09 de
Julho de 2008 Usinas termelétricas a carvão,
como essa da Alemanha, são as principais
fontes de emissões de gases do efeito estufa,
contribuindo para o aquecimento global.
Toyako (Japão) e São Paulo (Brasil)
— Ao colocar Rodada de Doha em pauta na reunião
do G8, governo brasileiro perde oportunidade de
liderar discussão ambiental.
O Brasil, mais uma vez, perdeu
uma grande oportunidade de liderar a discussão
mundial sobre desenvolvimento sustentável.
Em vez de aproveitar a reunião do G8 no Japão
para pressionar os países desenvolvidos a
adotarem metas de redução de emissões
de CO2, preferiu colocar em pauta o desbloqueio
das negociações da Rodada de Doha,
de liberalização do comércio
global.
O chamado G5 (Brasil, China, Índia,
África do Sul e México) teve um encontro
nesta quarta-feira com os líderes do G8.
"Mais uma vez a agenda econômica
atropelou a ambiental. A preocupação
com a crise alimentar, que sustenta o argumento
de levar a Rodada de Doha para o G8, acabou sendo
uma desculpa para o governo brasileiro priorizar
suas ações desenvolvimentistas, sem
um planejamento estratégico de longo prazo",
afirmou Luis Piva, coordenador da campanha de Clima
do Greenpeace Brasil.
O G5, grupo formado pelo Brasil,
Índia, China, México e África
do Sul, reconheceu que o compromisso assumido pelo
G8 em reduzir suas emissões em 50% no ano
de 2050 é insuficiente e que esses países
também têm que fazer sua lição
de casa, mas a declaração é
vaga e não diz qual sua contribuição
real para combater o aquecimento global. No caso
do Brasil, a prioridade é zerar o desmatamento.
Assim como no ano passado, as
discussões do G8 sobre o futuro do planeta
terminaram com conclusões evasivas e com
um compromisso vazio, criticado inclusive pelo presidente
do IPCC, Rajendra Pachauri.
As medidas de combate às
mudanças climáticas, assunto principal
do encontro do G8, ficaram no nível do discurso.
"Foram três dias desperdiçados.
Os líderes do G8 não propuseram nada
novo em relação à crise alimentar,
deram a resposta errada à alta dos preços
do petróleo e adiaram as medidas de combate
às mudanças climáticas",
resumiu Daniel Mittler, consultor político
do Greenpeace que acompanhou as reuniões
no Japão.
A intransigência dos presidentes
dos Estados Unidos, Canadá e Japão
impediu a definição de metas de redução
da emissão dos gases de efeito estufa para
2020. Um acordo do G8 seria fundamental para o avanço
das negociações do segundo período
de compromisso do Protocolo de Kyoto que deverá
ser concluído em Copenhague (Dinamarca),
em 2009. O fato é que a falta de um compromisso
do G8 desestimula o G5 a ser mais ambicioso.
Agenda nuclear
Além de orquestrar o imbróglio
de postergar as medidas de redução
das emissões para 2050, o presidente George
Bush, juntamente com os primeiros ministros Silvio
Berlusconi (Itália) e Gordon Brown (Reino
Unido), aproveitou a reunião do G8 para fazer
lobby a favor da energia nuclear.
"A energia nuclear é
cara e perigosa porque é obtida a partir
de reatores que produzem resíduos letais.
Dizer que a energia nuclear vai contribuir no combate
às mudanças do clima é uma
afirmação absurda e perigosa",
avalia Piva.
"O Greenpeace defende uma
revolução energética baseada
em energias renováveis e eficiência
energética para combater as mudanças
climáticas e garantir a segurança
energética."
Crise Alimentar
Os líderes do G8 também
insistiram na política equivocada baseada
na agricultura industrial que levou o mundo a crise
global alimentar.
"É espantoso ver como,
mesmo em face dos astronômicos preços
das commodities essenciais, os líderes do
G8 repetem o mantra que os países devem levar
em consideração o mercado global para
a sua segurança alimentar. Essa postura,
promovida no Acordo de Doha, desvia a atenção
para a necessidade de investimentos em métodos
mais ecológicos, que proporcionem rendimentos
mais elevados, uma melhor alimentação
e mais resistência às mudanças
do clima”, avalia Mittler.
