16 de
Julho de 2008 - Da Agência Brasil - Brasília
- Nesta quarta (16) e quinta-feira (17) serão
realizadas manifestações públicas
em dez cidades com o objetivo de apoiar o Projeto
de Lei 1057/07, do deputado Henrique Afonso (PT-AC),
que pretende coibir o infanticídio no país.
Em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio
Nacional, o produtor do filme-documentário
“Hakani”, Enock Freire, falou sobre à proteção
de crianças indígenas ameaçadas
pelo o infanticídio.
“O filme-documentário da
vida de Hakani retrata as práticas de infanticídio
em diferentes grupos indígenas no Brasil.
A maioria das crianças que atuam no filme
são vítimas que foram resgatadas.
Algumas das quais foram literalmente desenterradas
por parentes ou vizinhos."
Segundo Enock Freire, as imagens
tornam público o dilema conflituoso entre
a realidade indígena e a sociedade nacional.
“O infanticídio geralmente é feito
porque os filhos são deficientes físicos."
Para os índios, isso faz parte das tradições
deles.
De acordo com Freire, não
são todas as culturas que praticam infanticídio.
“Limitamos a nossa matéria do filme na vida
real de uma menina chamada Hakani que foi salva
na tribo Suruwahá. Sabemos que outras tribos
têm esse tipo de costume, mas não são
todas”.
A segunda parte do documentário
traz depoimentos de índios sobres suas experiências
pessoais com infanticídi. O filme pode ser
visto no site www.hakani.org.
Entre as cidades que participarão
das manifestações estão Brasília,
Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo
Horizonte, Florianópolis, Recife, Belém,
Salvador e Aracaju.
+ Mais
Ouvidor critica atuação
de delegado no caso de jovem índia morta
em Brasília
14 de Julho de 2008 - Mariana
Jungmann - Repórter da Agência Brasil
- Fabio Rodrigues Pozzebom/Abr - Brasília
- O ouvidor nacional da Secretaria Especial dos
Direitos Humanos, Firmino Fecchio, fala à
Agência Brasil sobre o andamento das investigações
da morte de Jaya Xavante, em um abrigo da Fundação
Nacional de Saúde (Funasa)
Brasília - O ouvidor da Secretaria Especial
de Direitos Humanos (SEDH), Firmino Fecchio, criticou
hoje (14) a condução do caso da morte
da índia Jaiya Xavante pela 2ª Delegacia
de Polícia do Distrito Federal.
Segundo ele, um grupo de índios
foi interrogado pelo delegado Antonio José
Romeiro sem a presença e o acompanhamento
de advogados ou de servidores da Fundação
Nacional do Índio (Funai). Ainda segundo
o ouvidor, o interrogatório da tia da adolescente,
tomado no último dia 8 de julho, foi conduzido
de forma "dura" pelo responsável
pelo caso.
“Alguns indígenas vieram
se queixar comigo que teriam sido conduzidos à
delegacia sem nenhum acompanhamento. E nem nós,
da SEDH, nem a advogada, ninguém tomou conhecimento
sobre o que foi dito lá”, afirmou o ouvidor.
“Segundo eles [os indígenas],
todo o interrogatório pesado em cima da tia
e da mãe da menina teria sido baseado nessas
declarações dadas anteriormente e
que ninguém tomou conhecimento. Eu acho que
isso é grave”, completou.
Fecchio presenciou os depoimentos
da tia, da mãe e da irmã de Jaiya.
“Elas foram extremamente claras, não se esquivaram,
nem se recusaram a responder nenhuma pergunta e
não entraram em contradições
em nenhum momento.”
Segundo ele, nesses depoimentos,
houve a presença de uma advogada e de um
tradutor, já que elas responderam às
perguntas do delegado em xavante.
“Todas elas disseram que a tia
cuidava da menina desde o primeiro ano de vida e
que ela cuida de todas as crianças da tribo
e por isso é muito querida lá. A irmã
e a mãe da Jaiya fizeram questão de
frisar que são muito gratas à tia
por ter cuidado da menina e que quebraram o luto
na tribo para vir esclarecer essa acusação
[feita por um funcionário da Fundação
Nacional de Saúde de que Jaiya teria sido
assassinada pela tia por ciúme]”, acrescentou
o ouvidor da SEDH.
Firmino Fecchio ressaltou ainda
que a polícia não tomou o cuidado
necessário para preservar o local onde provavelmente
o crime ocorreu, não apresentou o resultado
de nenhum laudo e não tem o instrumento que
foi utilizado como arma do crime.
“O delegado só apareceu
na Casa de Apoio à Saúde Indígena
[onde a menina estava hospedada desde o mês
de maio] três dias depois que o crime já
tinha acontecido, quando o quarto já estava
sendo usado novamente, o banheiro já tinha
sido utilizado por várias pessoas [...].
Ele não seguiu o Código de Processo
Civil que manda que o delegado se dirija imediatamente
e isole o local”, alegou.
Procurado pela Agência Brasil,
o delegado Romeiro não foi encontrado para
comentar as críticas.
A adolescente Jaiya Xavante,
16 anos, morreu no último dia 25 de maio
no Hospital Universitário de Brasília
(HUB). Ela teve os órgãos internos
perfurados por algum objeto cortante ainda desconhecido.
A jovem vivia, desde o dia 28 de maio, na Casa de
Apoio à Saúde Indígena (Casai)
do Distrito Federal.