5 de Setembro de 2008 - Luana
Lourenço - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - A organização
não-governamental Instituto do Homem e Meio
Ambiente da Amazônia
(Imazon) divulgou hoje (5) novos dados sobre desmatamento
na Amazônia. De acordo com o Sistema de Alerta
de Desmatamento (SAD), em julho a floresta perdeu
276 quilômetros quadrados de cobertura vegetal,
uma queda de 54% em relação ao mês
anterior e de 71% em comparação com
julho de 2007.
Apesar de discordâncias
numéricas, a queda apontada pelo Imazon confirma
levantamento do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe), divulgado na última semana,
que registrou 62% de redução do desmatamento
em relação a junho.
“Julho foi um mês de queda
muito expressiva. Não sabemos se é
uma anomalia ou se trata de um nova tendência”,
apontou o pesquisador-coordenador do monitoramento
do Imazon, Adalberto Veríssimo.
De acordo com a ONG, o Pará
foi o campeão de desmate em julho, com 207
quilômetros de novas áreas devastadas
, seguido de Mato Grosso, com aproximadamente 33
quilômetros quadrados e Rondônia Amazonas,
com cerca de 16 quilômetros quadrados de desmatamento
cada.
Três municípios paraenses
são apontados como “críticos” pelo
levantamento do Imazon. Novo Repartimento, Pacajá
e Portel foram responsáveis por mais de 101
quilômetros quadrados de desmatamento, cerca
de 36% do total verificado em toda a região
amazônica.
Os três municípios estão localizados
no centro-norte do Pará, na área do
pólo mineral de Carajás. “Ali há
um fenômeno explosivo que tem principalmente
uma grande demanda de carvão vegetal por
parte das indústrias de ferro gusa. E esse
carvão vegetal está sendo produzido
às custas da floresta; em assentamentos,
pequenas e grandes propriedades”, relata Veríssimo.
“É preciso dar uma lupa sobre a questão
do ferro gusa, que é um fator de tensionamento
do desmatamento nessa região”, acrescenta.
A maior parte dos desmatamentos
registrados pelos satélites em julho ocorreu
em áreas privadas ou sob algum tipo de posse,
76%, segundo o Imazon. Assentamentos da reforma
agrária foram responsáveis por 18%
e os outros 6% foram identificados no interior de
unidades de conservação e terras indígenas.
A existência de nuvens sobre a região
impossibilitou a análise do desmatamento
em 17% do território amazônico, de
acordo com a análise da ONG.
+ Mais
Desmatamento anual vai ser 6%
menor que em 2007, estima Imazon
5 de Setembro de 2008 - Luana
Lourenço - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - A taxa de desmatamento
da Amazônia em 2008 deverá ser semelhante
à devastação registrada em
2007, de 11,2 mil quilômetros quadrados. A
aposta é do pesquisador da organização
não-governamental Instituto do Homem e Meio
Ambiente da Amazônia (Imazon), Adalberto Veríssimo,
diante do levantamento mais recente do desmatamento
na região, divulgado hoje (5) pela ONG.
De acordo com o Imazon, o desmatamento
entre agosto de 2007 e julho de 2008 foi de 5.030
quilômetros quadrados, cerca de 6% menor que
o acumulado no mesmo período do ano anterior,
de 5.331 quilômetros quadrados entre agosto
de 2006 e julho de 2007.
“O que o nosso dado está
indicando é que o desmatamento deste ano
vai ficar próximo ao do ano anterior; pode
ser 10% abaixo ou 10% acima, não vai ser
expressivo, como o próprio Imazon imaginava.
Não vai ser explosivo”, afirmou.
No entanto, a mesma comparação
feita com dados do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe) – responsável pelas estimativas
oficiais – apontam aumento de 64% do desmatamento
entre 2007 e 2008. Pelos números do Sistema
de Detecção em Tempo Real (Deter/Inpe),
o desmatamento acumulado no período atual,
de agosto de 2007 a julho de 2008, chega a 8,1 mil
quilômetros quadrados. No período anterior,
a soma foi de 4.972.
“Além do desmatamento em
corte raso, o Deter está incluindo a degradação
florestal, que não é a mesma coisa,
tem duas coisas embutidas”, pondera. Na avaliação
de Veríssimo, os dados do Programa de Cálculo
do Desflorestamento da Amazônia (Prodes),
taxa consolidada de desmatamento anual – também
calculada pelo Inpe – deverão apresentar
resultado semelhante ao apontado pelo Imazon.
O pesquisador atribui a queda
verificada pela ONG às medidas de repressão
ao desmatamento ilegal, implementadas na gestão
da ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
“É um momento delicado
porque mostra que as medidas tomadas estão
surtindo efeito; mas elas não se sustentam
no longo prazo, precisam ser acompanhadas de medidas
de apoio à produção na legalidade.
Ao mesmo tempo em que os resultados estão
aparecendo, há uma tensão muito grande
porque o setor produtivo se sente acuado, penalizado”,
analisa.
A taxa oficial de desmatamento, consolidada pelo
Prodes, deve ser divulgada até o fim do semestre.