12 de Setembro de 2008 - Alana
Gandra - Repórter da Agência Brasil
- Rio de Janeiro - O presidente da Associação
Brasileira de Energia Nuclear (Aben), Francisco
Rondinelli, considerou prematuro se falar na construção
de 50 ou 60 novas usinas nucleares, com mil megawatts
(MW) de energia cada, no Brasil, nos próximos
50 anos.
A construção de
novas usinas nucleares foi anunciada hoje (12) pelo
ministro de Minas e Energia, Edison Lobão,
durante visita ao local onde será construída
Angra 3, na Central Nuclear Almirante Álvaro
Alberto, no município fluminense de Angra
dos Reis.
“A Aben não tem essa percepção”,
disse Rondinelli, em entrevista à Agência
Brasil. O que existe de concreto, segundo ele, é
concluir Angra 3, além do planejamento energético
que prevê a construção de mais
oito usinas nucleares até 2030. Ele admitiu
que esse número pode ser revisto mais adiante,
chegando-se a até dez novas usinas até
aquela data, dependendo do crescimento do país,
do aumento da demanda energética e da capacidade
de geração.
Somente em 2030 é que se
poderá começar a traçar os
planos para 2050 e 2060, alertou o presidente da
Aben. “Precisamos chegar mais perto de 2030 para
imaginar um cenário mais à frente.
Agora, é muito prematuro falar hoje de um
parque nuclear desse porte no Brasil."
Rondinelli disse ignorar os dados
em que o ministro estaria se baseando para apresentar
essa perspectiva. Ponderou que é possível
pensar que o Brasil venha a ter 50 mil ou 60 mil
megawatts nucleares. “Mas, temos dados hoje para
poder trabalhar com esse número? Não”,
reiterou.
Mesmo assim, Rondinelli não
descartou a construção desse número
de usinas nucleares. Países desenvolvidos,
como França e Estados Unidos, apresentam
um parque nuclear significativo. Nessas duas nações,
elas totalizam, respectivamente, 59 e 104 usinas.
A China, informou ele, também tem projetos
já definidos para construção
de 20 usinas, além de outras 30 ou 40 em
perspectiva.
O presidente da Aben esclareceu
que a energia nuclear não deve ser a única
saída para garantir o abastecimento de energia
para o Brasil. “A saída para o Brasil é
fazer um balanceamento da sua matriz energética”.
Ele enfatizou que o país deve continuar investindo
em energia de fonte hidráulica. Defendeu,
porém, que haja uma redução
da hidroeletricidade na matriz energética
dos atuais 90% para algo em torno de 70% a 75%,
“para ficar com uma matriz mais equilibrada”.
Rondinelli informou que a melhor
perspectiva de um parque gerador no Brasil envolve
usinas termelétricas a gás e térmicas
nucleares. A contribuição da geração
nuclear na matriz energética poderia chegar
a 10%, contra os atuais 3%, avaliou. Rondinelli
destacou, ainda que o Brasil não deve prescindir
também das fontes alternativas de energia,
entre as quais a eólica (dos ventos), solar
e biomassa.