Agrocombustíveis
Apesar de reconhecerem a insustentabilidade
dos agrocombustíveis, o G8 também
não anunciou nenhum compromisso com o tema,
ignorando-o totalmente. O Greenpeace apóia
o desenvolvimento de fontes de energia alternativas
e amigáveis do ponto de vista climático,
desde que incorporem critérios rigorosos
para assegurar salvaguardas ambientais e sociais.
Há outras maneiras muito mais efetivas de
se reduzir as emissões, como o uso de fontes
renováveis.
No caso do Brasil, o Greenpeace
acredita que a indústria brasileira de agroenergia,
como a da cana, deve trabalhar sob regulamentação
rigorosa. Até agora, governos e organizações
internacionais fracassaram em incorporar os critérios
ambientais e sociais necessárias para lidar
com os impactos da produção e consumo
de agrocombustíveis. O apoio governamental
para sua produção – como subsídios,
isenção de impostos e metas obrigatórias
de porcentagem – deve estar condicionado a uma política
pública já estabelecida para garantir,
de forma transparente, que as salvaguardas serão
cumpridas.
Este escopo de trabalho também
deve garantir que a produção de agro
combustíveis não solape outras prioridades,
como a segurança alimentar, ou ameace a biodiversidade
e ecossistemas vitais para o futuro da vida na Terra.
O governo brasileiro também deve garantir
o estabelecimento de políticas públicas
que assegurem que a expansão da indústria
da cana-de-açúcar ocorra apenas em
áreas já desmatadas, além de
promover uma transição justa dos trabalhadores
envolvidos na colheita manual a fim de evitar conflitos
sociais.
+ Mais
Código Florestal sai fortalecido
de votação na Câmara dos Deputados
09 de Julho de 2008 Brasília
(DF), Brasil — Relatório sobre o Projeto
de Lei que sistematiza legislação
ambiental em vigor foi aprovado por unanimidade
nesta quarta-feira.
Por unanimidade, o Grupo de Trabalho
(GT) da Câmara dos Deputados para Consolidação
das Leis aprovou nesta quarta-feira o relatório
do deputado federal Ricardo Trípoli (PSDB-SP)
sobre o Projeto de Lei 679/07, que sistematiza a
legislação ambiental em vigor, reunindo
em único texto várias leis diferentes.
O Greenpeace avalia que a aprovação
da Consolidação das Leis Ambientais
é bastante significativa e uma forte sinalização
política da validade, por exemplo, da Medida
Provisória (MP) que altera o Código
Florestal e que define a Reserva Legal (a área
que não pode ser desmatada) de cada propriedade
privada na Amazônia em 80%. Agora, a proposta
segue para a Comissão de Constituição
e Justiça (CCJ), onde tem previsão
de ser votada em agosto, e depois segue para apreciação
no plenário da Câmara. Depois de definitivamente
aprovada, ela se consolidará como a legislação
ambiental mais atualizada em vigor.
Na avaliação de
Sérgio Leitão, coordenador de Políticas
Públicas do Greenpeace, a decisão
demonstra a legitimidade da legislação
ambiental, especialmente do Código Florestal,
para proteger os biomas brasileiros, principalmente
a Amazônia.
"Deputados de diferentes
bancadas e partidos políticos deste Grupo
de Trabalho explicitaram com esta aprovação
que não é preciso modificar a legislação
ambiental. Mais que isso, é possível
aliar o desenvolvimento econômico com a proteção
da região, diferente do que defendem os ruralistas,
que tentam forçar a aprovação
de projetos como o Floresta Zero", avalia Leitão.
O projeto de unificação
das leis de proteção ao meio ambiente,
apresentado por Trípoli em forma de substitutivo,
abrange dez grandes temas da legislação
ambiental em vigor: a proteção da
flora, a proteção à fauna,
a proteção dos recursos aquáticos
vivos, as unidades de conservação,
o bioma da Mata Atlântica, a gestão
de florestas, o controle da emissão de poluentes,
o gerenciamento costeiro e as sanções
penais e administrativas. O substitutivo tem 480
artigos, unifica 33 decretos e leis, partes de outras
sete normas e uma medida provisória.
Segundo o deputado Ricardo Trípoli,
conseguir a aprovação dentro do GT
após seis meses de trabalho foi, sem dúvida
alguma, um grande passo.
"A reunião do conteúdo
em um único texto legal e atualizado é
uma ferramenta importante para o poder público,
organizações não governamentais
e a sociedade em geral. E ter garantida a inserção
da MP que modifica o Código Florestal nesta
consolidação representa um avanço",
disse Tripoli.
