29 de Agosto de 2008 - São
Paulo (SP), Brasil — Ministro
das Minas e Energia admite que construção
da usina nuclear não deverá ser iniciada
em setembro, conforme o previsto.
Não deu outra: apesar de
ainda não terem começado, as obras
da usina nuclear Angra 3 já estão
atrasadas. Foi o próprio ministro das Minas
e Energia, Edison Lobão, quem admitiu esta
semana que o prazo previsto para o início
da construção, 1o. de setembro, não
vai ser cumprido. Segundo reportagem publicada nesta
sexta-feira no jornal O Estado de S. Paulo, O problema
é que a Eletronuclear ainda aguarda a visita
de ministros do Tribunal de Contas da União
(TCU) às instalações de Angra
e também a liberação da licença
de instalação da usina pelo Ibama.
Em novembro de 2007,o deputado
federal Edson Duarte (PV-BA) entrou com representação
no TCU, a pedido do Greenpeace, denunciando a irregularidade
da retomada das obras de Angra 3 pelo governo porque
ela não obteve autorização
do Congresso, conforme determina a Constituição
brasileira.
O ministro do Meio Ambiente, Carlos
Minc, tem afirmado que só dará a licença
de instalação caso a estatal encarregada
das obras e da operação da usina apresente
uma solução definitiva para o lixo
nuclear. Essa era uma das 60 exigências feitas
à Eletronuclear pelo Ibama ao conceder a
licença prévia de Angra 3. A estatal
já mandou avisar que não há
como cumpri-la e o ministro Lobão, desafiando
Minc, afirmou que as obras começariam impreterivelmente
no dia 1o. de setembro. Como vemos agora, nada é
como parece ser...
"O destino final do lixo
nuclear é um problema sem solução
dos reatores atômicos aqui e em qualquer lugar
do mundo", afirma Rebeca Lerer, coordenadora
da campanha de Nuclear do Greenpeace Brasil. "No
final de agosto, o presidente Lula decretou prazo
de 60 dias para o setor nuclear apresentar proposta
de como vai resolver a questão, mas a Eletronuclear
e o ministro Lobão sabem que é impossível
cumprir essa condicionante. Resta saber se o MMA
vai ceder à pressão."
Obras de usinas nucleares são
sinônimo de atraso - aqui e no mundo. Projetos
tidos como símbolos do pretenso renascimento
nuclear, os EPRs da Areva em Flamanville (França)
e Olkiluoto (Finlândia), também vêm
sofrendo problemas com seus cronogramas. A usina
francesa começou há apenas nove meses
e já está nove meses atrasada. As
obras do EPR finlandês foram iniciadas em
2005 e já estão dois anos atrasadas,
além de estar com seu orçamento estourado
em cerca de 1 bilhão de euros e apresentar
diversos problemas de segurança.
O governo brasileiro diz que Angra
3 custará cerca de R$ 8 bilhões e
estará pronta em 2014. Levando-se em conta
o histórico de atrasos e rombos financeiros
em construção de reatores atômicos
aqui (Angra 1 e 2) e no mundo, não é
preciso ser vidente para prever que tanto o orçamento
como o cronograma das obras não serão
cumpridos. E quem paga essa conta? Eu, você
e todo mundo que paga impostos no país, para
variar.
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Obras de usina nuclear francesa
mal começaram e já estão atrasadas
27 de Agosto de 2008 No aniversário
do desastre de Chernobyl, 30 ativistas do Greenpeace
colocaram uma faixa exigindo a paralisação
das obras da nova usina EPR na França, por
ser um projeto caro, perigoso e que não contribui
para o combate às mudanças climáticas.
Flamanville, França — Flamanville vem apresentando
os mesmos problemas de cronograma e custos do reator
de Olkiluoto, na Finlândia.
Além de serem projetos
gêmeos da estatal francesa Areva, as usinas
nucleares de Flamanville, na França, e Olikiluoto,
na Finlândia, têm outra coisa em comum:
ambos estão com suas obras atrasadas. Os
trabalhos na usina francesa estão nove meses
atrás do cronograma inicial; em Olkiluoto,
dois anos. Além do atraso, as obras da usina
finlandesa também já estouraram o
orçamento inicial em mais de 2 bilhões
de euros e enfrentam diversos problemas de segurança.
"A Areva não aprendeu
coisa alguma com os problemas de Olkiluoto e os
repete todos em Flamanville", afirma Jan Beranek,
da campanha de Nuclear do Greenpeace Internacional.
"
Segundo o jornal francês
Le Canard Enchaine, os atrasos na obra em Flamanville
aconteceram por conta de problemas de concretagem
da usina, entre outros - os mesmos verificados em
Olkiluoto.
"As obras em Flamanville
deveriam ser abandonadas", afirma Beranek.
"A França estaria melhor servida com
investimentos em projetos mais seguros e limpos
como os de energia renovável e eficiência
energética, descritos no relatório
Revolução Energética do Greenpeace."