(03/09/2008)
O I Seminário de Madeira Energética
reúne, no Rio de Janeiro, pesquisadores e
empresas públicas e privadas para discutir
o uso eficiente dos recursos vegetais para fins
energéticos.
Na terça-feira (2), um
dos blocos debateu as variáveis para florestas
energéticas, capim elefante e resíduos
agroindustriais. O evento é organizado pelo
Instituto Nacional de Eficiência Energética
(INEE) e conta com o apoio da Embrapa, Ibama, Iniciativa
Carvão Verde, Serviço Florestal Brasileiro
e Ministério do Meio Ambiente.
Para uso energético, as
florestas plantadas conjugam fatores positivos como
grande extensão territorial, oportunidade
para incorporação de áreas
degradadas (que já somam 130 milhões
de hectares), disponibilidade de espécies
florestais adaptadas para quase todas as regiões
e conhecimento científico e tecnológico
na área de silvicultura.
No entanto, existem gargalos como
a produção de sementes florestais
de qualidade. “O Brasil não tem produção
suficiente para dobrar a área plantada que
hoje está em 5 milhões de hectares”,
pontuou Helton Damin Silva, chefe da Embrapa Florestas
(Colombo-PR), unidade que lidera o projeto Florestas
Energéticas com a participação
da Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio
de Janeiro-RJ) e Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna-SP).
De acordo com Damin, o mercado
de madeira está aquecido. Dos 350 milhões
de metros³ demandados por ano, apenas 90 milhões
de metros³ são oriundos de florestas
plantadas. A diferença é suprida pela
mata nativa de forma legal ou não.
“Cerca de 30% de todo o eucalipto
plantado no Brasil está em Minas Gerais para
atender basicamente a indústria siderúrgica.
É o Estado mais interessado na questão”,
afirma Damin. Não por menos, é o Estado
que irá hospedar, em junho de 2009, o I Congresso
de Florestas Energéticas.
Outra forma de obter energia é
o aproveitamento de resíduos agroindustriais.
Dados apresentados por Pietro Erber, diretor do
INEE, mostram que há potencial para uso de
até 9,1 milhões de ton/ano de biomassa
vinda do bagaço de cana, casca de arroz,
fibras residuais de coco, milho, sorgo, café,
algodão e fumo, além de restos de
madeira e podas de árvores. O volume seria
suficiente para gerar 174 mil empregos, mas ainda
faltam tecnologias mais eficientes para o processamento
dessas matérias-primas.
O capim elefante, tema levado
pela Embrapa Agrobiologia (Seropédica-RJ)
e IPT, chama atenção pelo crescimento
rápido e pela produtividade de até
30 toneladas de massa seca/ha/ano. Pesquisas com
melhoramento genético poderiam abreviar os
ciclos de colheita.
Os debates continuam na quarta-feira
(3.): dimensão social e ambiental do carvão
vegetal, gaseificação de biomassa,
combustíveis sintéticos, bio refinarias
e produtos não energéticos na cadeia
da madeira. O Seminário é patrocinado
pelo BNDES e Companhia Vale do Rio Doce.
Helton Damin Silva
Chefe Geral da Embrapa