Amazônia - 08/09/2008 -
Por serem sombreados pela floresta, os igarapés
e seus organismos dependem da matéria orgânica
Foto: Assessoria de Comunicação Inpa
Igarapés localizados em áreas que
passam por Manejo Florestal de Baixo Impacto (MFBI)
registram maior quantidade de peixes. A conclusão
é de um estudo desenvolvido por pesquisadores
do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(Inpa/MCT) que indica que este tipo de manejo provoca
menos danos aos peixes em relação
a outras atividades madeireiras.
Em um das áreas pesquisadas,
a presença de um peixe popularmente conhecido
como "acará" foi cinco vezes mais
abundante nos igarapés após a área
ser manejada. Em longo prazo, as espécies
das áreas manejadas apresentaram mais indivíduos
quando comparadas às espécies de outras
áreas controladas, apesar da composição
de espécie presente em ambas as unidades
ser parecida.
O manejo florestal de baixo impacto
(MFBI) é uma forma de exploração
madeireira que visa a diminuir a área de
floresta danificada através de técnicas
e critérios rígidos. Assim, as árvores
remanescentes sobrevivem e são capazes de
gerar indivíduos jovens que ocuparão
a área de onde a tora foi retirada.
Mas o que o manejo florestal tem
a ver com os igarapés e os peixes? Os igarapés
(ou riachos) são pequenos corpos d’água
que drenam a água da floresta para os principais
rios. Por serem sombreados pela floresta, os igarapés
e seus organismos dependem da matéria orgânica
que cai da floresta. Por causa dessa estreita relação,
uma alteração na floresta é
sentida também pelos organismos que vivem
nos igarapés.
Pensando nisso, os pesquisadores
do Inpa, Murilo Dias, William Magnusson e Jansen
Zuanon realizaram um estudo para quantificar os
danos causados pelo MFBI nos igarapés e seus
possíveis efeitos sobre os peixes. Os autores
compararam igarapés antes e depois do manejo
(efeitos em curto prazo) e igarapés em áreas
manejadas e não manejadas (efeitos em longo
prazo). O trabalho faz parte dos projetos Igarapés,
coordenado por Zuanon, e PPBio, coordenado por Magnusson.
Estudos em outros países
revelaram que a remoção da floresta
adjacente aos igarapés causa uma grande perda
de espécies de peixes. Porém, o estudo
realizado por Murilo e colaboradores evidenciou
que o MFBI, se bem conduzido, minimiza os efeitos
negativos da extração madeireira sobre
os igarapés, pois os efeitos encontrados
foram menos danosos comparados às outras
práticas florestais comuns na região,
como o desmatamento.
Assessoria de Comunicação do Inpa
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Biodiversidade da serra do RS
e SC é reunida em livro didático
Ciência e Educação
- 10/09/2008 - Popularizar o conhecimento sobre
a fauna, a flora, os rios e banhados das serras
do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Esse é
o objetivo de um grupo de pesquisadores que elaborou
o livro didático "Biodiversidade dos
Campos de Cima da Serra". A publicação
foi coordenada pela professora Georgina Bond Buckup
com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico Tecnológico (CNPq/MCT).
O livro foi desenvolvido por pesquisadores
da Universidade do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da
Pontifícia Universidade Católica (PUC/RS).
O trabalho foi apoiado em dados originais sobre
a biodiversidade da região, obtidos em estudos
realizados no âmbito do Projeto de Conservação
e Utilização Sustentável da
Diversidade Biológica do Ministério
do Meio Ambiente (Probio/MMA), que também
recebeu recursos do CNPq.
Composta por dois livros, um com
textos e outro de atividades, a obra foi distribuída
gratuitamente a professores das escolas estaduais
e municipais dos dois estados da região dos
Campos de Cima da Serra. A intenção
é que, com os livros, os professores possam
trabalhar com seus alunos os temas propostos em
sala de aula, ampliando o conhecimento desta comunidade
regional para a preservação da biodiversidade.
