Panorama
 
 
 

ÍNDIOS DIZEM QUE NÃO DESOCUPAM ÁREAS DA RAPOSA,
QUALQUER QUE SEJA A DECISÃO DO STF

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Agosto de 2008

26 de Agosto de 2008 - Luana Lourenço - Enviada Especial - Boa Vista - Os 18 mil índios que vivem na Terra Indígena Raposa Serra do Sol não deixarão de ocupar nenhuma área dos 1,7 milhão de hectares da reserva, mesmo que o Supremo Tribunal Federal decida amanhã (27) pela ilegalidade da demarcação contínua e autorize a permanência de arrozeiros e famílias de agricultores brancos na área. A afirmação foi feita hoje (26) pelo coordenador-geral do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Dionito José de Souza.

“O STF pode tomar decisão de qualquer forma que seja, mas aquela terra ali nós vamos continuar ocupando. Os povos indígenas não vão sair de lá, sendo [a demarcação] em área continua ou em ilhas. A gente não vai aceitar limite de arrozeiro ou alguém que queira limitar nossa terra ali.”

O Supremo julgará amanhã ações que contestam a demarcação, homologada em 2005 pelo governo federal. Um grupo de grandes produtores de arroz e famílias de agricultores brancos querem permanecer em parte da área da terra indígena.

“Ninguém quer viver com bandido, queremos que tirem os arrozeiros de lá”, afirmou Dionito Souza. “Eu, que sou dono da terra, deveria ter matado esse cara [Paulo César Quartiero, líder dos rizicultores] a flechada, mas não fiz isso. A gente reconhece os direitos dele – quer trabalhar, trabalhe, mas não em uma terra dos outros, não seja invasor”, acrescentou.

Ele teme inclusive a possibilidade de conflito após a decisão do STF, principalmente no Distrito de Surumu, dentro da reserva, área de maior tensão entre fazendeiros e índios contrários e favoráveis à demarcação contínua.

“Não duvido que haja confusão. Quando determinaram a retirada, eles já soltaram bomba. Se ele [Quartiero] perder agora, vai ficar chateado mesmo. A situação vai ficar tranqüila se eles nos deixarem tranqüilos, se não vierem perturbar a nossa vida como têm feito”, apontou.

A Polícia Federal já recebeu reforço no contingente para monitorar a área nos próximos dias. Agentes da Força Nacional de Segurança também estão na região.

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Líder indígena teme conflito com agricultores após julgamento no Supremo

26 de Agosto de 2008 - Luana Lourenço - Enviada Especial - Boa Vista - A um dia do julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a legalidade da demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, índios do Distrito de Surumu, dentro da reserva, mostram-se preocupados com a possibilidade de conflito com produtores de arroz e outros agricultores brancos que vivem na área, após a decisão do tribunal.

“Tem muita gente estranha por lá esses dias, que fica rondando a aldeia, às vezes de moto, outras de carro. A gente sabe que são jagunços”, disse o tuxaua (cacique) Severino, da etnia macuxi.

A Polícia Federal confirmou a convocação de contingente para reforçar o monitoramento da região nos próximos dias.

Ontem (25), um grupo de 50 agentes chegou a Boa Vista e será deslocado para a terra indígena, a cerca de 200 quilômetros da capital, para garantir reforço durante o julgamento e conter possíveis conflitos entre indígenas e produtores de arroz após a decisão do STF.

Homens da Força Nacional de Segurança também estão na região desde abril.

O STF julgará ações que contestam a demarcação, homologada em 2005 pelo governo federal, impetradas para garantir a permanência de arrozeiros e famílias de agricultores brancos em parte da área de 1,7 milhão de hectares.

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Tarso diz que julgamento da demarcação de Raposa Serra do Sol cria "uma certa tensão"

25 de Agosto de 2008 - Da Agência Brasil - Brasília - O ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou hoje (25) que há uma certa tensão em relação ao julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) da constitucionalidade da demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. “É uma decisão que vai influenciar todas as demarcações daqui pra frente”, assinalou ele.

De acordo com Tarso, a demarcação foi bem feita e baseada na Constituição, que protege os direitos dos indígenas. Por isso, ele entende que não haveria necessidade de mudar a posição da União Federal. “Agora digo e repito, o Supremo [Tribunal Federal] interpreta a Constituição em última instância e vamos cumprir aquilo que for deliberado.”

