Panorama
 
 
 

MENOS DA METADE DAS PESQUISAS SOBRE AMAZÔNIA SÃO PRODUZIDAS POR BRASILEIROS

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Julho de 2008

16 de Julho de 2008 - Luana Lourenço - Enviada Especial - Campinas (SP) - Apenas 30% das pesquisas sobre a Amazônia têm a participação de pelo menos um pesquisador com residência no Brasil. O dado foi apresentado hoje (16) pelo pesquisador do Instituto de Pesquisas da Amazônia (Inpa) Adalberto Luís Val durante a 60° Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.

“Se soberania hoje é informação, esse é o tamanho da soberania que temos sobre a região. Temos que fixar recursos humanos na Amazônia, o que vai proporcionar a retaguarda para uma ação na Amazônia confiável, justa, sustentável, que é o que precisamos”, apontou Val, ao defender a necessidade urgente de aumentar a quantidade de doutores na região como uma questão estratégica para o desenvolvimento do país.

O pesquisador, que participou de encontro com parlamentares da Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional, detalhou a proposta da Academia Brasileira de Ciências (ABC) – entregue recentemente aos ministros do Meio Ambiente, Carlos Minc, da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, e de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger – para impulsionar o desenvolvimento científico e tecnológico na região e atrair pesquisadores de alto nível para a floresta.

Com pequeno aumento do percentual dos investimentos para ciência e tecnologia, Val defende que é possível formar pelos menos 2,1 mil novos doutores na região até 2011 e expandir o número de universidades e centros de pesquisa na Amazônia.

“A Amazônia ocupa quase 60% do território brasileiro e responde por 7,8% do Produto Interno Bruto do país. Mesmo assim, os recursos em ciência e tecnologia para a região são apenas 2% do total nacional. A Amazônia é uma questão nacional, não pode ser tratada isolada do desenvolvimento do país como um todo”, argumentou.

A presidente da Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional, deputada Janete Capiberibe (PSB-AP), afirmou que a proposta da ABC contará com o apoio político do Congresso Nacional e defendeu a adoção de novos parâmetros em ciência e tecnologia para a Amazônia para reduzir as desigualdades regionais da produção de conhecimento do país, com respeito às “características peculiares” da região.

“Essa biodiversidade da Amazônia tem que trazer distribuição da riqueza para as comunidades tradicionais, indígenas, quilombolas, mulheres agricultoras, parteiras, castanheiras e pescadores. Enfim, a população como um todo”, ponderou.

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Cientistas querem instrumento jurídico para ter acesso à biodiversidade para pesquisas

17 de Julho de 2008 - Luana Lourenço - Enviada especial - Campinas (SP) - O fim da consulta pública ao anteprojeto de lei sobre acesso a recursos genéticos e conhecimentos tradicionais, concluída no último fim de semana pela Casa Civil, impulsionou debates sobre o acesso à biodiversidade para pesquisa, durante a 60ª Reunião Anual da Soiedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). O texto deve ser apresentado como uma alternativa à Medida Provisória 2.186-16, que desde 2001 regulamenta a questão e, segundo cientistas, limita o desenvolvimento de pesquisas e trata os pesquisadores como “biopiratas”.

“Entendem a pesquisa como uma ameaça; que precisa de monitoramento. Antes de pensar uma legislação que proteja, deveríamos avançar em uma legislação para garantir conhecimento sobre a natureza. Só protegeremos, conhecendo”, argumentou hoje (17) o presidente de honra da SBPC, Ennio Candotti.

“Se Darwin estivesse pedindo autorização para pesquisar no Brasil nos dias de hoje, provavelmente não conseguiria e não teríamos a Teoria da Evolução”, comparou.

O pesquisador defende a criação de um instrumento jurídico para garantir o direito ao acesso dos recursos naturais para fins de pesquisa. “Precisamos com urgência de um habeas para o conhecimento e dos dados da natureza para que tenhamos o direito de sermos considerados inocentes até que se prove o contrário, um Habeas Data Naturae. Hoje em dia não há possibilidade de recursos”, afirmou Candotti ao citar o caso do pesquisador do Instituto Butatan, Carlos Jared, que foi multado e teve o laboratório revirado por agentes da Polícia Federal e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) após tentar enviar amostras de tecido de um micróbio para o exterior.

“No Brasil há uma visão equivocada de achar que uma lei muito repressiva é muito boa. Mas, na prática, a aplicação de regras muito repressivas tende a ser flexibilizada, o que gera inclusive desmoralização da legislação. O que é necessário é garantir, na lei, mecanismos de prestação de contas e de transparência”, sugeriu o ambientalista, advogado e consultor Fábio Feldman.

Um dos principais entraves listados pela comunidade científica em relação à MP e ao anteprojeto em análise na Casa Civil é a necessidade de aprovação das pesquisas pelo Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN), instrumento “da burocracia brasiliense”, segundo Candotti.

De acordo com a pesquisadora Nadja Lepsch Cunha, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), desde 2001, o CGEN só concedeu 11 autorizações de pesquisa.

Atualmente, segundo ela, cerca de 60 projetos estão sobrestados, ou seja, pediram ajuste de conduta para dar continuidade às pesquisas, mas dependem de decisão da Advocacia-Geral da União.

“E eu imagino que muitos outros pesquisadores deixaram de pedir ajustamento de conduta ao CGEN exatamente esperando a decisão da AGU”, calcula.

No debate de hoje (17), os pesquisadores cogitaram, inclusive, organizar uma ida ao Supremo Tribunal Federal (STF) com pedidos de habeas corpus preventivos para garantir a continuidade das pesquisas. “Vamos criar o GT [grupo de trabalho] do habeas corpus”, brincou a pesquisadora Vera Val, da SBPC.

A representante do Departamento do Patrimônio Genético do Ministério do Meio Ambiente, Maria Celeste Emerick, não compareceu ao debate.

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Audiência pública discute agenda ambiental para a região amazônica

16 de Julho de 2008 - Agência Brasil - Brasília - As comissões de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e de Agricultura e Desenvolvimento Rural, da Câmara dos Deputados, realizam hoje (16), às 10h, audiência pública para discutir a agenda ambiental do governo e as políticas do ministério do Meio Ambiente para a região amazônica. O ministro Carlos Minc participa do encontro, no plenário 2 do anexo 2.

Antes, às 9h, no mesmo local, a SOS Mata Atlântica lança a Plataforma Ambiental 2008 aos governos locais, candidatos a prefeitos e vereadores municipais, com o objetivo de fornecer instrumentos para o cidadão nas eleições municipais de outubro. O objetivo é bucar o compromisso dos governos com uma agenda socioambiental.

O documento propõe a adoção, em cada município, de uma agenda institucional que possibilite a implementação de sistemas de gestão do meio ambiente, ao mesmo tempo em que convoca o Legislativo dos municípios para a discussão de instrumentos legais referentes a políticas para o setor.

O lançamento da Plataforma Ambiental está previsto para ocorrer até setembro em cidades de estados que integram o bioma Mata Atlântica, como Rio de Janeiro, Salvador, Fortaleza, Recife, Porto Alegre, Presidente Prudente, São Paulo, Londrina, Curitiba e Belo Horizonte.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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