17 de
Julho de 2008 - Luana Lourenço - Enviada
especial - Campinas (SP) - Apesar de ser “o único
país que pode conciliar produção
de alimentos com fabricação de biocombustíveis”,
o Brasil precisa de uma política agrícola
consistente para evitar que o aumento da demanda
por cana-de-açúcar para etanol pressione
a redução do cultivo de alimentos.
A avaliação foi feita hoje (17) pelo
engenheiro agrônomo e reitor da Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp), José Tadeu
Jorge, anfitrião da 60° Reunião
Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da
Ciência (SBPC).
“Temos potencial para atender
as duas demandas mundiais: de alimentos e de biocombustíveis.
Na minha avaliação, as oportunidades
para alimentos são melhores que as do etanol,
mas nem precisamos fazer essa escolha. Podemos atender
as duas demandas, desde que haja planejamento”,
argumentou.
Tadeu criticou a “inexistência histórica”
e atual de uma política agrícola que
leve em conta os fundamentos da agricultura, e não
apenas garanta recursos para os produtores. “O que
o Brasil sempre teve foram planos econômicos
para o setor. Isso não é política
agrícola. Não é que não
seja importante, mas precisamos de mais que isso
para dar conta dessa questão de uma possível
competição entre etanol e alimentos”,
apontou.
Uma política agrícola
consistente, segundo Tadeu, deve ser baseada nos
fundamentos da agricultura e fornecer estratégias
de colheita, secagem e resfriagem, beneficiamento
da produção, embalagem, armazenagem,
entre outros.
“Falam em zoneamento, que trata
muito das questões de solo e clima, mas não
contempla todos os fundamentos, deixa de lado necessidades
como mecanização e transportes, por
exemplo”, ponderou.
O reitor da Unicamp frisou que,
sem planejamento, o Brasil corre riscos de ter as
lavouras de alimentos substituídas por cultivo
de cana-de-açúcar. Tadeu justificou
a preocupação com dados do estado
de São Paulo, responsável por 60%
da produção de cana-de-açúcar
no Brasil. Segundo ele, estudos revelam que, entre
2001 e 2006, o cultivo da cana ganhou mais de 1
milhão de hectares de área no estado,
enquanto houve perda de espaço de pastagens
e culturas como feijão, café, arroz,
laranja e banana.
Tadeu afirmou que a idéia,
adotada e divulgada pelo governo, de que é
possível avançar o cultivo de cana
em áreas liberadas de pastagens, a partir
da redução do número de bois
por hectare, é “um sofisma, um argumento
equivocado” se não houver planejamento. “Isso
não vai acontecer naturalmente. A agricultura
é um negócio econômico, precisa
de planejamento e política consistente para
aproveitar as oportunidades.”
Na última terça-feira
(15), também durante a SBPC, o climatologista
do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), Carlos
Nobre, criticou a inexistência de uma política
agropecuária no país que limite a
expansão da produção sobre
a Amazônia.
+ Mais
Usina de Belo Monte será
a única hidrelétrica do Rio Xingu,
determina conselho
16 de Julho de 2008 - Sabrina
Craide - Repórter da Agência Brasil
- Brasília - Apesar de reconhecer o potencial
do Rio Xingu para a geração de energia
elétrica, o Conselho Nacional de Política
Energética (CNPE) decidiu que a Usina Hidrelétrica
de Belo Monte será a única construída
no rio. A resolução determina também
que a Eletrobrás realize estudos antropológicos
sobre as comunidades indígenas que estão
na área do aproveitamento hidrelétrico
e ouça as comunidades afetadas pelo empreendimento.
O documento, assinado pelo ministro
de Minas e Energia, Edison Lobão, lembra
que o trecho do Rio Xingu onde está prevista
a construção da usina de Belo Monte
tem uma queda natural e vazão significativas,
que permitem a geração de energia
em um único aproveitamento. Assim, a usina
poderá gerar uma energia média elevada,
que poderá ser integrada ao Sistema Interligado
Nacional.
A resolução do CNPE,
que será publicada no Diário Oficial
da União de amanhã (17), ressalta
a importância da região para a conservação
da diversidade biológica e da proteção
da cultura indígena. Segundo o conselho,
a Eletrobrás deverá continuar realizando
os estudos para o desenvolvimento e a conclusão
da usina.
A usina de Belo Monte deverá
gerar 11 mil megawatts a partir de abril de 2014.
O leilão para definição do
consórcio responsável pela construção
da hidrelétrica deve ser realizado em outubro
de 2009.
+ Mais
Minc quer transformar projeto
de educação ambiental do Rio em modelo
para o país
12 de Julho de 2008 - Nielmar
de Oliveira - Repórter da Agência Brasil
- Rio de Janeiro - O ministro do Meio Ambiente,
Carlos Minc, anunciou, no Rio, a intenção
de implantar em todo o país o projeto de
educação ambiental “Nas Ondas do Ambiente:
Rádio@Escola.com”, desenvolvido pelo Governo
do Estado, por intermédio das Secretarias
do Ambiente e de Educação.
O anuncio foi feito hoje (12)
durante a cerimônia de encerramento da primeira
fase do projeto, realizada no auditório Gilberto
Freire, no Palácio Capanema.
“Em função dos excelentes
resultados, vamos levar esta iniciativa para todo
o Brasil. Além de estimular a educação
ambiental por meio da comunicação,
os participantes e ouvintes podem conhecer e preservar
melhor a comunidade em que vivem”, afirmou Minc.
Segundo ele, o Ministério
do Meio Ambiente ainda vai apresentar ao presidente
Luiz Inácio Lula da Silva um projeto para
que as rádios comunitárias de todo
o país possam captar recursos do setor privado
para divulgação de programas sociais
e ambientais.
Criado com o objetivo de sensibilizar
a comunidade escolar e as situadas no entorno das
escolas da importância das questões
sócio-ambientais, o projeto “Nas Ondas do
Ambiente” já credenciou, em apenas quatro
meses, 360 pessoas para a realização
de produções radiofônicas ambientais
no Rio.
Ao falar sobre a importância
do projeto, a secretaria Marilene Ramos disse de
nada adiantar o governo do estado trabalhar na dragagem
de rios se as pessoas continuam jogando lixo no
local. “Por isso, este programa é tão
importante para a questão da preservação
do meio ambiente”, disse a secretária do
Ambiente do Estado.
A segunda etapa do programa capacitará
422 pessoas: 224 estudantes e 112 professores, de
56 escolas públicas da Baixada Fluminense
e das regiões Litorânea e serrana do
Estado.A previsão é de que a segunda
fase do programa seja lançada no primeiro
trimestre do ano que vem e beneficie 30 lideranças
e 56 comunicadores.
As informações foram
divulgadas no site da Secretária de Comunicação
do Governo do Rio.