Brasília
(29/07/2008) O ministro do Meio Ambiente, Carlos
Minc, disse nesta terça-feira (29) que os
reforços do governo nas ações
de fiscalização, controle e ordenamento
territorial na Amazônia começaram a
surtir efeito sobre a redução do desmatamento.
“Não foi sorte, foi trabalho”, afirmou Minc
ao comentar os dados divulgados nesta terça-feira
pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Embora o índice tenha caído significativamente,
não há o que comemorar, acrescentou
o ministro. “Este desmatamento é inaceitável”.
De acordo com o sistema Deter
(Detecção do Desmatamento em Tempo
Real), do Inpe, houve redução de 21%
no desmatamento na região na comparação
de maio para junho deste ano. No total, 870 km²
da floresta foram mapeados como corte raso ou degradação
progressiva durante o último mês de
junho, período em que 28% do território
esteve coberto por nuvens.
Na comparação com
o desmatamento registrado em junho do ano passado,
os dados apontam uma queda de 35%. Em junho de 2007,
a área degradada apontada pelo Inpe foi de
1.350 km². No mês passado, a área
desmatada foi de 870 km². “Isso demonstra nosso
trabalho e as ações desenvolvidas
pelo Ibama e pela Polícia Federal”, disse
o ministro.
Minc exemplificou que na região
de São Félix do Xingu, no Pará,
onde foi realizada a Operação Boi
Pirata, a área desmatada caiu de 15.665 hectares
registrados entre janeiro e junho de 2007 para 3.100
hectares no mesmo período deste ano. O estado
do Pará, no entanto, apresentou aumento de
91% - 499 km² em junho versus 262 km²
em maio. Este acréscimo, segundo o Inpe,
pode ser explicado pela maior capacidade de observação
neste mês - enquanto em maio apenas 41% do
Pará pôde ser visto pelos satélites,
em junho a observação aumentou para
75% da área do estado.
De acordo com o Inpe, Mato Grosso
apresentou redução de 70% quando comparado
ao mês de maio. Do total detectado em junho,
197 km² foram verificados no Mato Grosso, contra
646 km² no mês anterior. Já os
demais estados da Amazônia Legal apresentaram
desmatamento pouco significativo.
“Os números demonstram
que a tendência de alta do desmatamento, registrada
desde o final do segundo semestre de 2007, começa
a declinar. O dado geral não é mal,
mas está ainda muito elevado”, disse.
O ministro lembrou que de janeiro
até agora, o Ibama embargou 606 propriedades
rurais (cerca de 115 mil hectares no total) porque
os proprietários não cumpriram as
exigências de preservação da
área na Amazônia Legal. Outros 1.066
Certificados de Cadastro de Imóveis Rurais
(CCIRs) foram inibidos porque os produtores não
fizeram o recadastramento de suas terras junto ao
Incra.
Tanto o embargo quanto a negação
dos CCIRs foram aplicados em terras dos 36 municípios
que fazem parte de uma lista formulada pelo governo
para apontar aqueles que são responsáveis
por metade do desmatamento da Amazônia. Minc
disse ainda que 86 frigoríficos foram notificados
por comprar animais dessas propriedades.
Por fim, o ministro destacou que
45 operações de fiscalização
estão em andamento deste mês até
o final de agosto na Amazônia, principalmente
em Unidades de Conservação, envolvendo
527 agentes do Ibama e 645 agentes de instituições
parceiras.
Gisele Teixeira
Ascom MMA