+ Mais
Vazamento radioativo de usina
nuclear atinge cidade turística francesa
10 de Julho de 2008 O vazamento
de urânio na região turística
de Vaucluse revela a insegurança da usina
EPR de Triscastin. Devido ao acidente, a população
local está impedida de beber água
de dois rios que foram contaminados.
Triscastin (Avignon), França — População
local está impedida de beber água
de dois rios que foram contaminados pelo acidente,
ocorrido no último dia 7 de julho.
A Agência de Segurança
Nuclear (ASN) francesa confirmou que 30 metros cúbicos
de um líquido contendo urânio transbordaram
de uma fábrica da central nuclear de Triscastin,
próximo a Avignon, na França. A instalação
pretence a Socatri e é administrada pela
Areva. A usina fica na região de Vaucluse,
um conhecido ponto turístico francês,
e a população local está impedida
de beber a água de dois rios que foram contaminados
e de usá-la para irrigação
de plantações.
"A poluição
radioativa é inerente à indústria
nuclear. Usinas nucleares, fábricas de reprocessamento,
depósitos, todos estes locais liberam diariamente
radioatividade para o meio ambiente", disse
Yannick Rousselet, coordenador da campanha de energia
do Greenpeace da França.
O vazamento aconteceu dia 7 de
julho, às 11 horas da noite. Socatri avisou
a Agência de Segurança Nuclear (ASN)
no dia 8 de julho, às 7h30 da manhã.
Ao perceber a gravidade do acidente, operador da
usina convocou a ASN e os governantes tomaram medidas
apenas à uma hora da tarde.
"Durante todo esse tempo,
nenhuma medida de segurança foi realizada
para proteger os habitantes" comenta Rousselet.
"Lentidão, falta de
transparência e uma baixa capacidade de resposta
são inaceitáveis", completa.
"Este vazamento é
mais um exemplo dos riscos da energia nuclear. A
quantidade de lixo que vazou em um único
acidente é mais que 130 vezes o nível
que este reator sozinho tem permissão para
liberar no ano inteiro", alerta Aslihan Tumer,
coordenador da campanha de nuclear do Greenpeace
Internacional.
“Acidentes como este são
uma prova da ameaça da energia nuclear. E
mesmo assim o governo anuncia a construção
de mais 3 ou 4 usinas no Brasil sem ouvir a sociedade
e sem considerar as outras opções.
O mundo precisa de uma revolução energética
baseada na economia de energia e em fontes renováveis
que são mais limpas, seguras e baratas",
afirma Rebeca Lerer, coordenadora da campanha de
energia do Greenpeace no Brasil.
+ Mais
Manifestantes protestam em Manaus
pela liberação de ativistas no Japão
07 de Julho de 2008 ativistas
do Greenpeace protestam em frente ao consulado do
Japão em Manaus contra a prisão de
dois ativistas japoneses Junichi Sato e Toru Suzuki
que foram presos dia 20 de junho, depois de denunciarem
o contrabando de carne de baleia.
Manaus (AM), Brasil — Manifestantes
foram ao consulado japonês levar carta para
o cônsul, mas não foram recebidos.
Manifestantes do Greenpeace foram
nesta segunda-feira ao Consulado do Japão
em Manaus entregar uma carta pedindo a libertação
imediata de dois ativistas do grupo ambientalista,
presos no Japão. Os ativistas estenderam,
em Manaus, uma faixa em frente ao Consulado com
a mensagem: "Japão, liberte os nossos
ativistas". Eles, no entanto, não foram
recebidos pelo cônsul e também não
conseguiram entregar a carta com o pedido de liberação.
Junichi Sato e Toru Suzuki foram
presos após interceptarem uma carga de carne
de baleia que havia sido contrabandeada do programa
baleeiro japonês. Saiba mais aqui.
No último dia 26 de junho,
o Greenpeace realizou uma atividade semelhante no
Consulado do Japão em São Paulo. Na
oportunidade, foi entregue também uma petição
com quase 3 mil assinaturas de internautas brasileiros
pedindo a liberdade de Junichi e Toru. Mas, a exemplo
do que aconteceu em Manaus, ninguém do consulado
quis receber a carta ou a petição.
Cerca de 200 mil pessoas enviaram
cartas online ao governo japonês exigindo
a liberação dos ativistas do Greenpeace
Japão e também uma investigação
completa sobre o escândalo denunciado.