28 de
Julho de 2008 O Greenpeace tem discutido estratégias
ambientais com o Comitê Organizador dos Jogos
de Pequim, patrocinadores oficiais e outras ONGs
para deixar a China verde não apenas durante
o evento esportivo, mas também depois.
Pequim, China — Estamos acompanhando de perto os
esforços do Comitê Organizador da Olimpíada
para tornar o evento o mais verde possível.
A China está tentando o
seu melhor para garantir uma Olimpíada verde
em Pequim este ano. Para o país com a maior
população do mundo, a tarefa não
é das mais fáceis. A China enfrenta
grandes problemas ambientais, que ganharam muita
atenção da mídia desde que
foi escolhida para ser a sede do evento olímpico.
No topo da lista dos problemas
ambientais chineses está o aquecimento global,
seguido de perto da falta de água para sua
população e preocupações
sobre segurança alimentar e erosão
de terras.
Os Jogos Olímpicos de Pequim
podem se tornar um evento-chave no desenvolvimento
sustentável da China. O Greenpeace espera
que as estratégias ambientais de desenvolvimento
aprendidas durante a preparação para
as Olimpíadas sejam aplicadas na China e
postas em prática após o fim do evento.
A China fez muitas promessas para
limpar Pequim para os Jogos Olímpicos deste
ano. Como se saíram? O relatório China
após as Olimpíadas: Lições
de Pequim (arquivo pdf para baixar, texto em inglês),
publicado nesta segunda-feira, tem as respostas.
O país iniciou diversas
políticas verdes para melhorar a qualidade
ambiental dos Jogos mas perdeu algumas boas oportunidades.
"Estamos felizes de ver os
resultados conseguidos até o momento na cidade.
O transporte público ficou mais conveniente,
houve uma redução no uso de combustíveis
fósseis e o tratamento da água melhorou",
afirma Lo Sze Ping, diretor de campanha do Greenpeace
China.
Mas Pequim perdeu a oportunidade
de adotar as melhoras práticas ambientais
do mundo. Poderia ter sido mais agressiva no controle
da poluição provocada por suas indústrias,
adotar a certificação FSC para a madeira
usada nas obras do complexo olímpico e adotar
políticas mais duras de conservação
de água.
O Greenpeace elogia Pequim por
ter:
* usado energia renovável
e promovido a economia de energia na Vila Olímpica;
* adotado novas metas de emissões para os
veículos, de acordo com padrões europeus;
* construído cinco novas linhas de metrô
na cidade para encorajar o transporte público;
* lançado uma frota de 3.759 ônibus
alimentados com gás natural;
* ajudado 32 mil pessoas a mudarem o sistema de
aquecimento à base de carvão de suas
casas;
* estabelecido a estação Guanting
de energia eólica, a primeira de Pequim capaz
de gerar 100 milhões de quilowatts/hora de
energia por ano;
* melhorado suas plantas de tratamento de água
e esgoto;
O Greenpeace está desapontado
com Pequim por não ter:
* desenvolvido políticas
ambientais para os Jogos no setor de construção;
* aplicado tecnologias de economia de água
por toda a cidade;
* priorizado uma política de zerar o lixo
da cidade, em vez de construir mais incineradores;
* introduzido uma política de uso sustentável
de madeira nas obras dos Jogos pela cidade, como
o padrão FSC;
* Erradicado a tecnologia HFC de alguns locais olímpicos.
O Greenpeace tem dialogado regularmente,
desde 2006, com o Comitê Organizador dos Jogos
de Pequim, dando conselhos em temas relacionados
às nossas campanhas, como uso de energia
renovável, madeira sustentável e segurança
alimentar. O Greenpeace foi uma das ONGs que participaram
da elaboração do documento Pequim
2008: Proteção, Inovação
e Melhorias Ambientais, lançado pelo Comitê
Organizador dos Jogos de Pequim em outubro de 2007.
A reação do Comitê
Organizador às recomendações
do Greenpeace foi freqüentemente confusa. Em
temas como o uso de energia renovável e madeira
sustentável, o Comitê Organizador não
conseguiu atender às recomendações
porque boa parte das obras já estava contratada
ou em andamento. A performance ambiental dos Jogos
de Pequim poderia ser beneficiada se o Comitê
Organizador tivesse envolvido ONGs nos estágios
iniciais dos trabalhos.
Greenpeace e Pnuma
O Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) tem cooperado
com o Comitê Olímpico Internacional
(COI) desde 1994 para incluir temas ambientais nos
Jogos Olímpicos. Em novembro de 2005, o Pnuma
assinou um documento com o Comitê Organizador
dos Jogos de Pequim e tem ajudado a implementar
planos ambientais para os Jogos de Pequim.
O Greenpeace tem atuado com o
Pnuma em assuntos ligados aos Jogos de Pequim. Fomos
consultados pelo órgão da ONU para
formular e rascunhar o relatório Jogos Olímpicos
de Pequim 2008 - Uma Análise Ambiental, que
foi lançado em outubro de 2007. Os comentários
do Greenpeace sobre o evento foram incluídos
no relatório.
Greenpeace e patrocinadores dos
Jogos de Pequim
Os patrocinadores dos Jogos de
Pequim são líderes corporativos em
suas respectivas áreas de atuação.
O Greenpeace acredita que eles têm uma grande
responsabilidade no 'esverdeamento' do evento. Iniciativas
ambientais positivas de patrocinadores corporativos
podem também ter grande impacto na própria
indústria, tornando-a mais limpa no longo
prazo.
O Greenpeace quer que os patrocinadores
dos Jogos de Pequim utilizem a tecnologia mais ambientalmente
correta disponível no mercado e mantenham
seu compromisso com o meio ambiente mesmo depois
dos Jogos de Pequim. Por exemplo: pressionamos a
Coca-Cola para providenciar refrigeradores e máquinas
de venda de seus produtos com tecnologia que reduz
o consumo de energia e livre de HFC. Será
a primeira vez que uma Olimpíada terá
100% dessas máquinas ambientalmente corretas.
E segundo o presidente da Coca-Cola, E. Neville
Isdell, se comprometeu em maio de 2008 a aumentar
o número de refrigeradores ambientalmente
corretos para 100 mil em todo o mundo nos próximos
três anos.
Greenpeace e o público
chinês
O público chinês
está bastante preocupado com os problemas
ambientais de seu país. Os Jogos de Pequim
são uma grande oportunidade para engajar
o público chinês e deixar o país
mais verde.
O Greenpeace lançou projetos
na China para aumentar a consciência do público
e promover um estilo de venda mais ambientalmente
correto. Desde outubro de 2007 negociamos com mais
de 300 restaurantes de Pequim para deixarem de usar
palitos descartáveis, de madeira. Também
estamos em campanha para persuadir moradores de
Pequim a trocarem as lâmpadas incandescentes
por fluorescentes. Acreditamos que todos podem ajudar
a tornar os Jogos Olímpicos e a China mais
verde mesmo depois de 2008.
O Greenpeace China lançou
recentemente o Guia de Orgânicos de Pequim,
com uma lista de supermercados, restaurantes e feiras
que vendem produtos desse tipo pela cidade. No site
há um mapa com dicas dos principais fornecedores
de orgânicos em Pequim.
História
O Greenpeace trabalhou nos Jogos
Olímpicos de Sydney (2000) e Atenas (2004).
Nosso envolvimento com os Jogos de Pequim começou
em 2006 e desde então construímos
boas relações com o Comitê Organizador
dos Jogos, com o Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), diversos patrocinadores
olímpicos e outros grupos da sociedade civil.