24 de
Julho de 2008 - Paula Laboissière - Repórter
da Agência Brasil - Marcello Casal JR/Abr
- Brasília - O ministro do Meio Ambiente,
Carlos Minc, fala a emissoras de rádio, no
estúdio da Empresa Brasil de Comunicação,
sobre medidas adotadas para a preservação
do meio ambiente e desburocratização
do processo de licenciamento ambiental
Brasília - O ministro do Meio Ambiente, Carlos
Minc, disse hoje (24) que o país precisa
adotar critérios mais “rigorosos” para o
controle da poluição provocada por
termelétricas e siderúrgicas ou acabará
importando o “lixo” vindo da Europa – empresas que
deixam o continente, onde as regras são mais
duras, e vêm para o Brasil em busca de menor
rigor na fiscalização.
“Queremos energia e siderúrgicas,
mas com boa tecnologia. A partir de agora, todas
as fontes com base fóssil, como o óleo,
o carvão e o gás, vão ter um
decreto de compensação energética
ou de energia limpa e renovável, como a energia
solar e a energia eólica, que ainda são
muito pouco explorada entre nós”, afirmou
o ministro, em entrevista a emissoras de rádio
no estúdio da Empresa Brasil de Comunicação
(EBC) em Brasília.
Questionado sobre a concessão
ontem (23), pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambinete
e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama),
da licença ambiental prévia para a
construção da Usina Nuclear Angra
3, Minc evitou comentários e lembrou que
o governo praticamente já havia “batido o
martelo” quando assumiu a pasta, há 58 dias.
Ele também não quis
comentar se há, de fato, necessidade de se
produzir energia nuclear no Brasil e avaliou apenas
que o país possui uma matriz energética
bastante diversificada.
“A ex-ministra Marina Silva também era crítica
do projeto, mas tocou a licença, que estava
praticamente pronta quando eu cheguei. Colocamos
60 exigências, fortes e necessárias.
Uma delas é a construção de
um depósito definitivo para o lixo nuclear.
Não é razoável que esse lixo,
com uma vida de mais de 150 mil anos, fique em uma
piscina azul dentro do reator, a 100 metros da praia.
Vai ter que fazer um definitivo.”
O ministro reforçou que
a Eletronuclear precisará fazer um controle
independente e um monitoramento autônomo de
vazamentos e de possíveis acidentes nucleares
em Angra 3. De acordo com Minc, não será
ela “quem vai dizer como está a radioatividade”,
mas uma outra empresa ou mesmo uma universidade
contratadas para a fiscalização, como
já ocorre em países como Espanha e
França.
+ Mais
Greenpeace protesta contra licença
ambiental para Angra 3
23 de Julho de 2008 - Luana Lourenço
- Repórter da Agência Brasil - Wilson
Dias/Abr - Brasília - Integrantes do Greenpeace
fazem protesto em frente ao Ministério do
Meio Ambiente. O grupo é contrário
à construção da Usina Nuclear
Angra 3. A licença prévia para retomada
das obras da usina foi concedida hoje (23) pelo
Ibama
Brasília - Ativistas do Greenpeace protestaram
hoje (23) em frente ao Ministério do Meio
Ambiente contra a concessão de licença
ambiental prévia para a Usina Nuclear Angra
3, no Rio de Janeiro, anunciada pelo ministro do
Meio Ambiente, Carlos Minc, e pelo presidente do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama), Roberto Messias.
Os manifestantes exibiam um quadro
com a fotografia do presidente do Ibama identificado
com o símbolo da radioatividade e com os
dizeres “O Messias chegou e traz más notícias:
Angra 3 aprovada”.
De acordo com o diretor da Campanha
Energia do Greenpeace, Ricardo Baitelo, a opção
pela retomada do programa nuclear não é
a opção mais recomendada e ambientalmente
viável para o país. “A [energia] nuclear
é pior, tanto em custos quanto em relação
a benefícios sociais, de criação
de empregos, e principalmente em relação
a poluição ambiental”, compara.
Baitelo acredita que a exigência
de projeto para disposição final dos
rejeitos radioativos entre as condicionantes não
será cumprida. “Eles pedem que no início
dos projetos, que se encaminhe essa questão,
mas a gente sabe que isso não vai ser resolvido,
porque simplesmente não há uma solução
definitiva para os resíduos tóxicos
no Brasil”.
De acordo com o Greenpeace, a
“solução” que o governo exige da Eletronuclear
para os resíduos de Angra 3 “vem apresentando
problemas graves na Europa”, em países como
França e Alemanha.
“O país não precisa
de energia nuclear, existe um potencial enorme,
só no Nordeste temos 10 Itaipus em eólica.
O Brasil desperdiça milhões por ano
com desperdício de energia. Se o país
cumprisse as metas do Procel [Programa Nacional
de Conservação de Energia Elétrica]
poderia evitar a necessidade de se construir usinas
nucleares”, defendeu.