Panorama
 
 
 

DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA EM MAIO EQUIVALE À CIDADE DO RIO DE JANEIRO

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Julho de 2008

15 de Julho de 2008 - Ivan Richard - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A área desmatada na Amazônia no mês de maio foi de 1.096 quilômetros quadrados, segundo dados do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A área é quase igual à da cidade do Rio de Janeiro, que tem 1.182 quilômetros quadrados, e corresponde a uma redução de 26 quilômetros quadrados em relação a abril, quando a área desmatada foi de 1.122.

Apesar de prontos desde maio, os dados só foram divulgados hoje (15), segundo o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, porque a Casa Civil decidiu aguardar os números sobre desmatamento fornecidos pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), pelo Instituto Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e pelos próprios estados.

De acordo com o Inpe, a área observada livre da cobertura de nuvens correspondeu a 54% da Amazônia Legal. Do total verificado pelo Deter em maio, 646 quilômetros quadrados correspondem ao Mato Grosso, 19% a menos do que em abril (794).

Também foram identificados 262 quilômetros quadrados desmatados no Pará, em relação ao 1,3 quilômetro no mês anterior. Em abril, os satélites só conseguiram observar 11% do territiório paraense, contra 41% em maio.

A qualificação dos dados do Deter de maio foi realizada utilizando como referência um conjunto de 18 cenas do sensor TM/Landsat, a maioria do final do mês de junho ou início de julho de 2008, localizadas em Mato Grosso, Pará, Amazonas e Rondônia.

Os alertas indicam principalmente desmatamentos por corte raso (60%), processo de remoção total da cobertura florestal em um curto intervalo de tempo. Também foram observados a degradação florestal de intensidade alta (23%). Nesse caso, observa-se a perda parcial e contínua da cobertura florestal.

Foram avaliados 241 alertas (ou polígonos de desmatamento), representando 544 quilômetros quadrados ou 49,6% da área total dos polígonos indicados pelo Deter no mês de maio. Do total avaliado, 88,3% da área dos alertas foi confirmada como desmatamento e 11,7% não apresentou indícios de desmatamento e foi contabilizada como não confirmada.

+ Mais

Minc diz que queda do desmatamento é positiva, porém insuficiente

15 de Julho de 2008 - Ana Luiza Zenker - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse hoje (15) que, apesar de pequena, a queda no desmatamento no mês de maio, em relação a abril, é um dado positivo, pois quebra a série de aumentos no desmatamento, que vinha sendo observada pelos dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) desde novembro passado. O ministro afirmou, no entanto, que os dados ainda não podem ser comemorados. “Nós estamos conscientes de que há tudo para se fazer”, disse.

Os dados, divulgados hoje pelo Inpe, mostraram uma queda de 26 quilômetros quadrados no desmatamento. Vale ressaltar que, em maio, a visibilidade da área da Amazônia Legal estava melhor, por causa da menor quantidade de nuvens. Em abril, as nuvens cobriam 53% da região e em maio, 46%. Por conta dessa menor cobertura, “era para dar um estouro [nos dados do desmatamento] em maio”, afirmou Minc.

Com essa mudança, ele afirmou que também caiu a previsão do governo para o desmatamento total para este ano. A previsão inicial era de 15 mil quilômetros quadrados e caiu para 13 mil quilômetros quadrados. Ainda assim, os números são maiores do que os registrados o ano passado, de pouco menos de 12 mil quilômetros quadrados.

“Nós não ficaremos contentes com esses dados, o desmatamento é muito maior do que deveria ser”, afirmou o ministro, garantindo que o Ministério do Meio Ambiente não vai ficar satisfeito enquanto o desmatamento na Amazônia não cair “radicalmente”.

O ministro Minc e o diretor de fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Flávio Montiel, também apresentaram dados consolidados das ações do órgão no primeiro semestre de 2008.

