Panorama
 
 
 

ÍNDIOS SE DIZEM AMEAÇADOS E PRONTOS PARA RECORRER A CORTES INTERNACIONAIS

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Agosto de 2008

12 de Agosto de 2008 - Marco Antônio Soalheiro - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A 15 dias do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) de ações que contestam a demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol em área contínua, índios de Roraima disseram hoje (12) que são constantemente ameaçados pelos agricultores brancos que permanecem na área de 1,7 milhão de hectares e prometeram recorrer a tribunais internacionais caso a decisão do STF não lhes agrade.

“Nós estamos preocupados pelo invasor que lá se encontra, pois continuam as ameaças, dizendo que vão levar 300 pistoleiros e não vão sair barato de lá. Queremos que as pessoas saiam pacificamente e que a gente fique com a nossa terra”, afirmou o coordenador geral do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Dionito José de Souza, que acompanhou audiência pública provida pela Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados sobre o tema.

“Vamos buscar os nossos direitos onde eles estiverem e colocar para o mundo inteiro saber que existem ali povos indígenas e cidadãos brasileiros”, acrescentou o líder indígena.

A posição defendida pelos índios foi amparada durante a audiência por declarações da procuradora da República Déborah Duprat. Ela ressaltou que se o STF mudar o tamanho da área demarcada da Terra Indígena Raposa Serra do Sol (RR) cometerá um ato passível de denúncia em cortes internacionais de direitos humanos.

Outro coordenador do CIR, o macuxi Dejacir de Souza, disse que de 1981 a 2008 os índios de Raposa Serra do Sol foram vítimas de 21 homicídios e 86 ameaças de morte provocadas pela disputa por terras.

+ Mais

Índios de Raposa Serra do Sol defendem demarcação em audiência sem contraditório

12 de Agosto de 2008 - Marco Antônio Soalheiro - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Índios de Roraima puderam hoje (12), pela primeira vez segundo eles, expor argumentos em defesa da demarcação da Terra Índigena Raposa Serra do Sol (RR) em área contínua, na Câmara dos Deputados. Também participaram da audiência promovida pela Comissão de Legislação Participativa representantes do Ministério Público, do governo federal e de entidades da sociedade civil que apóiam a causa indigenista.

No próximo dia 27, o Supremo Tribunal Federal (STF) julgará ações que contestam a demarcação da área de 1,7 milhão de hectares e a obrigatoriedade da saída dos agricultores brancos que mantêm propriedades produtivas.

“Queremos que nos respeitem. Somos os primeiros habitantes do Brasil. Os arrozeiros poluem o Rio Surumu e provocam a morte de animais. O avanço da monocultura gera impactos ambientais como o desmatamento e a contaminação das águas”, afirmou o macuxi Dejacir de Souza, um dos coordenadores do Conselho Indígena de Roraima (CIR), em exposição que abriu a audiência.

O presidente da comissão, deputado Adão Pretto (RS), admitiu ter sido proposital a ausência de convidados contrários à demarcação contínua de Raposa Serra do Sol.

“Aqui na Casa já saíram várias audiências em outras comissões para debater este tema e só falou quem é contra a demarcação. Então nós realizamos este debate com as pessoas que defendem os direitos dos índios. Foi a primeira vez que os índios vieram falar sobre o que eles estão sentindo”, argumentou Pretto.

O coordenador geral de identificação e delimitação de Terras Indígenas da Fundação Nacional do Índio (Funai), Paulo Santilli, ressaltou que os índios possuem um modo de vida tradicional e peculiar a ser protegido por razões antropológicas e também por determinação constitucional.

“Seria uma grande injustiça o Estado brasileiro negar esse direito dos índios à sua preservação e reprodução cívico-cultural”, disse Santilli.

“Pedimos aos juristas brasileiros a humildade de ouvir quem conhece e entende do assunto. A matriz da demarcação é etno-antropológica”, reforçou o consultor jurídico do Ministério da Justiça, Rafael Favetti.

O representante do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Saulo Feitosa, atribuiu as críticas às demarcações de terras indígenas a setores produtivos como o agronegócio e a mineração, definidos por ele como “inimigos históricos” dos índios.

+ Mais

Procuradora diz que STF cometerá retrocesso se reduzir área de terra indígena

12 de Agosto de 2008 - Marco Antônio Soalheiro - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A procuradora da República Deborah Duprat disse hoje (12) que o Supremo Tribunal Federal (STF) cometerá um retrocesso em matéria de direitos humanos, passível de denúncia em cortes internacionais, caso decida no próximo dia 27 de agosto mudar o tamanho da área demarcada da Terra Indígena Raposa Serra do Sol (RR).

