Panorama
 
 
 

MOVIMENTO CERRADO VIVO PROMOVE MANIFESTAÇÃO EM DEFESA DO BIOMA

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Setembro de 2008

10/09/2008 - Amanhã, 11 de setembro, é o Dia Nacional do Cerrado. Mas em vez de comemoração, os movimentos que defendem o bioma promovem uma mobilização, uma manifestação pacífica na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, pela aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 115-A, de 1995. A emenda inclui o Cerrado nos biomas considerados Patrimônio Nacional e está parada no Congresso Nacional há 13 anos

A PEC-115-A/1995 propõe a modificação do parágrafo 4º do artigo 225 da Constituição. Trata-se de uma emenda proposta em 1995 – e que até hoje está no Congresso Nacional sem ser votada – para que o Cerrado e a Caatinga sejam considerados Patrimônio Nacional. Leia mais.

O Movimento Cerrado Vivo pretende entregar uma lista com assinaturas pedindo aos deputados a aprovação da PEC. A idéia é chamar a atenção de parlamentares, governantes e da sociedade em geral para a necessidade de preservar e recuperar o Cerrado transformando-o em Patrimônio Nacional. Para assinar a lista pela aprovação da PEC entre no site www.cerrado.wiki.br.

A inclusão do Cerrado entre os biomas considerados Patrimônio Nacional – atualmente Amazônia, Mata Atlântica e Pantanal compõem a lista – tem uma importância tanto simbólica quanto prática, porque possibilitará meios para ampliar os investimentos em conservação no bioma. A efetividade da medida, entretanto, dependerá de sua regulamentação e do estabelecimento de políticas de conservação que contribuam para a ampliação das Áreas Protegidas no bioma. Saiba mais.

De acordo com o estudo Hotspots, da Conservação Internacional, o Cerrado é uma das 25 regiões mais ricas em biodiversidade e mais ameaçadas do Planeta.

O segundo maior bioma do país

No ranking dos biomas brasileiros o Cerrado vem em segundo lugar, atrás da Amazônia. De acordo com texto do geógrafo e documentarista Pedro Novaes, publicado no Almanaque Socioambiental 2008, o Cerrado tem 1,9 milhão de km2 e abrange doze estados: Maranhão, Pará, Rondônia, Piauí, Bahia, Minas Gerais, Tocantins, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná. Desde a década de 1960, quando tornou-se placo da expansão da fronteira agropecuária, vem perdendo sua cobertura vegetal. De acordo com a Embrapa Cerrado, a perda é de 38,8% enquanto que pelos cálculos da Conservação Internacional estaria em torno de 57%. "Muito da diferença entre estes dados se relaciona à dificuldade de mapeamento dos diferentes ecossistemas do bioma, sobretudo na diferenciação entre pastagens naturais e pastagens plantadas", escreve Novaes.

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Índios comemoram a inauguração da maloca Casa de Conhecimento

13/09/2008 - Símbolo da valorização cultural de povos indígenas que vivem próximos à cidade de São Gabriel da Cachoeira (AM), noroeste amazônico, a maloca baniwa “Casa de Conhecimento”, da comunidade de Itacotiara-Mirim, é inaugurada depois de dois anos de construção.
Desde o início da formação da comunidade de Itacoatiara-Mirim, as famílias baniwa lideradas por Luíz Laureano, sempre procuraram manter vivas as tradições dos seus antepassados. Mas embora ali houvesse um centro comunitário para acolher manifestações culturais, ritos religiosos e tradições, os baniwa sentiam necessidade de ter um local, uma grande casa comunal como tinham seus antepassados, onde várias famílias viviam, tomavam decisões políticas, celebravam rituais de dança, de benzimentos e de iniciação. Seria o “espaço ideal” para motivar toda a comunidade a participar de atividades culturais e um contraponto às situações de risco - ­ alcoolismo, drogas, prostituição, suicídios e outros - às quais os jovens indígenas estão expostos na cidade.

Assim, em 2005, Itacoatiara-Mirim organizou uma reunião com lideranças locais para discutir a construção desse espaço. “Era um sonho do meu pai, falecido há pouco tempo, construir a maloca para que pudéssemos matar saudade da nossa terra, dançando e cantando com crianças e velhos”, conta Laureano. “É na maloca que vamos nos reunir para contar histórias de antigamente, dizia meu pai”.

