Salvador
(29/07/2008) - Desde o dia 17 deste mês, a
população baiana tem se surpreendido
com a grande quantidade de pingüins-de-magalhães
que estão chegando à costa do estado.
O Instituto de Mamíferos Aquáticos-
IMA, organização não governamental
credenciada no Ibama, chegou a abrigar 340 aves
marinhas encontradas nas praias da Capital e da
região metropolitana. O Ibama da Bahia autorizou
a ONG a receber, tratar e reabilitar esta espécime
pelo Projeto Mamíferos Marinhos, conforme
Informação Técnica nº
221/2008.
Os pingüins, apelidados de
“turistas” pelos populares, chegam anêmicos,
desnutridos, desidratados e hipotérmicos.
A médica veterinária do IMA, Raquel
Velozo, conta que, apesar dos cuidados, 90 deles
já morreram na instituição,
pois estavam bastante debilitados. “Muitos deles
são encontrados com feridas nas nadadeiras
e no peito devido à força das ondas
que os impulsiona contra corais e pedras”, afirma
Raquel.
Acredita-se que esses inusitados
“turistas” sejam oriundos do Estreito de Magalhães,
no sul da Argentina. “São animais jovens
que realizaram a sua primeira migração
em busca de alimento e é por este motivo
eles estão mais suscetíveis a se perderem
da sua colônia”, informa Raquel. Eles são
trazidos pelas correntes marítimas e desembarcaram
em diversos pontos do litoral baiano como Salvador,
Morro de São Paulo, Ilha de Itaparica e Ilhéus.
A primeira ocorrência de
pingüins na Bahia foi registrada na década
de 70, quando três dessas aves marinhas foram
encontradas nas praias de Salvador. Esse episódio
vem se repetindo quase todos os anos, na mesma época,
mas nunca nessa quantidade. Esse evento atípico
pode estar relacionado ao fenômeno La Nina,
que tem como conseqüência direta o aumento
dos níveis pluviométricos e as constantes
passagens de frentes frias até a região
nordeste do Brasil.
Raquel Velozo orienta que ao encontrar
um pingüim, a população deve
comunicar imediatamente ao IMA para que seja feito
o resgate. Enquanto aguarda, deve-se aquecer o animal
com um cobertor e colocá-lo dentro de uma
caixa sem tampa e forrada com jornal. Mas algumas
pessoas estão reclamando, pois relatam não
conseguir contato com o instituto. “Eu queria que
a população entendesse que estamos
fazendo o nosso máximo e é com muito
amor que tratamos esses animais”, afirma Raquel.
“O IMA possui apenas dois carros para fazer a coleta
e dois telefones para receber todas as ligações
e a demanda está muito grande”, completa.
O instituto tem conseguido bons
resultados nesse trabalho graças à
equipe de técnicos, funcionários,
estagiários, monitores e voluntários
que se revezam 24 horas na luta para salvar a vida
desses animais. Eles preparam a alimentação,
ministram medicamentos e cuidam para mantê-los
aquecidos e limpos. Além disso, a equipe
do instituto precisa cuidar dos outros animais que
estão abrigados no local. “Temos um lobo
marinho, duas lontras e três araras que também
precisam de cuidados e atenção”, alega
a Raquel.
Quando os pingüins chegam
ao IMA é feito o atendimento clínico
para avaliar o estado dos animais e prestar os primeiros
cuidados, depois eles são alimentados e vão
para as caixas onde são aquecidos com cobertores
e garrafas plásticas com água morna.
Os veterinários procuram estabilizar a temperatura
entre 39ºC e 40ºC. Os poucos que chegam
com hipertermia são refrescados com água
fria e à medida que o tratamento avança,
eles começam a tomar banho para tirar o excesso
de sujeira. Cerca de 40 pingüins já
apresentam-se em boas condições e
foram colocados nas piscinas de água salgada
do IMA.
O vice-diretor do IMA, Luciano
Dórea, informou que o instituto não
estava preparado para receber tantos animais, mas
com a crescente demanda eles estão equipando
as instalações com caixas de madeira
e cercados de ferro aquecidos por lâmpadas
e forrados com jornais. “O IMA já recebeu
muitas doações, mas ainda precisa
de apoio”, acrescenta Luciano. A população
pode ajudar doando jornais velhos e cobertores,
sardinha fresca para alimentar os pingüins
e alguns medicamentos específicos. “Alguns
remédios são muito caros e sem auxilio
é quase impossível manter os animais”,
argumentou Luciano. De acordo com dados do IMA,
só entre os dias 18 e 21, a ONG gastou cerca
de cinco mil reais com os pingüins.
Caso sejam encontrados novos animais,
a população deve comunicar ao IMA
pelos telefones: (71)3461-1490 ou (71)9198-2620
para que seja feito o resgate.
Ascom/Ibama/BA
+ Mais
Marinha do Brasil cede três
barracas para abrigar pingüins na Bahia
Salvador (30/07/2008) - O Comando
do 2º Distrito Naval cedeu ao Ibama da Bahia
três barracas de 20m² para abrigar o
excedente de pingüins que estão em tratamento
no Instituto de Mamíferos Aquáticos
(IMA). A cessão destas barracas foi em atendimento
a uma solicitação do Superintendente
do Ibama, Célio Pinto, visando aumentar o
espaço de recepção dos animais
que continuam chegando.
As barracas, que estão
sendo montadas pelo corpo de fuzileiros navais no
pátio do IMA, no Parque de Pituaçu,
têm capacidade para abrigar até 50
pingüins. De acordo com o diretor do instituto,
Luciano Dórea, as barracas são de
extrema importância, pois vão possibilitar
que o IMA atenda a solicitação da
unidade de Eunápolis de recolher mais 119
pingüins. Até o momento o local já
abriga 370 espécimes deste animal.
O superintendente do Ibama agradece
ao Comando do 2º Distrito Naval “pela sensibilidade
em atender, neste momento, a necessidade urgente
de abrigar os pingüins”.
Emília Oliveira
Ascom/Ibama/BA