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FUNASA NEGA QUE MORTE DE ADOLESCENTE XAVANTE MOTIVOU CRIAÇÃO DE OUTRO ABRIGO

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Setembro de 2008

17 de Setembro de 2008 - Paula Laboissière - Repórter da Agência Brasil - Elza Fiúza/Abr - Brasília - Alojamentos da Casa de Apoio à Saúde do Índio (Casai) no Distrito Federal, inaugurada pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa)
Brasília - A Fundação Nacional de Saúde (Funasa) inaugurou hoje (17) uma unidade da Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai) no Distrito Federal.

A nova sede vai substituir a antiga Casai, onde ficou hospedada a índia Jayia Xavante, de 16 anos, que morreu em junho deste ano, após ter órgãos internos perfurados.

Segundo a Funasa, as instalações anteriores foram desativadas. Em entrevista coletiva, o presidente da fundação, Danilo Bastos Forte, negou que a transferência dos índios para a nova unidade tenha relação com a morte da adolescente xavante.

O delegado da 2ª Delegacia de Polícia do Distrito Federal, Antonio José Romeiro, encarregado do caso, trabalha com a hipótese de que o crime tenha ocorrido dentro na antiga Casai, mas o inquérito ainda não foi concluído.

Na entrevista, o presidente da Funasa afirmou ainda que não houve nenhuma alteração no esquema de segurança da nova Casai.

“Nossas instalações aqui têm uma segurança muito maior, porque é um ambiente muito mais aberto, mais saudável, são acomodações mais modernas, mas eu não posso colocar uma câmera em cada cômodo. Não vou violar a intimidade de ninguém. A vigilância que a outra casa tinha aqui tem também, é a mesma coisa”, disse Forte.

A nova Casai, segundo o presidente, oferece acomodações “mais dignas, mais corretas, mais seguras e mais próximas” à sede da Funasa, em Brasília. Ele lembrou que a administração da antiga casa ficava no centro da capital federal, enquanto o abrigo ficava próximo à divisa com o estado de Goiás. “Agora, está tudo unificado.”

Além do escritório administrativo, o local tem consultórios, uma central de farmácia e 14 apartamentos que acomodam até 100 indígenas, incluindo os acompanhantes. Há ainda uma piscina para fisioterapia e uma área de lazer para as crianças.

A reforma, de acordo com dados da Funasa, teve um custo de R$ 20 mil. Com o aluguel do local onde a casa funciona serão gastos R$ 18 mil por mês – o valor do aluguel da antiga unidade era R$ 12 mil.

“No Brasil, hoje, temos 54 Casais, com recursos que conseguimos economizar no custeio do orçamento vamos construir mais três Casais, na região dos xavantes e dos caiapós, que são áreas críticas em que a Funasa precisa atuar. Quero ver se a gente começa até o final do ano", acrescentou Forte.

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Temporão diz que atendimento à saúde indígena prestado pela Funasa é inadequado

17 de Setembro de 2008 - Paula Laboissière* - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, avaliou hoje (17) como “inadequado” o tratamento oferecido pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa) às populações indígenas.

Questionado sobre a possibilidade de que a atenção primária à saúde indígena deixe de ser responsabilidade da Funasa e passe a ser administrada pelo Ministério da Saúde, por meio de uma nova secretaria, ele a considerou positiva e avaliou que o país precisa de uma intervenção “qualitativamente mais diferenciada”.

“O objetivo é garantir que a população indígena tenha um atendimento de mais qualidade. Para lidar com os graves desafios que essas populações hoje enfrentam. Elas apresentam uma taxa de mortalidade e de desnutrição maior do que a média da população geral”, disse o ministro.

Segundo Temporão, a má qualidade do atendimento prestado pela Funasa pode ser percebido pelos resultados apresentados, até o momento, pelo órgão. Ele afirmou que não se trata de uma questão de “capacidade”, mas de “lógica de funcionamento” do modelo de atenção à saúde.

“Nossa avaliação é que, com esse redesenho, poderemos apoiar melhor os municípios e repensar melhor as parcerias com as Ongs [organizações não-governamentais], dando mais qualidade e melhorando a efetividade das políticas. O que queremos são resultados melhores e esses resultados não vinham acontecendo no ritmo que o governo avaliava como adequado.”

O presidente da Funasa, Danilo Bastos Forte, rebateu as colocações do ministro. Ele afirmou que todos os indicadores de saúde indígena apresentados pelo órgão são positivos.

Forte citou como exemplo o índice de mortalidade infantil nas aldeias, que, segundo ele, gira em torno de 46 para cada mil nascidos vivos quando, há dez anos, registrava uma taxa de até 130. Há ainda, segundo ele, campanhas crescentes de vacinação. Segundo a Funasa, 66% da população indígena, está sendo vacinada.

“Temos ainda 25 mil crianças atendidas por um programa de vigilância alimentar e nutricional. E o PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] da Funasa já tem 244 obras prontas de saneamento, principalmente no que diz respeito ao abastecimento de água. Temos 17 mil índios já atendidos pelo PAC e a gente espera que, até o final do ano, consiga concluir mais de 500 obras nas comunidades indígenas”, contou o presidente da Funasa.

Para ele, a discussão sobre quem deve se responsabilizar pela saúde indígena é um debate “que vai e que vem”. Ele disse que, por enquanto, continua trabalhando, mas não pode definir o que vai acontecer.

O diretor do departamento de Saúde Indígena da Funasa, Wanderlei Guenca, destacou que, entre as principais dificuldades, está a ausência de profissionais dentro do quadro do órgão e que, por conta disso, é preciso buscar continuamente novas parcerias por meio de convênios.

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Conselho indígena quer manter serviço de atenção à saúde dos índios na Funasa

17 de Setembro de 2008 - Paula Laboissière - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena do estado do Mato Grosso do Sul, Fernando da Silva Souza, disse hoje (17) que é contra a intenção do Ministério da Saúde de transferir o serviço de atenção à saúde indígena da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) para outro órgão. Ele prometeu entregar até outubro um manifesto ao ministério, à Presidência da República e ao Senado condenando a proposta de tirar essa atribuição da Funasa.

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, já se manifestou a favor da proposta de criar uma nova secretaria no próprio ministério para cuidar especificamente da saúde indígena. Na sua avaliação, o tratamento oferecido pela Funasa às populações indígenas é inadequado. Segundo ele, o país precisa de uma intervenção “qualitativamente mais diferenciada”.

Souza discorda de Temporão. “A gente está vendo isso com muita preocupação, porque avaliamos como um retrocesso na política nacional de atenção à saúde dos povos indígenas. Isso nos remete ao ano de 1998. O Sistema Único de Saúde [SUS] foi criado em 11000 e, de lá até 1998, as comunidades indígenas ficaram sem atendimento”, disse o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena do MS.

Ele explica que a população indígena, de maneira geral, tem se mostrado contrária à proposta de criação de uma secretaria de atenção primária dentro do ministério, porque a medida “joga a responsabilidade da política de saúde indígena” para os municípios.
“As populações indígenas do país exigem uma atenção diferenciada”, afirmou o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena do MS – onde vive a segunda maior população indígena do país, com cerca de 64 mil índios.

De acordo com Souza, os resultados alcançados pela Funasa são parte de um “processo de construção”. Ele avaliou a atuação do órgão como “positiva”, mas destacou que ainda há muita coisa para ser conquistada. “Estamos no caminho certo”.

O manifesto, segundo Souza, deve contar com apoio dos 34 presidentes de conselhos distritais. “É um repúdio a uma decisão que, mais uma vez, vem de cima para baixo e com grandes possibilidades de dar errado”.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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