O arquiteto e urbanista Almir Oliveira, pesquisador associado ao Instituto Socioambiental e estudioso da arquitetura tradicional do Alto Rio Negro, foi convidado a contribuir no desenho e na construção da maquete do que viria ser a tão sonhada maloca. Projeto pronto e planta nas mãos, ainda faltava o financiamento para a construção. Pequenos projetos em busca de apoio foram enviados e a construção acabou viabilizada com recursos da Cafod (Agência Católica para o Desenvolvimento), do ISA, da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), da Escola Agrotécnica Federal e da Prefeitura Municipal de São Gabriel da Cachoeira. O Prêmio Cultura Viva 2007, do Ministério da Cultura, que o grupo de danças de Itacoatiara-Mirim ganhou por conquistar o segundo lugar na categoria “grupo informal”, também foi um grande incentivo. Saiba mais sobre o prêmio. O grupo foi formado por Luiz Laureano ao tempo em que foi capitão, tuxaua da comunidade, e ganhou reconhecimento local, nacional e internacional ao dançar em Paris, durante as comemorações do ano do Brasil na França, em 2005.

Mas o fundamental para a concretização do projeto foi o esforço da comunidade que durante dois anos organizou mutirões de trabalhos nos quais crianças, jovens e velhos trabalharam juntos somando forças para erguer a maloca que passou a ser chamada de “Maloca Casa de Conhecimento”.

Espaço de transmissão de cultura

“A Maloca Casa de Conhecimento é um espaço de transmissão e aprendizagem da nossa cultura para quem não a conhece ou esqueceu. Lá iremos conversar, contar histórias de antigamente, reviver nossos costumes de comer juntos a quinhapira e o mingau pela manhã. Vamos dançar, fazer nossos próprios instrumentos, mostrando aos jovens como os antigos faziam” explica Laureano. “A Casa de Conhecimento também irá receber parentes que virão do Içana para compartilhar conosco as notícias de nossos familiares que ficaram por lá, para dançar e conversar. Será como uma escola que irá passar conhecimento” .

Transformar o espaço em uma “maloca-escola” está nos planos para o futuro. A comunidade planeja discutir como será o projeto político-pedagógico da Casa, para assim atender as crianças e jovens locais e também os das comunidades vizinhas. Serão as gerações futuras, de acordo com Moisés Laureano, presidente da Acicc (Associação Cultural Indígena Casa de Conhecimento), filho de Luiz Laureano, que manterão vivas as tradições dos baniwa. “Os jovens indígenas que estão perto da cidade precisam se interessar pela nossa cultura. A cachaça, a televisão, as coisas ruins da cidade já influenciaram demais, e assim vemos nossos filhos, irmãos mais novos, envolvidos com bebedeiras, brigas e outras coisas”, diz Moisés. “Eles também sofrem com o desemprego. Às vezes, eles nem terminam seus estudos, não conseguem emprego e ficam vagando por aí. Esses jovens, não estão formados nem na cultura do branco e muito menos na nossa cultura indígena. A maloca irá ensiná-los a sobreviver conforme nossos costumes, fazendo artesanato, trabalhando na roça, pesquisando as plantas e outras atividades”.

Outra conquista da comunidade foi a formação da Acicc, fundada em maio desse ano. A associação teve sua origem relacionada diretamente com o empenho da comunidade em construir a maloca, trazendo união e espírito de cooperativismo entre todos. A comunidade entendeu que é necessário se organizar, criar uma associação para dar os próximos passos na ampliação do projeto da Casa de Conhecimento, que prevê a estruturação de uma praça comunitária no entorno da maloca.

A grande festa de inauguração

O madzero Luiz Laureano comandou a festa de inauguração entre 3 e 5 de setembro passados. Madzero significa em baniwa mestre das cerimônias, aquele que comanda essas festas. As danças se revezavam entre o cariçú baniwa e o cariçú dos tukano e tuyuka. Jovens e crianças participaram o tempo todo puxando as danças e fazendo a alegria do madzero. A dança da saúva, tipicamente baniwa, foi uma novidade para os que não a conheciam. O par de flautas japurutu era tocado com muita habilidade, com a experiência daqueles que receberam ensinamentos repassados há várias gerações. Também não faltou caxiri, a bebida tradicional feita de caldo de mandioca fermentado.

