Área representa 11% do
total de terras privadas protegidas no estado, que
conta com 37 RPPNs
Campo Grande, 19 de agosto
de 2008 — Três Reservas Particulares do Patrimônio
Natural (RPPN) foram criadas no começo de
agosto no Mato Grosso do Sul para proteger 14.280
hectares de ecossistemas e de espécies nativas.
Agora o estado tem 37 RPPNs que protegem, no total,
128.199 hectares, sendo o segundo estado brasileiro
em quantidade de áreas protegidas por terras
privadas, ficando atrás do Mato Grosso, que
possui 170.980 hectares de reservas. A criação
das RPPNs é fundamental para a conservação
da biodiversidade, ainda mais em um estado como
o Mato Grosso do Sul, onde 90% das terras pertencem
a proprietários privados, explica Laércio
Machado de Sousa, presidente da Associação
dos Proprietários de RPPN do estado, a Repams.
Heitor Miraglia Herrera, pesquisador
do Instituto Oswaldo Cruz e proprietário
da recém-criada RPPN Alegria, com 1.128 hectares,
localizada em Corumbá (MS), considera que
as reservas privadas têm papel fundamental
na manutenção da biodiversidade da
região. “É visível a velocidade
com que o homem vem modificando o ambiente natural.
Por isso, decidi manter em minha propriedade uma
área destinada para a conservação”,
diz Herrera. A RPPN Alegria foi criada com recursos
do primeiro Edital do Programa de Incentivo às
RPPNs do Pantanal, lançado no ano de 2005.
No início deste mês, a proposta de
criação dessa RPPN foi aprovada pelo
órgão ambiental do estado. Desenvolvido
pela ONG Conservação Internacional
(CI-Brasil) em parceria com a Repams, o programa,
que este ano lançou seu terceiro edital,
visa auxiliar proprietários rurais da bacia
do Alto Paraguai na criação e na implementação
de reservas particulares em suas propriedades.
O gerente do programa Cerrado-Pantanal
da CI-Brasil, Sandro Menezes Silva, afirma que não
é apenas a biodiversidade que ganha com as
RPPNs, mas também o proprietário.
“O reconhecimento da RPPN Alegria representa mais
uma importante etapa na consolidação
das reservas privadas no Mato Grosso do Sul uma
vez que demonstra que a conservação
da biodiversidade e a produção podem
caminhar juntas para a proteção do
Pantanal. As RPPNs são um bom exemplo de
serviços ambientais que proprietários
rurais podem prestar à sociedade”, afirma
Menezes.
Segundo Albertina Maria de Oliveira, proprietária
da RPPN Duas Pedras, de 152 hectares, localizada
em Bandeirantes (MS), a criação de
uma RPPN mostra como é possível aliar
preservação e desenvolvimento. “Acredito
que minha atitude pode ajudar a manter amostras
de plantas e de animais para meus netos e, conseqüentemente,
para o futuro da humanidade”, diz Oliveira.
Sousa, presidente da Repams, afirma
que a disposição dos proprietários
rurais em contribuir para a proteção
da biodiversidade pode ser incentivada e orientada
por associações como a Repams, que
oferecem tanto apoio financeiro como técnico
para a criação de reservas privadas.
Em cinco anos de atividades, a Repams ajudou a criar
20 RPPNs no Mato Grosso do Sul por meio de apoio
financeiro e técnico. “A criação
de RPPNs não apenas contribui para a conservação
da biodiversidade local, mas também possibilita
ganhos em qualidade ambiental nas próprias
fazendas”, diz Sousa.
Iniciativa privada e conservação
- Uma das três reservas privadas criadas neste
mês é a RPPN Engenheiro Eliezer Batista,
que pertence ao Grupo MMX. A reserva, localizada
em Corumbá (MS), protege 13 mil hectares
e foi criada com apoio técnico da ONG Instituto
Homem Pantaneiro (IHP). Ângelo Rabelo, do
IHP, explica que a ONG propôs a criação
de uma área natural ao Grupo MMX com o objetivo
de mostrar à empresa como ela poderia colaborar
de maneira espontânea em ações
de conservação, o que, consequentemente,
contribuiria para sua credibilidade. “Esperamos
que outros empreendedores apóiem causas relevantes
para sociedade, como é o caso da proteção
de ambientes de grande diversidade ecológica
e que agora estão protegidos de forma perpétua
pela RPPN EEB”, salienta Rabelo. Eike Batista, empresário
e proprietário do Grupo MMX afirma que quer
tornar a reserva um modelo para a participação
da iniciativa privada no esforço de conservação
do Pantanal. “Acredito que as empresas podem ir
além de suas obrigações legais
contribuindo com o ao Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade de maneira
decisiva para a concretização de uma
política nacional de proteção
da natureza”, conclui.