“Alterar o território significaria submeter os índios a uma situação de confinamento. Teríamos tudo, menos o território como meio de expressão de vida daquele povo”, afirmou Deborah ao participar de audiência pública promovida pela Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados.

Segundo ela, o debate sobre a homologação da área de 1,7 milhão de hectare em Roraima é marcado por argumentos “preconceituosos, racistas e intolerantes” por parte de quem considera os índios incapazes de defender a soberania do país.

“Não há base empírica para se dizer que há um projeto de nação indígena”, criticou a coordenadora da 6ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal - ligada a temas relativos aos povos indígenas e outras minorias étnicas.

A procuradora ressaltou que os povos indígenas são os maiores produtores de gado do estado de Roraima e deveriam ser contemplados em programas estaduais de desenvolvimento econômico.

Deborah lembrou que os índios esperam pelo reconhecimento da Raposa Serra do Sol há 34 anos e foram envolvidos historicamente em uma disputa desigual.

“É absolutamente desleal e desequilibrada a disputa. Os arrozeiros contam com poder político local e usaram disso por muito tempo para legitimar sua atividade naquela área.”

+ Mais

Índios e simpatizantes vão acampar em Brasília para acompanhar julgamento no STF

12 de Agosto de 2008 - Marco Antônio Soalheiro - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Entidades indígenas e movimentos populares vão montar em Brasília um acampamento com pelo menos 400 pessoas para acompanhar o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) de ações que contestam a demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol (Roraima), previsto para o dia 27 de agosto.

“O que está em jogo é um modo de vida que não é baseado na monocultura, na agressão ambiental e em desrespeito aos povos, mas sim na solidariedade e na preservação da natureza. Vamos dizer juntos com os indígenas que aquela terra tem dono”, afirmou à Agência Brasil a coordenadora do Comitê Nacional em Defesa da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, Maria José Costa, uma pequena agricultora do Piauí que a aderiu à causa. Ela participou de audiência pública sobre o tema promovida pela Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados.

O comitê é composto por entidades como a Via Campesina, o Conselho Indigenista Missionário e a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab). Segundo Maria José, em vez de debater o direito dos índios à terra, o que a sociedade deve questionar são “os milhares de hectares que as multinacionais possuem em áreas de fronteira”.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

Universo Ambiental  
 
 
 
 
     
SEJA UM PATROCINADOR
CORPORATIVO
A Agência Ambiental Pick-upau busca parcerias corporativas para ampliar sua rede de atuação e intensificar suas propostas de desenvolvimento sustentável e atividades que promovam a conservação e a preservação dos recursos naturais do planeta.

 
 
 
 
Doe Agora
Destaques
Biblioteca
     
Doar para a Agência Ambiental Pick-upau é uma forma de somar esforços para viabilizar esses projetos de conservação da natureza. A Agência Ambiental Pick-upau é uma organização sem fins lucrativos, que depende de contribuições de pessoas físicas e jurídicas.
Conheça um pouco mais sobre a história da Agência Ambiental Pick-upau por meio da cronologia de matérias e artigos.
O Projeto Outono tem como objetivo promover a educação, a manutenção e a preservação ambiental através da leitura e do conhecimento. Conheça a Biblioteca da Agência Ambiental Pick-upau e saiba como doar.
             
       
 
 
 
 
     
TORNE-SE UM VOLUNTÁRIO
DOE SEU TEMPO
Para doar algumas horas em prol da preservação da natureza, você não precisa, necessariamente, ser um especialista, basta ser solidário e desejar colaborar com a Agência Ambiental Pick-upau e suas atividades.

 
 
 
 
Compromissos
Fale Conosco
Pesquise
     
Conheça o Programa de Compliance e a Governança Institucional da Agência Ambiental Pick-upau sobre políticas de combate à corrupção, igualdade de gênero e racial, direito das mulheres e combate ao assédio no trabalho.
Entre em contato com a Agência Ambiental Pick-upau. Tire suas dúvidas e saiba como você pode apoiar nosso trabalho.
O Portal Pick-upau disponibiliza um banco de informações ambientais com mais de 35 mil páginas de conteúdo online gratuito.
             
       
 
 
 
 
 
Ajude a Organização na conservação ambiental.