Na primeira noite, a convidada de honra foi a comunidade São José do Rio Ayari, que ofereceu um Dabucuri (troca de presentes) para Itacoatiara-Mirim em agradecimento. Outro grupo convidado, foi o Wese, formado por índios tuyuka que vivem na cidade e também realizam apresentações de danças. Na última noite, os integrantes do Wese homenagearam o madzero Luiz com a dança do Macará.

Apesar da intensa programação das noites, mal amanhecia o dia e o sino já tocava anunciando o mingau coletivo da manhã. Logo após, começava a programação diurna basicamente composta por práticas de esportes indígenas e não-indígenas. Povoados próximos a Itacoatiara-Mirim também participaram da comemoração com seus grupos de dançarinos e de esportistas. No último dia, houve a entrega dos prêmios para as equipes vencedoras.

A comunidade indígena encosta na cidade

“O nome da comunidade em baniwa é Kapithinai, quer dizer quati. Um padre que freqüentava minha comunidade quando eu ainda morava lá no Ayari, me falava de uma cidade que ficava abaixo de Manaus que se chamava Itacoatiara, e aquele nome ficou na minha memória. Então eu disse pra mim mesmo, quando eu tiver um sítio vou chamá-lo de Itacoatiara. Quando nos mudarmos pra cá, eu batizei como Itacoatiara-Mirim. Mirim, porque é uma pequena comunidade. Itacoatiara-Mirim significa em nhengatú “pequena pedra pintada”, conta Laureano. É nesse lugar, às margens da estrada que leva ao aeroporto e ao porto de São Gabriel, que vivem 22 famílias.

A comunidade surgiu 20 anos atrás, quando a família de Luiz Laureano, baniwa do clã Hohodone, migrou da comunidade Camarão, no Rio Ayari, rumo à cidade de São Gabriel. De acordo com Luiz, o principal motivo que os levou a saír de sua comunidade de origem foi a busca de melhores condições de vida. “As nossas comunidades cresceram muito, aí começou a faltar peixe, caça e terra para plantar roça. Não tinha onde comprar pequenos objetos como fósforo, sabão, panelas. Para ir até São Gabriel ou Mitú (na Colômbia) e voltar para nossa comunidade era quase um mês a remo. Naquele tempo não tínhamos motor rabeta, gasolina e barco. Não tinha escola para meus filhos e assim a situação ficou cada vez mais difícil. Por isso resolvemos mudar para a cidade”.

Luiz Laureano conta que no início foi difícil, pois a família precisava se acostumar ao novo ambiente. Apesar de um pouco afastados da cidade, acabaram vivenciando uma realidade que não era a deles. “A minha maior preocupação era com as crianças que agora estavam perto da cidade. Eu não gostaria que elas esquecessem dos ensinamentos dos mais antigos”. Estabelecido na cidade, o grupo procurou a prefeitura de São Gabriel que cedeu um lote de terra para se instalarem na zona periurbana, a 11 km do centro da cidade.

Degradação ambiental

Depois de anos vivendo na região, os recursos naturais ficaram mais escassos e boa parte de área de roça, caça e de pesca da comunidade sofreu impactos ambientais, principalmente por conta de obras que a Comara (Comissão dos Aeroportos da Amazônia), órgão da Aeronáutica responsável pela construção de aeroportos militares na Amazônia, vem causando nos últimos anos. A ação mais prejudicial foi a retirada de terra e areia na cabeceira do principal igarapé que abastece a comunidade. A contaminação da água devido ao assoreamento do leito, vem trazendo muitas conseqüências. Uma delas é o alto índice de malária e diarréia que atinge sobretudo as crianças e os mais idosos.

