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MÉRITO DE DEMARCAÇÃO DE RESERVA INDÍGENA NÃO DEVE SER ANALISADO PELO STF, DIZ TOFFOLI

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Agosto de 2008

4 de Agosto de 2008 - Morillo Carvalho - Repórter da Agência Brasil - Antonio Cruz/Abr - Brasília - Advogado-geral da União, José Antônio Toffoli, secretário executivo do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Barreto, consultor jurídico do Ministério da Justiça Rafael Favetti e o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira, participam de seminário sobre a Terra Indígena Raposa Serra do Sol. O simpósio discute aspectos históricos e etnográfico referentes à área, como direitos indígenas, meio ambiente, soberania e faixas de fronteira.

Brasília - Não cabe ao Poder Judiciário analisar o mérito da demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. O entendimento é do advogado-geral da União, José Antonio Dias Toffoli, ao falar na abertura de um simpósio que reúne representantes do governo, especialistas e juristas para discutir sobre a reserva. O evento acontece durante todo o dia de hoje (4), no Ministério da Justiça.

O julgamento da ação que questiona a demarcação contínua da reserva no Supremo Tribunal Federal (STF) está previsto para ocorrer no próximo dia 27. Para Toffoli, o Judiciário deve analisar se o processo demarcatório ocorreu dentro da legalidade, mas a responsabilidade para dizer se a terra é ou não reserva indígena é da Fundação Nacional do Índio (Funai).

“A Justiça pode analisar se o processo de demarcação seguiu os trâmites legais. Mas a análise da tradição de ocupação daquelas terras pelos índios, isso a legislação brasileira delegou à Funai. Não é que o Judiciário não possa fazer essa análise. É que, não cabe ao Judiciário dizer, do ponto de vista do mérito da questão, se a terra é ou não ocupada por índios. Cabe analisar se houve o procedimento correto e adequado da homologação”, defendeu Toffoli.

O consultor jurídico do Ministério da Justiça, Rafael Thomaz Favetti, concorda com a interpretação do advogado-geral, e prevê que a decisão do Supremo vai abrir precedentes para todos os outros processos de demarcação de terras indígenas.

“O STF irá dar um novo modelo de como devem ser feitas as demarcações de terras indígenas no país. Esse modelo parte de questões desde como se dá a homologação pelo Ministério da Justiça, como deve ser feito o laudo antropológico, como deve ser dada a ampla defesa, como deve ser dado o contraditório, como o presidente da República deve ou não decretar área indígena, como deve ser dada as indenizações. Tudo isso o Supremo vai analisar e dar um novo modelo para o Brasil de como devem ser feitas as demarcações”, afirmou Favetti.

A possibilidade de o Supremo criar um precedente sobre demarcações de terras indígenas preocupa o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Barreto.

“Ela preocupa porque pode, sim, gerar algum precedente, e a partir daí, gerar uma enxurrada de ações judiciais que poderiam tentar rever demarcações já feitas. Mas achamos que no Supremo o debate está posto de maneira adequada, e desta forma temos que colocá-lo com a sociedade. A falta de conhecimento do assunto e o preconceito sobre a questão indígena pode conturbar esse debate e acabar por prejudicar o entendimento preciso dessa causa”, disse Barreto.

O presidente da Funai, Márcio Meira disse que caso o Supremo se pronuncie contrário à demarcação contínua “seria uma perda dos direitos constitucionais dos índios. “Portanto nós queremos que esse direito seja garantido pela manifestação do STF. Essa é a nossa expectativa e nós promovemos esse debate para que a população possa ter acesso a essas informações de forma qualificada”, disse.

O líder dos Macuxi, uma das tribos que vivem na Raposa Serra do Sol, Jacir José de Souza, disse que o clima na reserva, neste momento, é de união, e que caso a decisão do STF seja contrária aos interesses dos índios, eles permanecerão no local porque não têm para onde ir.

