(03/09/2008) Segundo
maior bioma do Brasil, com mais de 1,9 milhão
de quilômetros quadrados de área que
se estende por 12 estados e pelo Distrito Federal,
onde está cerca de um terço da biodiversidade
do País e 5% da fauna e flora mundiais –
tudo no Cerrado é superlativo, inclusive
quando os dados se referem às perdas.
Em pouco mais de três décadas,
metade da vegetação nativa já
se perdeu na dinâmica da ocupação
humana, resultante principalmente das atividades
agropecuárias, do desenvolvimento urbano,
da produção de carvão e de
mais uma série de outras ações
que avançam sobre a região.
Na publicação Cerrado:
Ecologia e Flora – Volume I, editada pela Embrapa
Informação Tecnológica em parceria
com a Embrapa Cerrados, com o apoio financeiro da
organização não-governamental
The Nature Conservancy (TNC), 48 pesquisadores de
diversas instituições parceiras apresentam
os resultados de estudos desenvolvidos durante anos,
exclusivamente sobre os recursos naturais do bioma.
O objetivo foi reunir esse conhecimento e contribuir
com a implantação de modelos de desenvolvimento
sustentável, por meio de tecnologias que
possibilitem, ao mesmo tempo, a preservação
e o uso racional da biodiversidade do cerrado.
“O ser humano somente acha valor
naquilo que ele conhece, assim procuramos incluir
nesta publicação o conhecimento mais
importante disponível sobre os recursos naturais
do bioma Cerrado”, explica o biólogo José
Felipe Ribeiro, da Embrapa Cerrados e um dos três
organizadores da publicação que foi
lançada na 20a. Bienal Internacional do Livro
de São Paulo, no mês de agosto.
Pela linguagem e diversidade de
conteúdo, o livro Cerrado: Ecologia e Flora
– Volume I atende não só a cientistas,
como a professores, administradores, técnicos,
estudantes e à sociedade interessada em saber
mais sobre o perfil do bioma e suas especies, o
tipo de clima, solos, fitofisionomias, ecorregiões
e unidades de conservação e sua representatividade
ecológica.
Renomados especialistas em diversas
áreas - como Agronomia e Engenharia Florestal,
Biologia, Botânica e Geologia, Economia, Antropologia
e Farmácia - contribuíram com a elaboração
dos capítulos.
A criação, a ampliação
e a manutenção de bancos de germoplasma
para a utilização em programas de
melhoramento genético, caracterização
florística, fitossociológica e morfológica,
agronômica e a domesticação
de espécies com potencial econômico
são alguns dos temas abordados na publicação.
Um capítulo também
foi dedicado à ocupação indígena
no bioma e outro às questões relacionadas
às interações com o governo,
a iniciativa privada e a sociedade em ações
de conservação, como o estabelecimento
de Áreas de Reservas Legais (ARL) e de Preservação
Permanente (APP), em propriedades rurais. O volume
II de Cerrado: Ecologia e Flora também já
está pronto para ser lançado em breve.
Katia Marsicano
Embrapa Informação
+ Mais
Integração entre
lavoura, pecuária e florestas em congresso
científico
(01/09/2008) Para discutir o momento
e as potencialidades da integração
lavoura-pecuária-floresta, está marcado
para o dia 4 de setembro, das 10:30h às 12:40h,
painel temático dentro do XXVII Congresso
Nacional de Milho e Sorgo. A coordenação
será do pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo
Ramon Costa Alvarenga.
Serão três palestras:
"Segunda safra de grãos com integração
lavoura-pecuária", com Lourival Vilela,
da Embrapa Cerrados; "Alternativas do cultivo
do milho e do sorgo na integração
lavoura-pecuária na região Sul",
com Sérgio José Alves, do Iapar (Instituto
Agronômico do Paraná); e "Manejo
da fertilidade do solo em integração
lavoura-pecuária", com Antônio
Marcos Coelho, da Embrapa Milho e Sorgo.
Necessidade de se intensificar
o uso da terra visando ao aumento da produtividade
agrícola para compensar a margem de lucro
cada vez menor. Pastagens degradadas e com produtividade
abaixo do potencial, o que provoca escassez de forragem
durante o período seco do ano. E dificuldades
de manutenção dos maciços florestais,
já que há um período de vários
anos de investimentos sem retorno financeiro até
que se chegue ao momento da colheita. Grande parte
do meio rural brasileiro apresenta uma destas três
realidades.
Unir as três atividades
(agrícola, pecuária e florestas) é
a proposta dos chamados sistemas agrossilvipastoris,
que promovem a diversificação de atividades
rurais, a intensificação sustentável
do uso da terra e podem gerar mais renda no campo.
Resultados
A Embrapa tem resultados de pesquisas
na área de integração lavoura-pecuária-floresta
que mostram a sua viabilidade tanto técnica
como financeira. Uma das conclusões a que
se chegou foi que o sinergismo entre lavouras e
pastagens modifica o ambiente físico, químico
e biológico do solo e beneficia ambas as
atividades.
Os pesquisadores envolvidos nas
pesquisas contam que foi questão de tempo
agregar o segmento florestal. De acordo com eles,
os sistemas agrossilvipastoris têm ganhado
importância dentro da propriedade rural por
permitirem a continuidade na produção
de grãos e de pastagens num patamar maior
de produtividade.
O segmento florestal representa
uma espécie de poupança para o agropecuarista,
pois os custos neste segmento acabam sendo menores
justamente por causa das outras atividades associadas:
lavouras e pastagens.
Ainda de acordo com os pesquisadores
da Embrapa, uma vantagem do sistema de integração
lavoura-pecuária-floresta merece destaque:
é a redução na pressão
pelo desmatamento,causado tanto na busca de novas
áreas como atrás de madeira.
Apenas na região do Cerrado
brasileiro, há cerca de 60 milhões
de hectares com pastagens degradadas que podem ser
recuperadas e inseridas no sistema. No consórcio
com capim, as culturas de milho e sorgo apresentam
vantagens quando são comparadas a outras.
Clenio Araújo