“Publicamos uma carta endereçada à Comara, reivindicando reparos na área degradada e solicitando compensação por danos causados à nossa comunidade. Eles prometeram ajudar, mas já faz um ano que esperamos a resposta da carta que protocolamos na Comara e até o momento nada foi feito. Nossos igarapés estão assoreados, nossa área de roça e caça está com grandes erosões”, informa Moisés Laureano. (Leia quadro abaixo).

Outro agravante é a retirada desordenada de madeira na área da comunidade. As estradas que foram abertas pela Comara para retirada de areia, facilitou a entrada de madeireiros na floresta que extraem madeira sem nenhum tipo de licença ou permissão da comunidade.

Recentemente com a elaboração do Plano Diretor do município, a comunidade de Itacoatiara-Mirim foi classificada como “zona comunitária indígena”. Portanto, essas áreas têm como objetivo garantir a permanência das formas de uso e ocupação do solo segundo costumes, usos e tradições das comunidades que vivem nelas e junto com o poder público devem planejar o seu espaço de ocupação. Mesmo não pertencendo a uma terra indígena, a comunidade poderá pensar junto com o município o futuro para sua área. “Precisamos sentar com outras comunidades que também são zonas comunitárias indígenas para pensar o uso do nosso território. Para não acontecer de uma comunidade usar todos os recursos sozinha. Quase não temos recursos perto das nossas comunidades, precisamos pensar uma forma sustentável de uso” relata Moisés.

Mesmo que a predominância seja baniwa, atualmente vivem em Itacoatiara-Mirim pessoas de outras etnias como tukano, wanano, cubeu, siriano, desana. Migraram de várias regiões do Rio Negro e pediram acolhida a Luiz Laureano para viverem em Itacoatiara-Mirim. A convivência com outros povos na comunidade fez com que Laureano aprendesse outras línguas além de baniwa e português. Ele fala nhengatú, pira-tapuia, tukano, wanano, cubeu e espanhol. Todas as famílias convivem harmoniosamente. Reconstruíram suas vidas próximas à cidade abrindo roças, coletando frutos e pescando eventualmente, já que o rio fica muito distante dali.

Algumas pessoas da comunidade admitem que precisam da cidade para sobreviver, afinal, essa foi a causa das migrações. É na cidade que fazem compras, adquirem bens, vendem artesanatos, mantém relações sociais. Mas reconhecem que a proximidade não significa que esqueceram sua cultura por estarem inseridos no contexto urbano. Luiz Laureano diz sabiamente que sendo São Gabriel uma cidade e uma cidade praticamente indígena, os dois mundos podem conviver harmoniosamente. "Só depende da iniciativa de valorização dos saberes tradicionais de grupos como o de Itacoatiara-Mirim".

Carta aberta da comunidade de Itacoatiara-Mirim

A Comunidade Indígena de Itacoatiara-Mirim, localizada na Zona Comunitária Indígena da Estrada de Camanaus/km-10 próximo ao trevo do aeroporto Uaupés em São Gabriel da Cachoeira, vem por meio desta carta informar para toda a sociedade e principalmente para a Comara (Comissão de Aeroportos da Região Amazônia), que entre os anos de dois mil á dois mil e quatro, devastaram uma área ambiental para retiradas das piçarras para reformar a pista do Aeroporto. Este lugar onde extrairam as piçarras fica a quatrocentos metros da Comunidade e isso causou problemas para comunidade, porque a área degradada está localizada na cabeceira do principal igarapé da região e na época de chuva a lama escorre para o igarapé que as pessoas da Comunidade utilizam diariamente como: para tomar banho, lavar roupa, buscar água para cozinhar e beber.

A Comunidade possui 22 famílias e cerca de 120 moradores, etnias baniwa, tuyuka e barassana. Aquele igarapé possui duas cachoeiras atrás da comunidade, aonde as pessoas da cidade vinham acampar no fim de semana. Mas depois que o igarapé torno-se lama às pessoas da cidade abandonaram a cachoeira e até os próprios moradores da comunidade. Depois desse acontecimento o Agente de Saúde preparou um poço de água (de dois metro de fundura) próximo do igarapé, mas não resolveu os problemas da Comunidade. No ano de 2002 a Prefeitura abriu um poço de nove metros para a comunidade, e esse poço é insuficiente e apenas usado na época de muita chuva pois seca muito facilmente e as pessoas da comunidade voltam pegar água do igarapé. Hoje em dia os moradores da comunidade tomam banho de vasilha num açude de criação de peixes. A temperatura da água é de 34 C° que impedem o nosso costume de tomar banho na água fria do igarapé.

