Panorama
 
 
 

LEVANTAMENTO SOBRE O ALCANCE TERRITORIAL DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Setembro de 2008

(01/09/2008) Qual a disponibilidade de terras para ampliar a produção de alimentos e energia, para a reforma agrária, para o crescimento das cidades e a instalação de obras de infra-estrutura no Brasil? Segundo pesquisa realizada pela Embrapa Monitoramento por Satélite, em termos legais, apenas 7% do bioma Amazônia e 33% do país seriam passíveis de ocupação econômica urbana, industrial e agrícola.

Nos últimos anos, um número significativo de áreas foram destinadas à proteção ambiental e ao uso territorial exclusivo de algumas populações. A pesquisa avaliou, pela primeira vez, o alcance territorial dessa legislação em todo o País. O conjunto de todas áreas protegidas levaram a uma restrição legal de uso das terras sobre mais de 93% do bioma Amazônia, colocando na ilegalidade grande parte da atividades econômicas regionais.

Dos 4.240.605 km2 do bioma Amazônia, menos de 289.000 km2 estariam legalmente disponíveis para ocupação intensiva, seja agrícola, urbana ou industrial. No Brasil, seriam cerca de 2.841.000 km2, 33 % do território, o que corresponde quase à área já ocupada pela pecuária. "Onde colocar o que já está ocupado por áreas agrícolas, cidades, atividades energético-mineradoras, industriais e infra-estruturas?", indaga o pesquisador, e Chefe Geral da Embrapa Monitoramento por Satélite, Evaristo de Miranda.

Os resultados da primeira fase da pesquisa da Embrapa são inequívocos: para respeitar a legislação ambiental em vigor, por exemplo, em menos 7% da área do bioma Amazônia deveriam estar capitais, cidades e vilarejos, áreas de agricultura, indústrias, todas as obras de infra-estrutura, incluindo as do PAC, e boa parte de seus quase 25 milhões de habitantes.

O problema, de acordo com ele, vai agravar-se. Existem propostas de novas unidades de conservação (UCs). Segundo mapeamento do IBAMA, além das UCs já existentes, as novas áreas consideradas como alta, muito alta e extremamente alta para conservação prioritária da biodiversidade somam mais de 3.000.000 de km2. Há propostas de criação e ampliação de terras indígenas, de áreas para quilombolas e para reforma agrária.

Ao mesmo tempo, a expansão das fronteiras econômicas prossegue e será ampliada pelas demandas crescentes das cidades, pela expansão da agricultura (agroenergia e alimentos), pela integração rodoviária, logística e energética com países vizinhos e pela implementação das obras do Programa de Aceleração do Crescimento – o PAC do Governo Federal.

Para Miranda, embora várias leis e iniciativas visassem a proteção ambiental, elas não contemplaram as realidades sócio-econômicas existentes, nem a história da ocupação do Brasil. "Acabam trabalhando contra o meio ambiente e a sustentabilidade. Para o ordenamento territorial, a impressão é de que o Brasil acabou. A prosseguir o quadro atual de ilegalidade e confronto com a legitimidade de demandas sociais e econômicas, todos perdem. Perde-se também, sobretudo, a perspectiva do desenvolvimento sustentável", completa.

Áreas Protegidas

Em primeiro lugar, a pesquisa mapeou e quantificou o alcance territorial da legislação ambiental e indigenista, com dados do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA e da Fundação Nacional do Índio – FUNAI. A pesquisa considerou todas Unidades de Conservação (UCs) federais e estaduais criadas até junho de 2008. Não foram incluídas UCs municipais, Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPNs), áreas militares, Áreas de Proteção Ambiental (APAs) estaduais e municipais, ou outros tipos de unidades de ocupação restrita.

Sobre o remanescente de terras disponíveis ainda incidem diversas restrições de uso e exigências de preservação. A Medida Provisória 2166-67 de 24 de agosto de 2001, deu nova redação à Lei 4.771 de 15 de setembro de 1965 (Código Florestal) e prevê, no mínimo, 80% da área florestal da propriedade rural mantida intocada a título de reserva legal no bioma Amazônia e porcentagens variando de 20 a 50% em outros biomas.

A pesquisa da Embrapa considerou ainda parte das duas principais categorias de APPs: as associadas à hidrografia e ao relevo. O cálculo utilizou dados da Agência Nacional de Águas – ANA e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. As APPs associadas ao relevo foram obtidas a partir de modelos matemáticos específicos, com base em informações com 90 metros de resolução espacial da missão orbital do Shuttle Radar Topographic Mission - SRTM da Agência Espacial Americana – NASA. Foram calculadas as áreas situadas acima de 1.800 metros de altitude, os topos de morro, as declividades entre 25° e 45°e acima de 45°, seguindo as resoluções CONAMA. Diversas feições não foram consideradas ou não eram identificáveis (linhas de cumeada, muitas declividades acima de 45° e bases de chapadas). O total mapeado foi de cerca de 104.500 km2 no bioma Amazônia (2,5%) e de 418.500 km2 no Brasil (5%).

