, fazendo alguns plantios
em menor escala, verificando-se o desenvolvimento
de variedades de oleaginosas com potencial para
a região, analisando parâmetros como
adaptação às condições
climáticas e do solo.
As espécies utilizadas,
pinhão manso, girassol e mamona, foram escolhidas
dentre as mais indicadas para a região. Os
plantios atuais foram iniciados em novembro de 2007,
com pinhão manso. Em dezembro, foi a vez
da mamona e, em janeiro, o girassol.
A responsável pelo acompanhamento
do plantio pelo INT foi Patrícia Miranda
Dresch, mestre em ecologia, da Coordenação
de Desenvolvimento Tecnológico. Segundo ela,
o modelo desenvolvido pode ser replicado, com o
apoio da prefeitura, junto a pequenos agricultores
da região. O projeto já experimenta
o plantio consorciado com feijão e milho,
para mostrar que é possível produzir
o biodiesel sem se desviar da produção
de alimentos, que é prioridade para os pequenos
agricultores. Além disso, há ainda
a questão econômica, já que
o produtor tem nesse modelo um exemplo de otimização
do uso de insumos e fertilizantes, concentrados
em uma mesma área, servindo a culturas diferentes.
A prefeitura de Resende, por sua
vez, investiu em equipamentos agrícolas,
visando viabilizar um modelo de agricultura mecanizada.
Segundo o secretário de Desenvolvimento Rural
de Resende, Edino Camoleze, é uma forma de
incrementar a produtividade e mudar o programa de
escala. Ele destacou também o objetivo de
fornecer alternativas econômicas para os pequenos
produtores, que poderão agregar valor às
suas propriedades, diversificando sua produção,
hoje essencialmente leiteira. “Com as oleaginosas,
o produtor pode ter um segundo produto para oferecer
ao mercado”, diz Camoleze.
Demonstrada a viabilidade em Resende,
Eduardo Cavalcanti afirma que o INT já negocia
com outros municípios a implementação
de programas semelhantes. “Desta vez a ênfase
será para as práticas de agricultura
familiar”, revela o coordenador do projeto.
Justo D’Ávila – Assessoria de Imprensa do
INT
+ Mais
Acordos unem Brasil e Japão
nas áreas de biomassa e biotecnologia
Acordos Internacionais - 03/07/2008
- Delegações brasileiras e japonesas,
representando instâncias do governo, instituições
de pesquisa e empresas de setores públicos
e privados se reuniram, nesta quarta-feira (2),
em Brasília, para assinar acordos que permitirão
a ambos países desenvolver projetos conjuntos
de pesquisa técnica na área de biomassa
e de biotecnologia. Os acordos também permitem
investimentos mais expressivos para o aumento do
comércio bilateral – com destaque para a
exportação de etanol para os japoneses.
Na ocasião, os ministros
da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, e
do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior, Miguel Jorge, encontraram-se com o ministro
da Economia, Comércio e Indústria
do Japão, Akira Amari, que considerou a parceria
como uma demonstração de compromisso
do Brasil na busca de novas tecnologias e na consolidação
do Brasil na posição de destaque no
mercado mundial de bioetanol.
Também participaram da
reunião representantes dos ministérios
das Relações Exteriores (MRE), da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa),
do Meio Ambiente (MMA), do Instituto Nacional de
Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial (Inmetro), da Petrobras, da União
da Indústria de Cana-de-Açúcar
(Unica) e da Associação Nacional dos
Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea),
entre outras instituições e empresas
dos dois países.
Altamente dependente do petróleo,
o Japão prevê que até 2015 deve
diminuir essa dependência graças a
um projeto nacional para a produção
de bioetanol a base de celulose e, ao mesmo tempo,
do aumento da compra de bioetanol do Brasil. A reunião
de hoje concretizou, por meio da assinatura de um
acordo técnico, uma parceria entre a Rede
Bioetanol do Ministério de Ciência
e Tecnologia (MCT), representado pelo Instituto
de Química da Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ), e o Centro de Pesquisas em Biomassa
do Japão (AIST). Com o objetivo de aproveitar
a palha e o bagaço de cana, as duas instituições
desenvolvem em parceria pesquisas com enzimas que
barateiam de maneira significativa o custo de produção
de etanol.
Combustível seguro e certificado
Brasileiros e japoneses salientaram
que o etanol produzido no Brasil descarta danos
ambientais e em nada ameaça a produção
de alimentos. A qualidade do produto a partir de
programas de certificação também
mereceu destaque. O presidente do Inmetro, João
Jornada, falou sobre programas de certificação
do etanol que são desenvolvidos no Brasil,
em cooperação com instituições
internacionais.
No encontro, o ministro Rezende
lembrou que apenas 1% das terras cultiváveis
do País é usado para o plantio de
cana-de-açúcar, reforçando
que a produção de bioetanol é
totalmente compatível com a política
de segurança alimentar e ambiental. O ministro
Akira Amari acrescentou que o Japão reconhece
o caráter sustentável do etanol brasileiro
e que o seu governo vê com muito interesse
a perspectiva de importar esse produto também
por causa da estabilidade do preço com relação
ao petróleo.
Na prática, esse voto de
confiança se traduziu na assinatura de um
acordo comercial entre a empresa Copersucar e a
japonesa Japan Biofuels Supply LLP, que prevê
o fornecimento anual de 200 milhões de litros
de etanol ao Japão. O produto será
utilizado na fabricação de bio-ETBE,
mistura de etanol à gasolina.
Os acordos técnico-científicos
firmados hoje resultam de uma missão coordenada
pelo MCT que em 2006 levou ao Japão representantes
da área de biomassa e biotecnologia para
identificar parceiros potenciais para cooperação
bilateral. A missão teve representantes do
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (CNPq/MCT), da Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Rede
de Bioetanol, que engloba o trabalho de três
grupos de pesquisa da UFRJ.
Débora Pinheiro - Assessoria de Comunicação
do MCT