Como reconhecimento a comunidade Itacoatiara-Mirim, solicita que a Comara aceita essas problemas citadas acima e que as seguintes providências sejam tomadas:

abrir e equipar um poço artesiano profundo para a Comunidade. Contamos que a sete anos a comunidade utilizam água suja e tem causado muitas doenças como principalmente a Malária e Diarréias.
que a Comara repare o dano ambiental onde foi degradado através do plantio de mudas de árvores nativas. A Comunidade está disposta a colaborar com isso.
que a Comara respeite a obrigação constitucional (artigo 225) tanto de prevenir como de reparar danos ambientais nas obras que ela realiza no alto Rio Negro.
Finalizamos com nossos considerações e respeito ao meio-ambiente!

São Gabriel da Cachoeira-Am, 01 de novembro de 2007. (Seguem assinaturas)
ISA, Andreza Andrade.

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Ongs lançam nota de repúdio à nuclearização da América do Sul

15/09/2008 - O texto, assinado por organizações e movimentos sociais do Brasil, Argentina, Chile, Paraguai, Colômbia e Uruguai, rejeita o Pacote Nuclear desenvolvido pelos governos argentino e brasileiro, que inclui a criação de uma empresa binacional voltada para o enriquecimento de urânio, produção de radioisótopos e desenvolvimento de reatores nucleares. O assunto foi tratado em reunião entre os presidentes dos dois países na semana passada, em Brasília.

Leia abaixo o conteúdo do documento:

Nota de repúdio de Ongs e Movimentos Sociais Contra a tentativa de nuclearização da América do Sul

Desprezando a opinião pública de seus países, majoritariamente contrária à construção de usinas nucleares, Lula e Cristina Kirchner anunciam aventura conjunta no setor.

Brasília, 09 de Setembro de 2008

Os governos argentino e brasileiro discutiram no dia 8, em Brasília, a criação de uma empresa binacional voltada para o enriquecimento de urânio, produção de radioisótopos e desenvolvimento de reatores nucleares.

A iniciativa faz parte de um “Pacote Nuclear”, conjunto muito maior, envolvendo outros 61 projetos no setor, todos elaborados e decididos em segredo, sem nenhuma consulta às populações, às comunidades científicas ou sequer aos parlamentos dos 2 países, como nos mais sombrios tempos das ditaduras que assolaram Argentina e Brasil anos atrás.

Pior, todo o Pacote Nuclear argentino-brasileiro é baseado em planos megalomaníacos de instalação de 12 a 15 centrais nucleares de energia na América do Sul até 2030, espalhando a aventura nuclear a países como o Chile, Uruguai, Peru e Venezuela. Nesse sentido, Bolívia e Equador também poderiam vir a integrar o rol de países envolvidos na proliferação nuclear na América Latina.

Lamentavelmente, a Argentina, já em complicada situação econômica, decide “apostar” em uma forma de energia ultrapassada e custosa, retomando as obras de Atucha II (paralisadas por anos) e anunciando a construção de outras 2 usinas e impulsionando também perigosíssimos empreendimentos de mineração de urânio.

O Brasil que, por outro lado, vive um momento de relativa estabilidade econômica, opta por ressuscitar uma indústria nuclear que já foi responsável por um terço da sua dívida externa na década de 80, tendo custado até hoje, aos cofres públicos, cerca de 40 bilhões de dólares, segundo estimativas oficiais. Cedendo aos delírios de funcionários das estatais do setor nuclear, alguns militares e uma ultrapassada minoria que vê a bomba nuclear como algo essencial ao País, além dos interesses comerciais e militares no ciclo do combustível nuclear, Lula anuncia a construção de Angra III (a um custo de mais 4,5 bilhões de dólares, além do que já foi gasto com ela) e de outras 6 usinas até 2030, criando um novo rombo financeiro e – inevitavelmente – encarecendo o preço da eletricidade para o consumidor. E o Presidente do Brasil é ainda mais ambicioso: apesar de até hoje não ter sido resolvido o problema dos depósitos definitivos para o lixo atômico das usinas de Angra I e II, lançou desafio para que o setor resolvesse em 60 dias o que não conseguiu em mais de 50 anos da indústria nuclear mundial.