Essas áreas representam 23% do Rio de Janeiro, 14% de Minas Gerais, 21% de Santa Catarina e 22,5% do Espírito Santo. Grande parte da produção de café em Minas Gerais, Espírito Santo e S. Paulo está ‘ilegalmente’ situada nessas áreas. O mesmo ocorre com a vitivinicultura no Rio Grande do Sul; com a produção de maçã em Santa Catarina; com as olerícolas no Rio de Janeiro e Espírito Santo; com a pecuária leiteira e reflorestamentos na Serra da Mantiqueira e em outras áreas acidentadas do Brasil.

Questões da governança territorial já chegam ao Supremo Tribunal Federal. "A iniciativa do Ministério do Meio Ambiente de compatibilizar essas realidades existentes e a legislação na Amazônia, através de um zoneamento ecológico-econômico, previsto para julho de 2009, é um passo para dar segurança para quem busca o desenvolvimento sustentável", ressalta Miranda. Para ele, os entendimentos dos ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura, para autorizar a recomposição da reserva legal e de APPs com espécies produtivas, nativas ou exóticas, pode ser um avanço. Mas o ordenamento territorial e o desenvolvimento sustentável precisam de muitas outras medidas envolvendo outros Ministérios e poderes da República.
Graziella Galinari
Embrapa Monitoramento por Satélite

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Mudanças climáticas: cenários prevêem mudanças

(03/09/2008) A interpretação de dados climáticos por pesquisadores e cenários previstos para os próximos 60 anos por instituições como o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) trarão mudanças na geografia de produção das principais culturas agrícolas brasileiras.

Esta é a visão apresentada pelos pesquisadores durante o painel sobre o tema apresentado no XXVII Congresso Nacional de Milho e Sorgo que acontece até a próxima quinta-feira( 4) em Londrina-PR. “A pesquisa deve se antecipar ao que já vem ocorrendo. É urgente o desenvolvimento de cultivares tolerantes à seca e às altas temperaturas, cenário previsto para as próximas décadas”, alerta Eduardo Delgado Assad, pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária (Campinas-SP).

A nova geografia de produção, na visão dos pesquisadores, trará, se concretizada, mudanças profundas no cultivo das principais commodities, como o milho e a soja, principalmente. “A soja será uma das culturas mais ameaçadas. Se não houver soluções que envolvam a biotecnologia e mudanças no comportamento do homem, como a redução da emissão de gases de efeito estufa e do dióxido de carbono, haverá uma redução de até 40% na área plantada”, antecipa Assad, prevendo a situação para 2070.

A segunda safra do milho ou safrinha, segundo ele, também poderá sofrer uma redução significativa, já que os cenários para o futuro prevêem o atraso das chuvas de fim de ano.

Outras culturas

O algodão, o café e as frutas de clima temperado, como a maçã – também serão cultivadas em novas regiões. Para o pesquisador, a região Nordeste não ofereceria mais condições climáticas para o cultivo do algodão.

As áreas cultivadas com café seriam reduzidas e se concentrariam em algumas regiões do sul de São Paulo, sul de Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina. E as frutas de clima temperado deixariam de ser produzidas também em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. “Há discussões, inclusive, sobre o cultivo da banana nestes dois Estados para os próximos anos”, completa.

Demanda por alimentos

Por outro lado, algumas culturas seriam beneficiadas caso este cenário venha a ser o predominante. O cultivo da cana-de-açúcar, por exemplo, seria expandido para diversos estados brasileiros, assim como o estímulo ao café robusta no Espírito Santo, que seria beneficiado pelas altas temperaturas.

“O preocupante, caso as mudanças climáticas realmente aconteçam, são as conseqüências para o programa de abastecimento de alimentos no Brasil”, descreve Eduardo Assad. “Há necessidade urgente de mais recursos humanos e financeiros para instituições com pesquisas na área. As mudanças climáticas trarão impactos e nortearão o melhoramento genético de cultivares”, reforça o pesquisador Hilton Silveira Pinto, do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura da Unicamp.

Soluções

As previsões futuras e seus efeitos negativos na agricultura têm na biotecnologia e em práticas sustentáveis, segundo os pesquisadores, as principais estratégias para vencer um dos desafios propostos pelo XXVII Congresso Nacional de Milho e Sorgo.

“Soluções biotecnológicas, se aplicadas às culturas do milho e da soja, por exemplo, podem reverter o quadro de escassez de água no futuro”, afirma Assad, da Embrapa, se referindo à prospecção de genes que conferem tolerância ao estresse hídrico nas culturas. “A resposta pode estar na própria biodiversidade brasileira. É urgente o desenvolvimento de pesquisas nesta linha”, antecipa o pesquisador.

Entre as alternativas sustentáveis de produção agrícola, estão as tecnologias de integração lavoura-pecuária-floresta, o plantio direto e os sistemas agrosilvipastoris, capazes de otimizar o processo de seqüestro de carbono e impedir a abertura de novas áreas, além de reduzirem a emissão de gases de efeito estufa.

O tema foi debatido durante o XXVII Congresso Nacional de Milho e Sorgo, realizado pelo Iapar (Instituto Agronômico do Paraná), a Embrapa Milho e Sorgo e a Embrapa Transferência de Tecnologia, Unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A promoção é da ABMS (Associação Brasileira de Milho e Sorgo).
Guilherme Viana

 
 

Fonte: Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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