O Instituto
de Terras, Cartografia e Geociências (ITCG)
está reunindo uma série de elementos
para aperfeiçoar os trabalhos de elaboração
do Zoneamento Ecológico Econômico do
Estado. Na última quinta-feira (06), o Instituto
promoveu uma oficina sobre Cartografia Social, técnica
em que comunidades tradicionais - como os quilombolas
e faxinalenses - registram em mapas o seu próprio
espaço, revelando aspectos da relação
sociedade-território e valorizando a identidade
cultural destes grupos.
O presidente do Instituto, José
Antonio Peres Gediel, explica que a cartografia
foi um instrumento criado para quem é de
fora conhecer um território estranho. “Nesse
novo método, a Cartografia Social, a visão
de quem é de dentro é levada em conta”,
acrescenta, lembrando que a memória do passado
e do presente serve como um instrumento de trabalho
para o resgate das raízes culturais e a identidade
do grupo.
A técnica foi criada pelo
mestre em Antropologia Social e especialista em
Cartografia Social, Alfredo Wagner Berno de Almeida,
e consiste em um método longo de reconhecimento
dos marcos territoriais, da análise do território
e de discussões dos problemas sociais que
os grupos enfrentam. “A idéia é colocar
como elemento principal de debate a noção
do que o grupo considera como território”,
explica Alfredo.
Nas discussões, os próprios
grupos indicam como se relacionam com o território
e quais são os seus problemas. “Em cada região
as condições específicas de
realização do trabalho são
muito diferentes. Não existe como montar
uma estrutura fixa de pesquisa. É preciso
se adaptar com forme o grupo”, conta o antropólogo.
Fernando de Andrade Pereira, representante
da comunidade quilombola João Surá,
no município de Adrianópolis (região
do Vale do Ribeira), ressalta alguns aspectos que
estão sendo integrados ao ZEE. “A nossa cultura,
os nossos conhecimentos, os conflitos, o que tinha
e hoje não existe mais, os conflitos de terras
e o êxodo rural, são alguns dos temas
que estamos colocando no material”, detalha.
O objetivo do Zoneamento Ecológico
Econômico é, depois de conhecer as
características da área, dividir as
bacias em zonas e definir as atividades e projetos
que serão permitidos e proibidos no local,
de acordo com as necessidades de conservação
e recuperação dos recursos naturais.
Assim torna-se possível um equilíbrio
entre a preservação e uso sustentável
dos recursos naturais e o desenvolvimento econômico.
COPEL - Outra iniciativa que também
irá contribuir com o Zoneamento é
a inclusão dos mapas da Copel no banco de
dados do ZEE. Foram disponibilizados mapas de estradas,
pontes e redes ferroviárias, entre outros,
que irão se juntar com os mapas produzidos
pelo Instituto, como os de quilombolas e de regularização
fundiária.
Com a troca das bases cartográficas
digitais, urbanas e rurais do Estado e de informações
de interesse público das duas instituições,
essa parceria possibilitará a unificação
e a recomposição da cartografia pública
oficial, propiciando um suporte preciso na execução
dos programas, projetos e ações de
instituições públicas nas esferas
Federal, Estadual e Municipal que tenham por meta
o desenvolvimento econômico, social e ambiental.