Em 196 páginas é
mostrada a biodiversidade dos Campos de Cima da
Serra, terras elevadas do Rio Grande do Sul e de
Santa Catarina que fazem parte do Planalto das Araucárias
e do bioma da Mata Atlântica. A publicação
também traz várias informações
inéditas sobre as espécies que vivem
na região, caracterizando seus principais
ambientes, a biodiversidade e as ameaças
que, no início deste século, colocam
em riscos a paisagem natural e seus ambientes.
"Quando começamos
o projeto, estava programado apenas um livro, mas,
em nosso primeiro contato com as escolas da região,
verificamos ser necessário um livro de atividades
para que o professor estivesse melhor instrumentalizado
quando desenvolvesse o assunto em sala de aula",
explica Geogina.
O caderno de exercícios
propõe, em 96 páginas, atividades
que resultem em ações coletivas de
preservação ambiental. "As propostas
podem ser desenvolvidas em vários níveis
escolares, desde a alfabetização,
a partir dos desenhos de colorir e associar, estimulando
a motricidade fina, até o ensino médio,
aproveitando os temas do item pensar-e-agir, que
inspiram ações concretas na comunidade",
afirma a professora.
Coordenados pela professora Georgina,
32 co-autores formam a equipe que escreveu os livros,
entre eles doutores, mestres e pós-graduandos
que atuam nas áreas de botânica, zoologia,
ecologia, cartografia e geografia, com reconhecida
tradição na área da pesquisa
em que atuam.
Assessoria de Comunicação do CNPq
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Pesca sustentável garante
retorno para comunidades da Reserva Amanã
Amazônia - 08/09/2008 -
Pescadores da Reserva de Desenvolvimento Sustentável
Amanã partem hoje (8) para os lagos do Pantaleão,
área de várzea com aproximadamente
16 mil hectares com 23 lagos e 11 ressacas, formando
34 ambientes de pesca de grande potencial pesqueiro.
Dessa vez, a pesca será de tambaqui, peixe
de bom valor comercial.
Essa será a terceira pesca
realizada desde setembro de 2007, e reforça
os resultados do Acordo do Pantaleão, negociação
que durou pelo menos três anos, e tem o objetivo
de integrar os pescadores profissionais e os que
vivem na reserva, garantindo dessa forma o uso sustentável
dos recursos pesqueiros da área. O pacto
estabeleceu, durante dois anos, a conservação
dos lagos para recuperação dos estoques.
O esforço valeu a pena.
A primeira pesca, realizada de 25 de setembro a
5 de outubro de 2007, registrou um total de 19.374
quilos de pescada e tambaqui, e um retorno de R$
31.766. Deduzidas as despesas da operação,
o lucro da venda do pescado – cerca de R$ 24.800
– foi utilizado para a manutenção
do Acordo e para a reforma das três bases
de apoio às operações. O valor
restante foi dividido entre os pescadores que participaram
da despesca. Para a próxima retirada, os
pescadores estimam pescar 20 toneladas de tambaqui.
Até o início das
negociações em 2004, a região
era explorada também por pescadores urbanos
das cidades do entorno, como Tefé e Alvarães.
No entanto, como a área do Pantaleão
é situada numa reserva de desenvolvimento
sustentável e não havia acordo para
o uso por pescadores urbanos, a pesca ficava restrita
somente aos seus usuários e moradores, o
que era motivo de conflito entre os grupos.
O Acordo teve o apoio do Instituto
de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá
(IDSM/MCT), que auxiliou os participantes com informações
técnicas, e do Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama). Esse último forneceu apoio técnico
e recursos financeiros, por meio do Programa de
Manejo dos Recursos Naturais da Várzea (Provárzea).
Por intermédio de convênios com o Instituto
de Proteção Ambiental do Amazonas
(IPAAM), o IDSM é responsável, junto
com as comunidades, pela gestão da Reserva
de Desenvolvimento Sustentável Amanã,
onde está o Pantaleão, e também
pela Reserva de Desenvolvimento Sustentável
Mamirauá, ambas próximas à
cidade de Tefé (AM).
Assessoria de Imprensa do Instituto Mamirauá