A atitude dos governos brasileiro e argentino só pode ser caracterizada como total desprezo pela opinião do cidadão comum da região. É ele quem, em última instância, deverá pagar a enorme conta dessa “farra nuclear”. Mais triste do que isso é o cidadão comum, que estará mais exposto aos riscos que as usinas e os depósitos de resíduos nucleares trazem consigo.

Em um mundo em rápida transformação diante das mudanças climáticas, onde governos, cientistas, empresários e simples cidadãos buscam um novo modelo de desenvolvimento, baseado em premissas como o uso de fontes de energia renováveis e limpas, a transparência e participação das populações na tomada de decisões que afetem suas vidas e a busca da segurança e paz entre as nações, Brasil e Argentina parecem não perceber a oportunidade de liderança que poderiam exercer, sujando suas matrizes energéticas, impondo “pacotes nucleares” às suas populações e fomentando um ambiente de insegurança na região.

Assinam a carta:

Brasil:
Núcleo Amigos da Terra/Brasil
ABREA – Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto
ACIA – Associação Cunhambebe da Ilha Anchieta
ADEMA – Associação de Defesa do Meio Ambiente de Avaré
AGAPAN – Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural
AIPA – Associação Ituana de Proteção Ambiental
Amigos da Terra – Amazônia Brasileira
AMAVIDA – Associação Maranhense para a Conservação da Natureza
APASC – Associação Para Proteção Ambiental De São Carlos
APROMAC – Associação de Proteção ao Meio Ambiente / PR
ATLAS – Terra de Laranjeiras
AVCésio – Associação das Vítimas do Césio 137
CDPEMA – Comissão de Defesa da Espécie e do Meio Ambiente, Guarulhos/SP
CEA – Centro de estudos Ambientais
CEACON
CORES – Comissão Revitalização de Sepetiba
Ecoa
FASE – Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE)
FURPA – Fundação Rio Parnaíba
Gambá – Grupo Ambientalista da Bahia
Greenpeace Brasil
IMV – Instituto Madeira
INESC – Instituto de Estudos Socioeconômicos
InGá – Instituto Gaúcho de Estudos Amnbientais
Instituto Biofilia
Instituto Vitae Civilis
IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas
ISABI – Instituto Socioambiental da Baia da Ilha Grande
Mongue Proteção ao Sistema Costeiro, Peruíbe/SP
Núcleo de Estudos e Pesquisas Sociais em Desastres – NEPED/ UFSCar
ONG Preservação de Limeira
Quatro Cantos do Mundo
RBJA – Rede Brasileira de Justiça Ambiental
Rede Alerta Contra o Deserto Verde, RJ
SAPÊ – Sociedade Angraense de Proteção Ecológica
VERDEJAR – Proteção Ambiental e Humanismo
Argentina:
Amigos de la Tierra Argentina
Asociacion Ambientalista EcoLa Paz
Asociación contra la contaminación ambiental de Esteban Echeverría
Asociación Ecologista Piuke, Bariloche
Bios Argentina
Greenpeace Argentina
Live Gaia
Oikos, Mendoza
Programa Argentina Sustentable
Taller Ecologista
Uruguai:
CEUTA
CLAES
Comisión en Defensa del Agua y la Vida
Red Uruguaya de ONGs Ambientalistas
REDES – Amigos de la Tierra Uruguay
Chile:
Chile Sustentable
CODEFF – Amigos de la Tierra Chile
Instituto de Ecología Política
Colômbia:
CENSAT – Amigos de la Tierra Colombia
ILSA
Paraguai:
Sobrevivencia – Amigos de la Tierra Paraguay
Outros:
Amigos de la Tierra America Latina e Cariba – ATALC
COECO – Amigos de la Tierra Costa Rica
Cono Sur Sunstentable
International Rivers
Rede Virtual - Cidadã pelo Banimento do Amianto na América Latina

 
 

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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