22/08/2008
- Empresas privadas, prefeituras, órgãos
de governo e demais instituições conheceram
as ferramentas necessárias para elaborarem
seus inventários de emissões de gases
de efeito estufa durante o encontro técnico
“Metodologias de inventário de gases de efeito
estufa para organizações públicas
e empresas: transparência na prestação
de contas sobre gestão de emissões”,
realizado no último 21.08, na sede da Companhia
de Tecnologia de Saneamento Ambiental – CETESB e
da Secretaria de Estado do Meio Ambiente – SMA.
O encontro foi dividido em dois
painéis, sendo o primeiro sobre os inventários
corporativos e institucionais e o segundo sobre
os inventários de emissões de governos.
Os 350 participantes conheceram as metodologias
do Greenhouse Gas Protocol – GHG Protocol, que pode
ser aplicado a qualquer organização,
pública e privada, porque vai de acordo com
as características de cada instituição,
e da rede de Governos Locais pela Sustentabilidade
– ICLEI, que é focada para a elaboração
de inventários de emissões de governos
locais. Os palestrantes dos painéis responderam
às perguntas do público presente e
participaram de debates, coordenados por Josilene
Ferrer e Oswaldo Lucon, da CETESB.
Rachel Biderman, do Centro de
Estudos em Sustentabilidade da Fundação
Getúlio Vargas – Gvces/FGV, afirmou que apesar
de não ser obrigatório no Brasil,
o inventário é necessário para
que as instituições conheçam
o perfil de suas emissões e possam direcionar
suas atitudes. “Acreditamos que o inventário
de emissões será obrigatório
em breve e quem elabora-lo agora será mais
competitivo no futuro”, antecipa. A metodologia
está disponível paraa todos, de forma
gratuita, no site www.ghgprotocol.org.
Para Stephen Russel, do World
Resources Institute – WRI, a pegada corporativa
nada mais é do que uma lista que identifica
as emissões e fontes de gases de efeito estufa
de uma instituição. “Com a pegada
corporativa é possível traçar
e alcançar metas de responsabilidade socioambiental”,
explica. Russel esclareceu que as informações
a respeito da produção e transporte
de insumos e no varejo, consumo e descarte de produtos
devem entrar na relação das emissões.
De acordo com Laura Valente de
Macedo, do ICLEI, as metas e os cálculos
são ferramentas de gestão, o importante
é como usá-los. “Não importa
se as metodologias são diferentes, na verdade,
todas elas são esforços para promover
ações”, declarou. Para Laura, as pessoas
precisam refletir em como o estilo de vida de cada
um afeta o ambiente global. “O grande esforço
é criar massa crítica para o envolvimento
da sociedade na redução da pegada
corporativa nas cidades”, enfatizou.
João Wagner Silva Alves,
gerente da Divisão de Questões Globais
da CETESB, afirmou que até 2009 o Brasil
terá um novo inventário nacional de
emissões e adiantou que é preciso
encontrar uma ferramenta para elaborar o inventário
estadual. “A ferramenta de elaboração
do inventário é importante para que
o gestor saiba onde estão suas prioridades”.
João também esclareceu que não
se deve confundir gases de efeito estufa com poluentes
convencionais. “Quanto mais dados e fatores de emissão,
melhor será a qualidade das informações,
com menos incertezas”, pontuou.
Giovanni Barontini, da Fábrica
Ethica, apresentou o Carbon Disclosure Project –
CDP, iniciativa mundial que reúne mais de
385 investidores, sendo 41 brasileiros, que administram
57 trilhões de dólares em ativos financeiros.
O CDP, Relatório de Informações
sobre Carbono, na sigla em inglês, foi idealizado
como um mecanismo eficaz para permitir que as empresas
e os investidores em todo o mundo tenham acesso
a informações confiáveis a
respeito do impacto provocado pelas Emissões
de Gases de Efeito Estufa e pelas conseqüentes
mudanças climáticas sobre os resultados
das companhias. Para Giovanni, as respostas enviadas
pelas empresas brasileiras em 2007 foram positivas.
“Das 60 empresas que receberam o questionário,
apenas três não responderam, isso foi
sensacional”, vibrou.
De acordo com Fernando Rei, presidente
da CETESB, o Estado de São Paulo vem fazendo
o seu papel. “Ao ver esse auditório lotado,
acredito que ainda exista uma lacuna na questão
da capacitação e informação
gratuita, mas esse será o primeiro de vários
encontros”, disse. “O Estado de São Paulo
e a CETESB estão comprometidos e agindo frente
à essa questão”, enfatizou.
Para Ana Claudia Moreira Matos, administradora e
aluna de MBA em gestão ambiental, o evento
vem de encontro com os debates em sala de aula.
“Esse assunto está na moda e eventos como
este são ótimos porque fazem a ligação
da teoria do curso com a realidade”, afirmou.
Texto: Valéria Duarte
Foto: José Jorge e Pedro Calado