Associação de Proprietários
de RPPNs do Mato Grosso do Sul - REPAMS
A REPAMS é uma organização
da sociedade civil, sem fins lucrativos, com sede
no estado de Mato Grosso do Su, criada em 2003.
Congrega proprietários de RPPNs – Reservas
Particulares do Patrimônio Natural, sendo
seu principal objetivo preservar o meio ambiente
em áreas particulares, contribuindo, dessa
forma, para o aumento, em área e qualidade,
das unidades de conservação. A REPAMS
promove a divulgação das reservas
privadas, e de seus objetivos de conservação,
e atua em parceria com o poder público e
ONGs no apoio à gestão de reservas
existentes e na criação de novas RPPNs.
Para mais informações sobre a REPAMS,
visite o nosso escritório à rua Michel
Scaff, 105, Sala 11, Condomínio Alta Vista,
Bairro Chácara Cachoeira - CEP 79.040-860
- Campo Grande/MS, ou pelo site www.repams.org.br
Conservação Internacional
- CI-Brasil
A Conservação Internacional (CI) foi
fundada em 1987 com o objetivo de conservar o patrimônio
natural do planeta - nossa biodiversidade global
- e demonstrar que as sociedades humanas são
capazes de viver em harmonia com a natureza. Como
uma organização não-governamental
global, a CI atua em mais de 40 países, em
quatro continentes. A organização
utiliza uma variedade de ferramentas científicas,
econômicas e de conscientização
ambiental, além de estratégias que
ajudam na identificação de alternativas
que não prejudiquem o meio ambiente. A Conservação
Internacional (CI-Brasil) tem sede em Belo Horizonte
- MG. Outros escritórios estão estrategicamente
localizados em Brasília-DF, Belém-PA,
Campo Grande-MS, Salvador-BA e Caravelas-BA.
+ Mais
No dois pra lá, dois prá
cá, quem dança é a floresta
Acordo anunciado pelos Ministros
do Meio Ambiente e da Agricultura reduz proteção
da Amazônia e rompe compromisso público
de Minc
Brasília, 18 de agosto de 2008 — Contrariando
seu discurso de posse, quando afirmou que o presidente
Lula não permitiria a redução
da Reserva Legal na Amazônia, o Ministro do
Meio Ambiente, Carlos Minc, anunciou acordo com
o Ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, para
possibilitar que os produtores rurais possam fazer
a recuperação da reserva legal com
espécies exóticas. Isso significa
na prática a redução da reserva
legal de 80% para 50% na Amazônia, pois monoculturas
de espécies exóticas não cumprem
a função ecológica prevista
no Código Florestal.
A proposta é a mesma do
projeto de lei 6424/05, conhecido como Floresta
Zero, de autoria do senador Flexa Ribeiro, por permitir
bacias hidrográficas sem cobertura florestal.
A possibilidade de compensação de
reserva legal em outra bacia hidrográfica
desestimula a recuperação de áreas
degradadas e mantém o cenário de desequilíbrio
ambiental promovido pelos desmatamentos.
Consideramos fundamental que qualquer
discussão ou negociação em
torno do Código Florestal seja feita de forma
transparente e com participação da
sociedade civil e da comunidade científica.
Esse debate precisa levar em conta os demais biomas
brasileiros, igualmente importantes.
Aprimorar o Código Florestal, na lógica
de otimizar o uso de áreas desmatadas e impedir
novos desmatamentos é uma perspectiva positiva
do ponto de vista socioambiental. Para tanto, é
fundamental que as mudanças consolidem um
entendimento comum de valorização
da floresta.
As entidades abaixo assinadas
reconhecem que é indispensável para
o país promover o desenvolvimento econômico
sustentável e a geração de
empregos. Combinar esses fatores à conservação
e recuperação dos recursos naturais,
garantindo a integridade dos ecossistemas, é
nosso desafio.
A crise climática global
e o papel dos desmatamentos na emissão de
gases de efeito estufa exigem uma postura enérgica
de controle dos desmatamentos e manutenção
dos ativos florestais existentes no país.
Recente estudo divulgado pela Embrapa sobre “Aquecimento
global e a nova geografia da produção
agrícola no Brasil” demonstra que o aquecimento
global deve alterar profundamente a configuração
da agricultura no país e provocar perdas
de R$ 7 bilhões.
Infelizmente, no governo Lula,
vale a máxima de Schelling: “não existe
absurdo que não encontre o seu porta-voz”.
Amigos da Terra – Amazônia Brasileira
Associação de Preservação
do Meio Ambiente e da Vida – Apremavi
Conservação Internacional – CI-Brasil
Fórum Matogrossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento
- FORMAD
Instituto Centro de Vida - ICV
Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia
- IPAM
Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia
- IMAZON
Instituto Socioambiental - ISA
Greenpeace
Grupo de Trabalho da Amazônia – GTA
Vitae Civilis Instituto para o Desenvolvimento,
Meio Ambiente e Paz
WWF Brasil