28/07/2008
- Vinte e cinco anos após o início
do Programa de Controle de Poluição,
implementado pela CETESB, da Secretaria Estadual
do Meio Ambiente, em Cubatão, que contou
com mais de US$ 1 bilhão em investimentos
por parte das indústrias da região,
é hora de comemorar os resultados. Graças
a uma conjunção de fatores, como a
parceria entre as indústrias e os órgãos
fiscalizadores, a mobilização da imprensa
e da sociedade, crescente conscientização
ambiental, o rigor da legislação e
as inovações tecnológicas,
foi possível reduzir significativamente as
emissões de poluentes e o consumo de recursos
naturais.
Para apresentar os números
do controle ambiental obtidos em Cubatão,
a FIESP - Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo e o CIESP - Centro
das Indústrias do Estado de São Paulo
organizaram o evento "A Recuperação
Ambiental de Cubatão, 25 Anos de Investimentos",
ocorrido na manhã desta sexta-feira (25/07),
na sede do CIESP em Cubatão.
O trabalho foi organizado e apresentado
por Eduardo San Martin, ex-diretor da CETESB e membro
do COSEMA - Conselho Superior de Meio Ambiente da
FIESP. San Martin explicou que não foi possível
obter os dados de produção das indústrias
entre 1983 e 1996, mas que com as informações
levantadas a partir de 1997 até hoje, foi
possível diagnosticar um crescimento na produção.
"Esse trabalho revela que é totalmente
possível crescer e gerar riqueza, sem agredir
o meio ambiente. Ao mesmo tempo em que houve aumento
de 39% na produção das indústrias
de Cubatão, houve expressiva redução
nas emissões de poluentes, a vida voltou
a Cubatão e esse trabalho de controle e melhoria
ambiental, é claro, não tem fim"
disse San Martin.
Uma das principais preocupações
da agência ambiental paulista, no início
da década de 80, era a emissão de
material particulado, que chegava a 363 mil toneladas/ano
e hoje foi reduzida em 98,8%. Os hidrocarbonetos,
por exemplo, tiveram uma redução de
95,79% e a emissão de fluoretos caiu 99,11%.
Já os óxidos de enxofre e a amônia,
considerados grandes vilões por causarem
a chuva ácida, que matava a vegetação
da Serra do Mar, foram reduzidos em 72,17% e 99,43%,
respectivamente.
"É fundamental reconhecer
o papel dos ambientalistas, que naquela época
criticavam o modelo de desenvolvimento predatório
que se instalou por aqui. A recuperação
de Cubatão só foi possível
porque trabalhamos juntos e a população
se envolveu e exigiu uma mudança", ressaltou
o secretário estadual do Meio Ambiente, Xico
Graziano. " O ar que se respira hoje em Cubatão
é freqüentemente melhor do que o ar
de São Paulo. Esses resultados comprovam
que a natureza, quando ajudada, tem uma incrível
capacidade de recuperação. Mas os
desafios nunca acabam, agora a nossa preocupação
é com o aquecimento global. Nós, do
sistema ambiental, estamos monitorando as emissões
de gases de efeito estufa e a COSIPA é uma
das empresas que já está sendo monitorada",
informou Graziano.
O atual prefeito de Cubatão,
Clermont Silveira Castor, também ressaltou
a atuação da população
de Cubatão, que saiu às ruas com máscaras
para protestar contra os níveis alarmantes
de poluição, mas ponderou ser necessário
que haja maior divulgação dos dados
de recuperação do município,
pois ainda hoje é abordado em outros Estados,
por pessoas que fazem referência ao "Vale
da Morte"."É preciso fazer isso
pela auto-estima do cubatense" salientou Castor.
O prefeito foi informado por Xico
Graziano que o governo construirá na região
da Água Fria, em Cubatão, um jardim
botânico, que será o maior atestado
público da recuperação que
houve na cidade. Outra ação que está
sendo conduzida na região da Serra do Mar,
pelo Governo do Estado, é a remoção
das famílias que ocupam as áreas de
risco na encosta da serra, para locais seguros,
onde poderão ter a escritura definitiva de
suas casas. Esse trabalho é uma das prioridades
do governo e vai absorver R$ 400 milhões,
mas trará como resultado a proteção
do maior patrimônio ambiental de São
Paulo.
O lançamento de carga orgânica
em corpos d'água também atingiu o
objetivo proposto no início do Programa de
Controle de Poluição, com uma redução
de 92,5%. No mesmo período, houve 28,3% de
redução na captação
de água e um aumento de 65,6% na recirculação
da água no processo produtivo, somado à
captação de águas pluviais.
A geração de resíduos de classe
I e II foi reduzida em 17% e houve aumento de 19%
no reúso e reciclagem dos materiais. Portanto,
desde o início do Programa, as empresas reduziram
em 89% a destinação de resíduos
para aterros e incineração.
A prestação de contas
foi uma iniciativa das próprias indústrias,
para mostrar que é possível aliar
o aumento da produtividade e o desenvolvimento econômico,
com medidas positivas para o meio ambiente. A recuperação
da vegetação da Serra do Mar, a volta
da qualidade das águas do rio Cubatão
e a eliminação de estados críticos
de poluição do ar são exemplos
dos siginificativos resultados alcançados.
"Ficamos orgulhosos por sermos
paulistas e termos essa consciência de buscar
o equílibrio entre o desenvolvimento e o
respeito ao meio ambiente. É importante observar
que de 1983 para cá foram anos de 'vacas
magras' para a economia do país, mesmo assim
os investimentos foram feitos e agora estamos tranqüilos,
porque cumprimos a nossa missão e vamos continuar
investindo em desenvolvimento sustentável",
concluiu Paulo Skaf, presidente da FIESP e CIESP.
Texto: Cris Olivette
Foto: José Jorge