Floresta Amazônica - 05/09/2008
- A Floresta Amazônica coloca o Brasil no
centro das principais discussões de políticas
de manutenção e
desenvolvimento sustentável. Devido à
enorme biodiversidade de plantas lenhosas e fibrosas,
pesquisas têm explorado de forma sustentável
o potencial de fibras vegetais naturais para a fabricação
de polímeros.
Essa é uma das propostas
do Fênix Amazônico, projeto de construção
de um ecossistema de empreendimentos sustentáveis
na Amazônia. Coordenado pelo pesquisador Antonio
Donato Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas
da Amazônia (Inpa/MCT), o projeto é
desenvolvido em parceria com o Departamento de Engenharia
de Materiais (Dema) da Universidade Federal de São
Carlos (UFSCar).
De acordo com Alessandra Marinelli,
do Centro de Caracterização e Desenvolvimento
de Materiais da UFSCar, o Fênix é um
projeto multidisciplinar cujo objetivo é
despertar o interesse da comunidade científica
das mais diversas áreas a fim de colaborar
com o desenvolvimento de novas tecnologias que possam
ser utilizadas para a recuperação
de áreas degradadas da Amazônia. "Os
estudos iniciais do grupo de compósitos são
realizados com o objetivo de testar a viabilidade
do emprego das fibras de madeira balsa e da embaúba
e fibras vegetais de bambu e mamona em compósitos
com termoplásticos, em especial poliolefinas
e PVC reciclados a partir de resíduos urbanos".
Segundo o estudo, descrito em
artigo na revista Polímeros, o grupo atua
em duas frentes. Uma que trabalha com sistemas de
produção com maquinário relativamente
barato e simples, para que as comunidades rurais
da Amazônia possam absorver a tecnologia.
E a outra para desenvolver materiais compósitos
com tecnologia de fabricação mais
avançada.
"Desde agosto de 2006, exploramos
conceitos de compósitos de polímeros
com fibras vegetais naturais baseados em silvicultura
de ciclo curto que pudessem colaborar com a proteção
e recuperação da Floresta Amazônica.
Escolhemos algumas espécies colonizadoras
para serem exploradas, como a embaúba (Cecropia),
balsa (Ochroma pyramidalis) e bambu. Incluímos
também a fibra dos caules da mamona por fazer
parte da cadeia de biocombustíveis",
explica Alexandra.
Essas fibras dos caules seriam
obtidas a partir da rotação de culturas,
importante para a manutenção do solo
onde a mamona é cultivada. "Inicialmente,
caracterizamos as fibras e, agora, produzimos os
primeiros compósitos de polipropileno, virgem
e reciclado, com fibras de madeira balsa. O aspecto
visual dos compósitos é bastante promissor
e a caracterização de suas propriedades
mecânicas está sendo feita. Em breve,
publicaremos resultados. A intenção
é apontar quais as melhores fibras para aplicação
em compósitos termoplásticos",
disse Alessandra. "Existe um enorme potencial
para a descoberta de fibras naturais com propriedades
desejáveis, como resistência mecânica,
estabilidade química e biológica,
resistência ao fogo, leveza, resistência
à abrasão e ao cisalhamento, entre
outras propriedades de interesse", apontou.
Alessandra informa que o grupo
de pesquisa em compósitos baseado no Projeto
Fênix Amazônico é aberto à
participação de outros pesquisadores.
Para ler o artigo Desenvolvimento de compósitos
poliméricos com fibras vegetais naturais
da biodiversidade: uma contribuição
para a sustentabilidade amazônica, disponível
na biblioteca on-line SciELO (Bireme/Fapesp), clique
aqui.
Com informações da Fapesp
Assessoria de Comunicação do MCT