12 de Setembro de 2008 - Aécio
Amado - Repórter da Agência Brasil
- Brasília - O ministro do Meio Ambiente,
Carlos Minc, disse que a construção
de 50 usinas nucleares nos próximos 50 anos,
anunciada hoje (12) pelo ministro de Minas Energia,
Edison Lobão, reflete apenas
uma posição pessoal. “Eu tenho uma
boa relação com o ministro [Edison
Lobão], mas essa informação
é apenas uma posição pessoal”,
disse.
De acordo com Carlos Minc, a construção
de 50 usinas nos próximos 50 anos não
parece “factível” devido ao próprio
prazo estabelecido pelo ministro Lobão. “Acho
que até lá nós nem estaremos
vivos”, disse, em entrevista à Agência
Brasil.
Minc revelou que recentemente
participou, junto com outros ministros, de uma reunião
com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
para discutir a construção de quatro
usinas nucleares no Nordeste.
Segundo Minc, Lula e outros ministros
presentes à reunião se posicionaram
favorável à construção
dessas usinas. Minc, no entanto, disse que alertou
o presidente sobre os problemas de uma usina nuclear,
além do custo da energia gerada ser o dobro
ao de uma usina não-nuclear.
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Especialista diz que previsão
de Lobão sobre usinas nucleares reflete tendência
mundial
12 de Setembro de 2008 - Sabrina
Craide - Repórter da Agência Brasil
- Brasília - A previsão de construir
de 50 a 60 usinas nucleares nos próximos
50 anos é uma demonstração
da tendência mundial de aumentar o uso desse
tipo de energia. Para o coordenador do Grupo de
Estudos do Setor Elétrico da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Nivalde de Castro,
a declaração dada hoje (12) pelo ministro
de Minas e Energia, Edison Lobão, foi uma
interpretação qualitativa do cenário
mundial, e não um planejamento efetivo.
Segundo o professor, não
há um planejamento para o setor energético
nos próximos 50 anos, mas a expectativa é
que, assim como nos outros países, o Brasil
amplie significativamente a participação
da energia nuclear em sua matriz energética,
especialmente porque tem grandes reservas de urânio
e capacidade de enriquecimento do elemento.
O Plano Nacional de Energia 2030,
que estabelece tendências e alternativas para
as próximas décadas, prevê que
a participação da energia nuclear
na matriz energética brasileira passe dos
2,7% registrados em 2005 para 4,9% em 2030.
O documento aborda a importância
da energia nuclear para a matriz brasileira nos
próximos anos. “As preocupações
crescentes com a segurança energética
e as pressões ambientais, sobretudo com relação
às emissões de gases de efeito estufa,
têm recolocado a opção nuclear
na agenda dos fóruns mundiais de energia,
em geral, e dos países desenvolvidos, em
particular”, aponta o Plano.
Para o coordenador da Campanha
de Energias Renováveis do Greenpeace, Ricardo
Baitelo, em vez de construir mais usinas nucleares,
o Brasil deveria investir em fontes de energia renováveis,
como os ventos, o sol e a biomassa. Ele admite que
é preciso ampliar a matriz energética
brasileira, mas garante que isso pode ser feito
sem a utilização da energia nuclear.
“Não é necessário
ter nenhuma participação da energia
nuclear na matriz brasileira, porque as energias
renováveis são mais seguras, mais
baratas e com impacto mínimo ambiental em
relação à energia nuclear”,
afirma.
Segundo ele, o custo de instalação
de uma usina nuclear chega a ser quatro vezes maior
que o de um parque eólico, por exemplo. Além
disso, Baitelo lembra o problema da falta de alternativas
para o armazenamento do lixo nuclear. “É
um passivo ambiental deixado para as gerações
futuras, e o custo de estudar alternativas de depósitos
não está incluído na tarifa”,
argumenta.
A tarifa da energia nuclear é
considerada a terceira mais barata – o megawatt-hora
custa entre R$ 140 e R$ 160. Antes dela vem a energia
gerada por hidrelétricas (entre R$ 80 e R$
120 o megawatt/hora) e por térmicas a gás
natural, que custam cerca de R$ 140 o megawatt-hora.
Atualmente, a capacidade instalada
de energia do Brasil é de 105 mil megawatts
e o consumo médio do país é
de 52 mil megawatts.
De acordo com estudos do Ministério
de Minas e Energia, o crescimento do Produto Interno
Bruto (PIB) brasileiro em cerca de 5% ao ano exige
a agregação de 4 mil megawatts a cada
ano.