(28/08/2008)
A natureza é o principal laboratório
para os cientistas da Embrapa Recursos Genéticos
e Biotecnologia que trabalham com controle biológico
de pragas da agricultura.
Nos laboratórios dessa
unidade de pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária – Embrapa, localizada em Brasília,
DF, os pesquisadores reproduzem as relações
dos insetos na natureza para desenvolver produtos
biológicos capazes de controlar pragas agrícolas,
livrando assim o meio ambiente do uso intensivo
de defensivos químicos. Quem quiser conhecer
parte dessas pesquisas, deve visitar a 105ª
Feira Botânica do Shopping CasaPark, que acontece
no período de 29 a 31 de agosto, em Brasília.
Ao contemplar uma inocente joaninha,
com seus cerca de 10 milímetros de comprimento,
ninguém imagina que ela é uma voraz
predadora de, pelo menos, três pragas agrícolas:
pulgões, ácaros e cochonilas. O pulgão,
por exemplo, é um inseto sugador capaz de
se multiplicar rapidamente, causando sério
prejuízos econômicos para várias
culturas agrícolas, como algodão,
entre outras. Das cerca de 4.000 espécies
conhecidas, pelo menos 250 causam perdas agrícolas.
Eles se alimentam da seiva das plantas, perfurando
os vasos condutores.
Pois é. Mas os cientistas
da Embrapa sabem e estudam a fundo o potencial da
joaninha como predadora. E esse é apenas
um exemplo, pois as pesquisas envolvem muitos outros
insetos predadores, como: tesourinhas, besouros,
vespas e formigas, entre muitos outros.
O que é controle biológico?
O controle biológico tem
como objetivo controlar as pragas agrícolas
e os insetos transmissores de doenças a partir
do uso de seus inimigos naturais. É um método
de controle racional e sadio, pois se baseia no
estudo da relação entre os seres vivos
no meio ambiente, que é reproduzida pelos
cientistas em condições experimentais.
Esses inimigos naturais podem
ser outros insetos benéficos, predadores,
parasitóides, e microrganismos, como fungos,
vírus e bactérias, específicos
para controlar os insetos-alvo.
O objetivo final das pesquisas
é usá-los no desenvolvimento de produtos
biológicos que não deixam resíduos
nos alimentos e são inofensivos ao meio ambiente
e à saúde da população.
A Embrapa Recursos Genéticos
e Biotecnologia, unidade de pesquisa da Embrapa,
desenvolve pesquisas de controle biológico
de pragas desde a década de 80, com o objetivo
de reduzir o uso de pesticidas químicos empregados
no manejo integrado de pragas. Essas pesquisas podem
contribuir para a melhoria da qualidade do produto
agrícola, redução da poluição
ambiental, preservação dos recursos
naturais e, portanto, para a sustentabilidade dos
ecossistemas.
Fernanda Diniz
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Embrapa e Centro Paula Souza inauguram
biodigestor em Cabrália Paulista
(25/08/2008) Depois de um ano
de pesquisa e de investimentos de cerca de R$ 400
mil, será inaugurado na sexta-feira(29),
às 17 horas, na Escola Técnica Estadual
Astor de Mattos Carvalho (ETEC), em Cabrália
Paulista (SP), o biodigestor para saneamento básico,
produção de bioenergia e biofertilizante,
desenvolvido pela Embrapa Instrumentação
Agropecuária, unidade da Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
em parceria com o Centro Estadual de Educação
Tecnológica Paula Souza.
O projeto recebeu também
os apoios da Firestone Building Products, da Ecosys
e da Prefeitura Municipal de Cabrália Paulista.
O diretor-presidente da Embrapa, Silvio Crestana,
e a diretora-superintendente do Centro Paula Souza,
Laura Laganá, entre outras autoridades, estarão
presentes na solenidade de inauguração.
O biodigestor é anaeróbio,
do tipo tubular, tem 50 metros de comprimento e
quatro de largura, com 250 metros cúbicos
de capacidade de armazenamento de líquidos,
o suficiente para produzir, pelo menos, 13 metros
cúbicos de biogás e seis metros cúbicos
de biofertilizante diariamente.
A tecnologia foi desenvolvida
com a proposta de realizar o tratamento básico
de resíduos orgânicos em uma pequena
comunidade rural e, assim, promover sua a sustentabilidade
social, econômica e ambiental. A Escola Técnica
Estadual Astor de Mattos Carvalho, unidade do Centro
Paula Souza, possui as condições ideais
para a realização desses experimentos,
considerando os 100 alunos que moram em regime de
semi-internato e uma granja com 50 suínos.
Todo o esgoto orgânico, como fezes e urina,
gerados estão sendo tratados no sistema biodigestor
instalado.
A ETEC utilizará o experimento
como tema de ensino, o biogás para abastecer
fogões de cozinha, aquecimento de granjas,
motor e gerador elétrico, e o biofertilizante
para adubar a produção de cultivares.
Para o diretor da escola, Lourenço Magnoni
Jr, a instalação do biodigestor credencia
o aluno para trabalhar em projetos de biodigestão.
“Coloca-o em sintonia com a tendência do mercado,
que é à busca de energia alternativa”,
diz.
O pesquisador Wilson Tadeu Lopes
da Silva, da Embrapa Instrumentação
Agropecuária, responsável pelo desenvolvimento
do projeto, explica que os biodigestores têm
sido objeto de grande destaque devido a atual crise
de energia e conseqüente busca de fontes alternativas,
e pelo intenso processo de modernização
da agropecuária, que além da grande
demanda de energia, produz um volume de resíduos
animais e de culturas, que ocasiona muitas vezes
problemas de ordem sanitária.
“O diferencial deste biodigestor
está no tratamento conjunto de resíduos
humanos e animais em um único sistema, proporcionando
otimização dos recursos utilizados
na implantação e operação
do sistema. O desenvolvimento de filtros para melhoria
da eficiência do biogás é tema
que brevemente será estudado”.
O projeto contou com a colaboração
do ex-pesquisador da Embrapa, o consultor na área
de saneamento, Antonio Pereira de Novaes, que tem
grande experiência em biodigestores. Ele trabalha
com o tema desde 1980. Segundo Novaes, a construção
do biodigestor de Cabrália Paulista segue
o mesmo princípio do sistema Fossa Séptica
Biodigestora, desenvolvido por ele em 2001, e vencedora
do Prêmio Tecnologia Social da Fundação
Banco do Brasil, 2003, disseminada hoje em todo
o país.
Joana Silva