26 de
Julho de 2008 - Lúcia Norcio - Repórter
da Agência Brasil - Curitiba - Foi instalado
esta semana no município de Palmas, no Paraná,
o maior aquecedor ecológico já construído
no Brasil. Foram utilizadas 3,3 mil embalagens para
a montagem, sendo 1,8 mil garrafas PET e 1,5 mil
embalagens longa-vida. As garrafas utilizadas na
montagem representam o reaproveitamento de aproximadamente
100 quilos de plástico.
A coordenação do
projeto é da Secretaria do Meio Ambiente
e Recursos Hídricos, aproveitando um sistema
criado pelo catarinense José Alcino Alano.
O aquecedor está ajudando a diminuir gastos
com o fornecimento de energia elétrica para
esquentar cerca de 8 mil litros de água consumidos
diariamente no alojamento da 15ª Companhia
de Engenharia de Combate do Exército Brasileiro,
onde vivem 50 soldados.
O secretário do Meio Ambiente,
Rasca Rodrigues, destacou os benefícios desse
sistema alternativo de aquecimento. “É uma
energia que não traz impactos ao meio ambiente,
é limpa. Evita que resíduos que podem
ser reciclados ou reaproveitados se acumulem nos
aterros, diminuindo a vida útil destes depósitos.
E, ainda, quem o utiliza economiza dinheiro, pois
seu uso reduz em 35% o valor da conta de luz”.
José Alcino Alano conta
que desde 2004, recebe apoio do Programa Desperdício
Zero, da Secretaria do Meio Ambiente, para divulgar
sua obra, registrada como projeto-livre. “É
livre porque pode ser reproduzido sem finalidades
comerciais, apenas para melhorar o meio ambiente
e a qualidade de vida daqueles que precisam”, explicou.
O Paraná já possui
cerca de 6 mil aquecedores, mas segundo o coordenador
do Desperdício Zero, Laerty Dudas, esse número
pode ser maior, pois são ministradas oficinas
que formam muitos multiplicadores. “O projeto caminha
sozinho”. Os aquecedores estão sendo muito
usados também para aquecer água para
lavar galões de leite, além de dar
banho nos animais.
Segundo Alano, para construir
um aquecedor com capacidade para esquentar a água
para banho de quatro pessoas, são utilizadas
240 garrafas PET e 200 embalagens longa vida, além
de canos e conexões de PVC. Esses números
levam o secretário Rasca Rodrigues a contabilizar
que nos seis mil sistemas já existentes no
estado, evitou-se que pelo menos 1,2 milhão
de garrafas PET e quase 1,5 milhão de embalagens
longa-vida fossem direcionadas aos aterros.
Dados da coordenadoria de Resíduos
Sólidos da Secretaria do Meio Ambiente mostram
que de cada 100 garrafas PET comercializadas no
Paraná, apenas 15 são recicladas .
Já o consumo de embalagens longa-vida chega
a 400 milhões de unidades por ano, das quais
240 milhões são lançadas no
meio ambiente, causando forte impacto ambiental.
José Alcino Alano, responsável
também por um projeto em Santa Catarina,
feito com 1,7 mil garrafas, explica como são
construídos os aquecedores, conhecimento
que é repassado nas oficinas que formam os
multiplicadores. “O sistema é o mesmo dos
aquecedores solares produzidos industrialmente.
A diferença é o material utilizado
para montar o painel que aquece a água: garrafas
PET, embalagens longa-vida e alguns metros de canos
de PVC”.
Primeiro é preciso
recortar as garrafas e caixas que irão formar
o painel, depois pintar de preto os canos e embalagens
longa-vida que irão absorver energia solar
e transformá-la em calor. As garrafas envolvem
os canos por onde passa a água e mantêm
o calor através de efeito estufa. A água
sai da caixa d’água em temperatura ambiente,
passa pelo sistema, eleva a sua temperatura e volta
para a caixa. Após seis horas, em média,
nesse ciclo constante, a água pode chegar
a uma temperatura de até 38 graus Celsius
no inverno, e mais de 50 no verão.