“Nós ali estamos todos unidos pelos indígenas. Falam que estamos divididos, não é verdade. Depois que recebemos a homologação pelo governo federal, nos aproximamos todos para saber como deve ser o uso da terra”, disse, completando que acredita na vitória dos índios no STF “porque o governo já definiu, já foi olhar com sobrevôo e acredito que vai afirmar o que foi feito”.

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Procurador diz que demarcação da Raposa Serra do Sol baseia-se em laudo "viciado"

4 de Agosto de 2008 - Marco Antônio Soalheiro - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Sob vaias de parte da platéia presente ao seminário promovido pelo Ministério da Justiça para debater a situação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, o procurador-geral do estado de Roraima, Régis Jereissati, disse hoje (4) que a demarcação da área foi feita com base em laudo antropológico “viciado”.

Segundo o procurador, apenas uma das quatro etnias existentes na área, a macuxi, foi consultada, municípios afetados não foram ouvidos e profissionais citados no laudo não tinham atribuições comprovadas. “A demarcação contínua, se for mantida, vai provocar êxodo rural de indígenas para a periferia de Boa Vista [capital do estado], aumentar o conflito entre etnias e isolar índios antes integrados à sociedade”, afirmou Jereissati.

O procurador também destacou a importância das plantações de arroz existentes na Raposa Serra do Sol para a economia do estado. De acordo com Jereissati, essas áreas de cultivo representam apenas 4% da área demarcada e renderam, somente em julho do ano passado, R$ 106 milhões.

A constitucionalidade da demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol em área contínua irá a julgamento no próximo dia 27, no Supremo Tribunal Federal.

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Reunidos em Roraima, agricultores ensaiam reação contra demarcação de terras indígenas

2 de Agosto de 2008 - Marco Antônio Soalheiro - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Agricultores de várias partes do país se unem para fazer críticas às recentes demarcações de terras indígenas anunciadas pelo governo federal. Os produtores rurais participam do 1º Encontro Nacional de Produtores Rurais e Desenvolvimento Sustentável em Áreas Fronteiriças, em Boa Vista, capital de Roraima.

A reunião – promovida pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e pelo governo de local – ocorre no estado onde está localizada a Terra Indígena Raposa Serra do Sol, área de 1,7 milhão de hectares, cuja demarcação é contestada na Justiça, com julgamento previsto para o dia 27 de agosto no Supremo Tribunal Federal (STF).

Na Raposa Serra do Sol vivem cerca de 18 mil índios e parte deles defende a expulsão dos arrozeiros que ocupam aproximadamente 1% da área da reserva. Para o líder dos arrozeiros de Roraima, Paulo César Quartiero, que coordena um movimento de resistência à saída dos fazendeiros da reserva, a presença dos agricultores de outros estados em Boa Vista tem uma simbologia importante.

“Nos dá uma força, um ânimo novo, no sentido de perceber que nossa luta não é solitária. Além de estarmos defendendo nosso interesse pessoal, defendemos a integridade territorial brasileira”, afirmou Quartiero em entrevista à Agência Brasil. “Enquanto os índios pedem apoio na Inglaterra, França, Itália, e até com o papa [eles] estiveram, nós produtores somos brasileiros unidos na mesma bandeira”, acrescentou.

“Somente os 25 mil hectares da plantação de arroz na região da Raposa Serra do Sol movimentam mais de R$ 100 milhões por ano”, afirmou o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Roraima, Almir Sá, conforme nota divulgada pela CNA. Ele se refere às perdas que uma eventual retirada dos arrozeiros da reserva indígena poderia acarretar à economia de Roraima.

Os dois principais eixos do debate entre os agricultores são o direito à propriedade e o que eles chamam de internacionalização da Amazônia.

“Há um risco para a soberania nacional, principalmente nas demarcações feitas nas áreas de fronteira”, afirmou o presidente do Sindicato Rural de Amambaí (MS), Christiano Bortolotto.

