15 de
Julho de 2008 - Amanda Mota - Repórter da
Agência Brasil - Manaus - Um tipo de vegetação
típica da Amazônia e com papel fundamental
para o equilíbrio do meio ambiente da região.
É assim que a pesquisadora da área
de Solos do Projeto Piatam, Eliene Cruz, define
os aningais, espécies quase extintas nas
áreas urbanas.
Criado há oito anos, o
Piatam é um projeto de pesquisa socioambiental
para monitorar as atividades de produção
e transporte de petróleo e gás natural
oriundos de Urucu (AM). O projeto é executado
pela Universidade Federal do Amazonas e reúne
cerca de 300 pesquisadores.
"Trata-se de plantas que
formam verdadeiras ilhas às margens dos rios
e igarapés amazônicos e contribuem
para o equilíbrio desses ambientes, filtrando
as águas desses rios e oxigenando as terras
alagadiças, que, localmente, são conhecidas
como áreas de várzea", explicou
Eliene ao definir os aningais.
O tema será apresentado
a pesquisadores, estudantes e profissionais que
atuam na área ambiental durante o 12º
Congresso Brasileiro de Arborização
Urbana, que se realiza até amanhã
(16) em Manaus.
O objetivo é registrar
um alerta sobre a importância da preservação
dos aningais e, com isso, inseri-los na pauta das
preocupações das políticas
ambientais que visem ao desenvolvimento da arborização
urbana.
Na capital amazonense, onde muitas
famílias constituíram suas casas às
margens de igarapés, essa vegetação
sofreu forte impacto e sua sobrevivência ficou
ameaçada.
Segundo Eliene, os aningais precisam
de um olhar diferenciado para garantir a continuidade
da espécie. "Por conta do crescimento
populacional e da ocupação desordenada
de áreas onde essas plantas vivem, elas acabaram
sofrendo um processo de diminuição.
Apesar de serem da região e contribuírem
para o equilíbrio do meio ambiente amazônico,
ainda não há uma política de
preservação para cuidar da espécie",
lamentou.
Os aningais também servem
de "berçário" para os peixes.
"Os estudos comprovam que os aningais foram
uma das primeiras vegetações a se
instalarem no meio ambiente amazônico e por
isso têm mais facilidade de adaptação
à região e realizam uma verdadeira
série de trabalhos que colaboram para o equilíbrio
do meio ambiente. Até os filhotes de peixes
repousam nessa vegetação", explicou.
A secretária de Meio Ambiente
de Manaus, Luciana Valente, ressaltou que o congresso
é o mais importante sobre arborização
urbana do Brasil.
"Todos os anos, a Sociedade
Brasileira de Arborização Urbana escolhe
uma cidade para sediar o evento. A pesquisa sobre
os aningais é um dos 64 trabalhos científicos
em exibição no congresso e os visitantes
que tiverem interesse sobre o assunto poderão
buscar essas informações diretamente
com a pesquisadora", contou.
Luciana lembrou que a importância
de tratar do assunto em um evento nacional está
relacionada à troca de experiências
e à preservação da espécie.
"Todas as regiões do país têm
seus sistemas ecológicos próprios
e, mesmo que não haja aningais em outras
áreas do país, é importante
divulgar e trocar experiências sobre os sistemas
que são próprios de cada região.
Isso irá colaborar para a preservação
dessas espécies", disse.