Ele garantiu ainda que não há determinação para que a Força Nacional de Segurança permaneça nas terras após o julgamento. Cerca de 170 homens da Força Nacional farão a segurança na reserva indígena. Além desse contingente, o governo enviará para o local agentes da Policia Federal, mas Tarso não confirmou o número de homens por questões de segurança.

O ministro fez as afirmações hoje (25), durante a abertura do 13° Congresso Nacional de Policiais Federais (Conapef). Nos próximos dois dias, os participantes do evento discutirão o papel da PF no século 21. Entre os temas que serão debatidos está a relação da polícia com a mídia, investigação criminal e carreira policial.

O advogado-geral da União, Antonio Dias Toffoli, também participou da abertura do 13º Congresso Nacional de Policiais Federais. Ao falar sobre o julgamento da questão da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, ele se mostrou confiante na vitória [da demarcação contínua].

Toffoli reafirmou que a posição do governo é de defesa do processo que homologou prque está baseado em laudos antropológicos e na historia do país. “A terra indígena é terra da União, é um dever do Estado homologá-la, está na Constituição. Não é patrimônio dos índios. Então, não há nenhuma preocupação em ser área de fronteira ou de que as riquezas possam ir para os índios. O que está se cumprindo é o que está na Constituição.”

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Em Brasília, índios da Raposa Serra do Sol esperam que STF cumpra a Constituição

25 de Agosto de 2008 - Marco Antônio Soalheiro* - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Pelo menos 24 índios representantes das comunidades da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, já estão em Brasília para acompanhar o julgamento de ações que contestam a demarcação da reserva em área contínua, marcado para a próxima quarta-feira (27), no Supremo Tribunal Federal (STF). Um dos líderes do grupo, o conselheiro de Saúde Valuar Alves de Souza, da etnia Macuxi, afirmou hoje (25) que os indígenas confiam em uma decisão judicial que confirme o direito dos índios sobre as terras.

“Já viemos a Brasília falar com vários ministros que não vamos reagir e estamos aguardando a Justiça. Se existe Justiça no Brasil, se existe a lei, estamos esperando que se cumpra a Constituição”, disse Souza.

Na Raposa Serra do Sol vivem aproximadamente 18 mil índios. A área foi homologada em 2005 pelo governo federal com 1,7 milhão de hectares. Entretanto, um grupo de grandes produtores de arroz e famílias de agricultores brancos se nega a deixar a área, por não concordarem com os valores de indenização propostos pela Fundação Nacional do Índio (Funai). Sustentam ainda ocuparem apenas 1% das terras.

Os índios insistem, porém, que a área deve ficar exclusivamente para a utilização pelas comunidades. “Há mais de 40 anos estamos lutando na Raposa Serra do Sol. Ela foi delimitada, depois foi feita a demarcação. Onde está uma lei para revogar outra vez? Vai ser um prejuízo para a comunidade. Nascemos ali, criamos nossos filhos e vamos permanecer ali”, afirmou Souza.

Segundo relatou o índio macuxi, a Polícia Federal está monitorando a reserva, mas não haveria, por parte dos indígenas, disposição para um confronto com os agricultores após a decisão do STF.
“Nosso povo está mantendo firme seu trabalho e não estamos ameaçando ninguém”, garantiu.

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Bispo diz que mudança na demarcação da Raposa seria “fatal” para os índios

25 de Agosto de 2008 - Marco Antônio Soalheiro* - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O bispo dom Erwin Krautler, que atua na região do Xingu (PA) e possui um histórico de luta em defesa dos direitos humanos, disse hoje (25) em Brasília temer os efeitos de uma eventual decisão judicial que modifique a demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima.

O Supremo Tribunal Federal (STF) julgará na próxima quarta-feira (27) ações que contestam a demarcação promovida pelo governo federal e foram impetradas com objetivo de garantir a permanência de arrozeiros e famílias de agricultores brancos em parte da área de 1,7 milhão de hectares.

“Se decidirem contra os povos indígenas, isso cria um precedente fatal. Qualquer área hoje demarcada e homologada seria passível de um novo estudo. De repente vão descobrir riquezas naturais e dizer que a homologação não vale. Estou com muito medo, porque as forças do capital são tremendas e querem avançar sobre as áreas”, afirmou dom Krautler.

Segundo o religioso, há em toda a região amazônica muitas pessoas ameaçadas, correndo risco de vida, por defenderem outro modelo de desenvolvimento.

“Não adianta só mandar policial. Tem que cumprir a Constituição [Federal], que não pode ser questionada por meia dúzia de arrozeiros”, reclamou.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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