Bortolotto informou que pretende expor, durante o encontro, a situação dos agricultores do Mato Grosso do Sul, que se sentem ameaçados pela presença de antropólogos no estado para fazerem, em cumprimento a portarias da Fundação Nacional do Índio (Funai), estudos de demarcação de terras indígenas em 26 municípios.

“Nosso sentimento é de que os títulos de posse centenários têm que ser válidos, não podem ser invalidados de uma hora para outra”, reclamou Bortollotto.

O dirigente sindical negou o suposto objetivo da comitiva do Mato Grosso Sul de trocar experiências com Quartiero sobre um movimento de resistência. O líder dos arrozeiros também disse que não tem nenhuma orientação para os colegas, alegando serem eles de um estado com mais tradição agrícola que Roraima, mas afirmou que a posição contrária à demarcação das terras indígenas em áreas de fronteira é um propósito em comum entre ele e o grupo.

“A causa é de todo mundo. É a luta contra a instalação de uma nova ditadura subordinada ao interesse internacional, que não respeita o direito de propriedade e compromete até a existência de nossa nação. Temos que traçar um planejamento para reagirmos conjuntamente”, defendeu o arrozeiro.

Ao final do encontro na próxima terça feira (5), os agricultores prometem divulgar um documento intitulado “Carta de Roraima” com posições consolidadas sobre os temas em discussão.

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Em Roraima, CNA e governo do estado criticam reservas indígenas em áreas de fronteira

4 de Agosto de 2008 - Marco Antônio Soalheiro - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O governo de Roraima e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) divulgaram na noite de hoje (4) carta em que criticam a demarcação de terras indígenas em áreas de fronteira. O documento traduz as conclusões do 1º Seminário Nacional de Produtores Rurais e Desenvolvimento Sustentável em Áreas Fronteiriças, realizado em Boa Vista.

"Não é recomendável a demarcação de imensas reservas indígenas na faixa de fronteira, nos moldes atualmente propostos pelo governo federal, sobretudo na Amazônia, região de baixa densidade populacional que faz limite com países onde imperam grupos paramilitares e de narcotraficantes que facilmente ultrapassam as fronteiras nacionais", alerta a carta.
“A soberania sobre a Amazônia brasileira deve ser exercida de forma efetiva, materializada num projeto de desenvolvimento sustentável que atenda aos interesses do Brasil e dos 25 milhões de brasileiros que habitam a região e a justificam como território pátrio, apesar da evidente ausência de poder e do vazio demográfico", acrescentam os signatários.

O documento aprovado por lideranças rurais, produtores e também indígenas, ressalta que o estado de Roraima necessita de “condições para promover o seu próprio desenvolvimento e autonomia". Contém ainda críticas ao laudo antropológico que resultou na demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol em área contínua, definido como “ irreal, sem valor legal”, que contraria “direitos adquiridos sobre terras tradicionalmente ocupadas por não-índios.”

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Funai promete incentivos para atividade produtiva de índios da Raposa Serra do Sol

4 de Agosto de 2008 - Marco Antônio Soalheiro - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira, disse hoje (4), em um seminário promovido pelo Ministério da Justiça para debater a demarcação em área contínua da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, que os índios daquela região de Roraima receberão incentivos para o aprimoramento de suas atividades produtivas.

“Nós vamos ter uma política de promoção do desenvolvimento social, econômico e político dos índios, como temos em outras áreas. Há um compromisso assinado com todas as organizações neste sentido. Os 20 mil índios têm plena capacidade e inteligência para produzir o que desajarem”, afirmou Meira.

Segundo o dirigente da Funai, as comunidades indígenas, que já trabalham com agricultura mecanizada, poderão continuar a fazê-lo normalmente , caso seja mantida a demarcação em área contínua. Ações que contestam a constitucionalidade do decreto de homologação da área de 1,7 milhão de hectares serão julgadas no Supremo Tribunal Federal (STF), no dia 27 de agosto.

