O sistema de monitoramento ambiental
que será implantado no Litoral paranaense
vai garantir e até aumentar a renda das comunidades
que tiram seu sustento do mar. A afirmação
foi feita durante o III Seminário sobre Desenvolvimento
Sustentável no Litoral do Paraná
– Monitoramento Costeiro e Marinho, por Luiz de
Souza Viana, engenheiro de pesca da Secretaria Especial
de Aqüicultura e Pesca, vinculada à
Presidência da República.
O seminário, promovido
pela Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos
em parceria com a Agência de Cooperação
Internacional do Japão até esta quinta-feira
(11), reuniu mais de 400 participantes no balneário
Praia de Leste, em Pontal do Paraná.
Viana explicou que o monitoramento
será um instrumento de planejamento para
a região. “Ele irá apontar os locais
mais indicados para determinada produção,
como ela deve acontecer e com que freqüência”,
detalhou. “Como conseqüência deste planejamento,
saberemos até que ponto podemos produzir
sem comprometer a capacidade da natureza se renovar,
o que irá garantir a manutenção
dos recursos naturais”, complementou.
Segundo Viana, o monitoramento
poderá apontar também a possibilidade
de criação de novas áreas de
produção de ostras no Litoral, por
exemplo. “Seguindo a tríade economicamente
viável-socialmente justo-ambientalmente sustentável,
esta atividade poderá aumentar em cerca de
R$ 600 a renda das famílias que tiverem interesse”,
comentou. A produção do Paraná
é de cerca de 180 mil dúzias ostras
ao ano.
O técnico em biodiversidade
da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos,
Evandro Pinheiro, destacou outra conseqüência
positiva do sistema de monitoramento. “Se tivermos
pleno domínio das condições
ambientais nas áreas de cultivo e de extração,
a qualidade do nosso pescado está assegurada.
Essa garantia amplia o potencial de produção
e comercialização do produto paranaense”,
disse.
UNIVERSIDADES – Entre as instituições
que deverão compor o sistema de monitoramento,
as universidades têm destaque, contribuindo
com suas pesquisas. Trinta delas foram apresentadas
durante o seminário, como o estudo que aborda
as características histórico-institucionais
e sócio-econômicas do cultivo de ostras
em Guaratuba e outro, que aponta a necessidade de
criação de um banco de sementes de
ostras nativas para ampliação da produção.
As duas pesquisas são conduzidas pelo Centro
de Estudos do Mar.
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Secretário do Meio Ambiente
de Hyogo elogia parceria com governo do Paraná
Durante o III Seminário
sobre Desenvolvimento Sustentável no Litoral
do Paraná – Monitoramento Costeiro e Marinho,
Junichi Kikiu, secretário do Meio Ambiente
de Hyogo (província irmã do estado
do Paraná no Japão), elogiou o trabalho
desenvolvido em parceria pelo governo do Estado
e Agência de Cooperação Internacional
do Japão (Jica) para implantação
de um sistema de monitoramento ambiental na região.
O seminário foi realizado entre os dias 8
e 11 de setembro, no balneário Praia de Leste,
em Pontal do Paraná.
“Esta parceria tem resultados
muito bons e exemplo disso é a realização
deste seminário, em que estão inseridos
temas diretamente relacionados com o projeto e com
o que nós gostaríamos de ter passado
a todos aqui”, afirmou. Segundo ele, no evento foi
possível perceber que os objetivos da parceria
– a capacitação de técnicos
para que promovessem melhorias locais com o conhecimento
adquirido – foram atingidos. “As pessoas do Paraná
compreenderam nossa intenção. Estou
muito satisfeito”, enfatizou.
O secretário japonês
contou ainda que se envolveu nesta parceria de cooperação
técnica quando conheceu a baía de
Paranaguá. “Quando a vi pela primeira vez,
me lembrei do mar interno que existe em nossa região,
onde ocorreram erros gravíssimos em relação
ao meio ambiente que poderiam ter sido evitados”,
comentou.
Entre estes erros, o secretário
citou a ‘maré vermelha’ (a proliferação
de algas tóxicas) que trouxe prejuízos
ao setor pesqueiro e acidentes envolvendo derramamento
de óleo. “Tanto é que esse mar ficou
conhecido como o mar da morte”, ressaltou. “Quando
conheci a baía de Paranaguá o sentimento
de que a nossa experiência ajudaria muito
para manter a baía preservada ficou evidente
e com este pensamento acompanho pessoalmente o projeto
até hoje”, completou.
TROCA DE EXPERIÊNCIAS –
Os conhecimentos adquiridos pelos técnicos
paranaenses não ficarão restritos
ao litoral do Estado. Profissionais de diversos
estados brasileiros estiveram presentes ao seminário,
promovendo uma rica troca de experiências
entre os participantes.
Representando o estado do Espírito
Santo, a coordenadora do Projeto Orla (que atua
no gerenciamento costeiro), Aline Nunes Garcia,
parabenizou a Secretaria do Meio Ambiente pela iniciativa.
“O governo do Paraná demonstrou que leva
a sério a integração entre
as instituições. Aprendi muito e acredito
que o sistema de monitoramento poderá servir
de modelo a outros estados”, observou.
A Fundação Estadual
de Engenharia do Meio Ambiente do Rio de Janeiro
(Feema-RJ) também enviou um técnico
para acompanhar as discussões. Para André
Righetti, o seminário foi uma boa oportunidade
de aprendizado. “Assim nos mantemos atualizados
e podemos reproduzir as boas práticas em
nosso estado”, disse.
Os gestores municipais também
foram convidados a participar do seminário,
assim como as Organizações Não-Governamentais
que atuam no litoral. Para o secretário do
meio ambiente de Guaratuba, Ibson Gabriel de Campos,
discussões como esta são muito importantes
para o desenvolvimento da região litorânea.
“Guaratuba e praticamente todo
o litoral são carentes de informações
e dados precisos para que possamos planejar o uso
dos recursos naturais que temos à disposição”,
argumentou. “Neste sentido, a realização
do seminário e o sistema de monitoramento
em si irão propiciar o acesso às informações
que, sem dúvida alguma, irão auxiliar
o planejamento para que pratiquemos o desenvolvimento
sustentável”, concluiu.
CONTRIBUIÇÃO – Além
de beneficiar o meio ambiente, a realização
do seminário trouxe benefícios imediatos
à população carente de Pontal
do Paraná com a doação de 450
quilos de alimentos não-perecível
– arrecadados durante as inscrições
– à Provopar de Pontal do Paraná.
Cada participantes doou um quilo de alimento.
A presidente da instituição,
Cida Gimenez, informou que os produtos auxiliarão
cerca de 300 famílias e também serão
destinados a três projetos desenvolvidos pela
Provopar – o Alimentando Vidas, Protegendo a Maternidade
e Criando Identidade com o Pontal do Paraná.
“Ficamos honrados em receber uma
ajuda dessa natureza. Uma doação desse
porte ajuda muito nossa população,
pois nós temos diversos pontos de carência
no nosso município”, disse Cida. “Além
do mais, o homem também faz parte do meio
ambiente; então com a realização
deste evento, todas as formas de vida da natureza
saíram ganhando”, concluiu.