Combustível
- 04/09/2008 - Raio Gama acelera reciclagem do óleo
reduzindo impactos ambientais do processo
Segundo levantamento do Instituto de Pesquisas Energéticas
e Nucleares (Ipen/MCT), existem hoje no País
cerca de dez empresas que reciclam de forma convencional
óleo lubrificante. Os processos em uso requerem
reagentes químicos e geram rejeitos.
O emprego da radiação
gama, gerada por fonte de cobalto-60, elimina etapas
dos processos convencionais e não utiliza
reagentes químicos. O óleo lubrificante
dos veículos não é consumido
totalmente pelos veículos. Seus resíduos
são altamente tóxicos e perigosos,
por isso é proibido o seu descarte na natureza.
Os estudos mais recentes mostram
que o Brasil produz cerca de 1 bilhão de
litros de óleo lubrificante por ano. Desse
volume, cerca de 650 milhões de litros são
queimados ou incorporados ao processo. Dos 350 milhões
restantes, 240 milhões são reciclados.
Não há dados sobre o que ocorre com
os outros 110 milhões de litros - não
se sabe se são queimados ou descartados no
solo ou em cursos de água, por exemplo.
Segundo o pesquisador Marcos Scapin,
que desenvolveu a nova técnica em seu doutorado,
o processo usa apenas água e radiação.
De acordo com ele, o método
poderá ser explorado industrialmente, mas
ainda faltam ajustes. "A pesquisa aponta para
um tratamento promissor, principalmente por ser
uma tecnologia limpa. Mas fizemos numa escala piloto.
Há necessidade de otimizar o processo",
diz. Deve-se tentar, por exemplo, usar uma dose
menor de radiação - quanto maior a
dose, mais caro o processo. Outra questão
importante e ainda não observada são
os gases produzidos no processo. "Em grande
escala, os gases tóxicos e não tóxicos
precisam ser analisados", explica Scapin.
Ele assegura que não há
geração de nenhum tipo de resíduo
radioativo. "Quanto aos elementos inorgânicos,
estes ficam retidos na água, que, após
tratamento de remoção, é utilizada
novamente no processo."
Um dos pontos positivos do processo
com radiação é que níveis
significativos de remoção de elementos
inorgânicos são alcançados.
Houve remoção, por exemplo, de 68%
do enxofre - ou 10% a mais do que ocorre no processo
convencional. O enxofre é indesejável
nos derivados de petróleo pois, entre outros
fatores, colabora com a ocorrência de chuva
ácida.
O processo proposto não
permite reutilizar o óleo tratado nos automóveis,
porém há uma possibilidade de reutilizá-lo
principalmente como combustível, já
que uma parte dos compostos que se formam são
classificados como altamente inflamáveis.
Os estudos preliminares da pesquisa
de Scapin já foram publicados no periódico
científico Radiation Physics and Chemistry.
Assessoria de Comunicação do MCT