Demarcação da Raposa Serra do Sol provoca divergências entre senador, MJ e índios

4 de Agosto de 2008 - Marco Antônio Soalheiro - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Último dos convidados pelo Ministério da Justiça a se pronunciar no seminário promovido hoje (4) sobre a demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) criticou a programação do evento e os índios favoráveis à demarcação em área contínua. O senador é autor de uma das ações que contestam, no Supremo Tribunal Federal (STF), a homologação da área de 1,7 milhão de hectares. O julgamento será em 27 de agosto.

“Não é um debate paritário. Nove expositores comungam de um ponto de vista, favorável à demarcação contínua, e apenas dois não comungam. Por que está aqui só uma entidade indígena de Roraima? Foi um debate apenas meio democrático”, reclamou Cavalcanti.

Segundo o senador, seu posicionamento não se deve à defesa de “meia dúzia de arrozeiros”, que produzem na área demarcada: “Tem centenas de famílias de agricultores pobres de quatro municípios sendo excluídas de lá com ofertas de indenização indignas. Defendo eles e também os arrozeiros, que são brasileiros”, afirmou o senador.

Para evitar supostos riscos à soberania nacional em uma área onde, alega, há descaminho de minerais e narcotráfico, Cavalcanti propôs a retirada de 320 hectares da área demarcada, para deixar de fora estradas federais, áreas produtivas e faixas de fronteira.

O senador também atacou o Conselho Indígena de Roraima (CIR), ao citar que a entidade tem parcerias com organizações na Itália, Inglaterra, Holanda, Noruega e Estados Unidos na luta pela manutenção da demarcação contínua. “Seria uma beleza que essa gente que exterminou seus índios estivesse realmente preocupada com os nossos”, ironizou Cavalcanti.

As críticas de Cavalcanti quanto à programação do evento foram rebatidas pelo consultor jurídico do Ministério da Justiça, Rafael Favetti, que mediava o debate. “Várias instituições contrárias à demarcação foram convidadas e se negaram a comparecer. Já em Roraima há hoje um evento semelhante e para esse ninguém chamou o governo federal”, argumentou Favetti.

As palavras do senador também provocaram a reação indignada de indígenas que estavam na platéia. O tuxaua (cacique) da comunidade do Maturuca, Dejacir da Silva, afirmou que o parlamentar era “anti-indígena” e nunca procurou os índios para dialogar.

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Conselho Indígena nega que demarcação em área contínua crie vazios demográficos

4 de Agosto de 2008 - Marco Antônio Soalheiro - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O coordenador do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Jacir José de Souza, classificou hoje (4) de “mentirosas” as alegações de que haveria grandes vazios demográficos com a demarcação em área contínua da Terra Indígena Raposa Serra do Sol.

Na área, de 1,7 milhão de hectares, vivem aproximadamente 20 mil índios que, segundo Jacir, trabalham a terra de forma diferenciada. “Temos respeito aos rios, cachoeiras e lugares para a caça e a pesca. Sabemos viver em contato com a natureza e, quando dizem que há espaços vazios, não é verdade.”

O líder macuxi também ressaltou que a presença de produtores de arroz e garimpeiros brancos naquela área já resultou em uma série de agressões às comunidades tradicionais. “Perdemos 21 lideranças mortas a bala durante 35 anos de luta e nunca matamos nenhum branco. Nós não fomos invadir outro estado, e lá dentro ninguém respeita a gente.”

Segundo Jacir, os índios têm na Raposa Serra do Sol pelo menos 35 mil cabeças de gado, além de plantações de arroz, feijão, milho e mandioca. Ele disse que, com a ocupação da área contínua, seria possível aumentar essa atividade produtiva. O líder macuxi está em Brasília participando de um seminário promovido pelo Ministério da Justiça para debater a situação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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