Nesse período, foram aplicados R$ 499,37 milhões em multas e registrados 2,5 mil autos de infração. Também foram embargados 104,2 mil hectares e apreendidos 69,73 mil metros cúbicos de madeira em toras. Também foram apreendidas 3,5 mil cabeças de gado, que serão leiloadas. Isso deveria ter acontecido ontem (14), mas os compradores que apareceram não quiseram pagar o preço mínimo. Um novo leilão está marcado para segunda-feira (21).

Para o bimestre julho/agosto, a previsão do MMA e do Ibama é intensificar as ações nas unidades de conservação, em 45 operações simultâneas. Elas devem envolver 527 agentes do Ibama e mais 645 agentes de instituições parceiras, como o Exército, a Polícia Federal, a Força Nacional de Segurança, a Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Militar.

+ Mais

Inpe vai divulgar dados de desmatamento mensal acompanhados de análise

14 de Julho de 2008 - Luana Lourenço - Enviada Especial - Campinas (SP) - O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) decidiu responder com dados às críticas e aos questionamentos sobre a credibilidade da medição mensal do desmatamento da Amazônia pelo Sistema de Detecção em Tempo Real (Deter). Depois de três semanas de atraso, o instituto divulgará amanhã (15) o total de áreas devastadas registrado no mês de maio e, desta vez, os dados do satélite serão acompanhados de informações detalhadas sobre os registros de devastação da floresta.

“O Inpe irá divulgar os números em conjunto com uma análise estática do desempenho dos dados e medir os diversos tipos de desmatamento: tanto aquilo que chamamos de corte raso, remoção total da floresta, quanto à remoção parcial, que o Inpe chama de desmatamento progressivo, porque é algo que está em andamento”, adiantou hoje (14) o diretor do instituto, Gilberto Câmara.

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou, há cerca de duas semanas, que a apresentação dos dados estava pendente a pedido da Casa Civil.

A análise vai resultar em informações cerca de 60 vezes mais detalhadas sobre alertas de desmatamento, segundo Câmara. “O Deter não muda, a metodologia não muda, o que vamos fazer é fornecer informação adicional, que é a qualificação desses dados”, acrescentou.

A mudança na forma de divulgação dos dados do Deter é uma resposta aos críticos da metodologia adotada pelo Inpe para alertas de desmatamento. “Se alguém tem duvidas sobre o dado cientifico, é obrigação da instituição cientifica responder. Não é novidade que um resultado cientifico seja contestado: Galileu foi contestado, Pasteur foi contestado, Einstein também. O cientista tem que usar essas críticas e contestações como fonte de força, de indicações para o que precisa melhorar. Essa é nossa atitude “, apontou Câmara.

Os governadores de Mato Grosso, Blairo Maggi, e de Rondônia, Ivo Cassol, já questionaram publicamente os dados do Inpe e chegaram a pedir revisão dos números de desmatamento medidos para tais estados.

O ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, afirmou que a finalidade da qualificação dos dados é justamente evitar guerra de números e o uso político das informações. “O dado técnico passou a ser utilizado para controvérsias políticas. A partir de agora serão divulgados pelo Inpe, em São José dos Campos, e não por Brasília, não por outros ministérios”, anunciou.

Rezende e o diretor do Inpe, Gilberto Câmara, participam da 60° Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O encontro foi aberto ontem (13) e até sexta-feira (18) deve reunir cerca de 15 mil pessoas, entre cientistas, pesquisadores, estudantes e visitantes.

+ Mais

Cientista quer combate ao avanço da pecuária sobre floresta para diminuir desmatamento da Amazônia

15 de Julho de 2008 - Luana Lourenço - Enviada especial - Campinas (SP) - O Brasil não conseguirá enfrentar a devastação da Amazônia sem a consolidação de uma política agropecuária que limite a expansão da produção sobre a floresta, de acordo com o climatologista e pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Carlos Nobre.

Nobre defendeu hoje (15) durante a 60ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) que, com a atual área alterada para agricultura e pecuária no Brasil, “é perfeitamente possível” que o país alcance lugar entre os três maiores produtores agrícolas do mundo.

“A questão está em como desenhar esse futuro agrícola. Os ministros da agricultura têm uma frase padrão: ‘não é preciso cortar uma única arvore da Amazônia’, mas essas frases têm sido muito vazias, porque elas não têm sido acompanhadas de uma política agrícola, que realmente coloque limites a essa expansão em cima dos ecossistemas ainda naturais, principalmente o Cerrado e a Amazônia”, criticou Nobre.

Na avaliação de Nobre, sem uma política que freie essa expansão e sem modernização do agronegócio brasileiro, “os números de desmatamento não vão cair; dificilmente cairão muito abaixo desses números que nós temos visto, entre 10 e 15 mil quilômetros quadrados”.

O climatologista, que é membro do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês) lembrou que grande parte da contribuição brasileira para o aquecimento global vem do desmatamento – cerca de 75% das emissões de dióxido de carbono (CO2) do país estão relacionadas com a destruição de florestas.

“Na China, a maior parte das emissões de carbono está relacionada à energia, que tem a ver com Produto Interno Bruto. No Brasil não é assim, a Amazônia só é responsável por 0,5% do PIB brasileiro e concentra as maiores emissões. Essa é a grande tragédia brasileira: nem as emissões alimentam o crescimento econômico das populações”, avaliou, em apresentação sobre impactos das mudanças climáticas para o Brasil.

Segundo o pesquisador, o país não pode copiar padrões europeu e norte-americano de consumo e terá “que inventar” um novo modelo de crescimento, que utilize a biodiversidade e os recursos naturais renováveis de forma racional para alavancar o desenvolvimento econômico.

“Ainda não conseguimos atingir um equilíbrio nas políticas públicas, em especial em âmbito federal. Ainda há muitos resquícios do desenvolvimentismo da era militar; há pouca percepção de que outra trajetória [sustentável] é possível", concluiu Carlos Nobre.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

Universo Ambiental  
 
 
 
 
     
SEJA UM PATROCINADOR
CORPORATIVO
A Agência Ambiental Pick-upau busca parcerias corporativas para ampliar sua rede de atuação e intensificar suas propostas de desenvolvimento sustentável e atividades que promovam a conservação e a preservação dos recursos naturais do planeta.

 
 
 
 
Doe Agora
Destaques
Biblioteca
     
Doar para a Agência Ambiental Pick-upau é uma forma de somar esforços para viabilizar esses projetos de conservação da natureza. A Agência Ambiental Pick-upau é uma organização sem fins lucrativos, que depende de contribuições de pessoas físicas e jurídicas.
Conheça um pouco mais sobre a história da Agência Ambiental Pick-upau por meio da cronologia de matérias e artigos.
O Projeto Outono tem como objetivo promover a educação, a manutenção e a preservação ambiental através da leitura e do conhecimento. Conheça a Biblioteca da Agência Ambiental Pick-upau e saiba como doar.
             
       
 
 
 
 
     
TORNE-SE UM VOLUNTÁRIO
DOE SEU TEMPO
Para doar algumas horas em prol da preservação da natureza, você não precisa, necessariamente, ser um especialista, basta ser solidário e desejar colaborar com a Agência Ambiental Pick-upau e suas atividades.

 
 
 
 
Compromissos
Fale Conosco
Pesquise
     
Conheça o Programa de Compliance e a Governança Institucional da Agência Ambiental Pick-upau sobre políticas de combate à corrupção, igualdade de gênero e racial, direito das mulheres e combate ao assédio no trabalho.
Entre em contato com a Agência Ambiental Pick-upau. Tire suas dúvidas e saiba como você pode apoiar nosso trabalho.
O Portal Pick-upau disponibiliza um banco de informações ambientais com mais de 35 mil páginas de conteúdo online gratuito.
             
       
 
 
 
 
 
Ajude a Organização na conservação ambiental.