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CRIAÇÃO DE UCs PODE AJUDAR A PROTEGER FLORA INCLUÍDA NA NOVA LISTA DE ESPÉCIES AMEAÇADAS

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Setembro de 2008

Brasília (24/09/2008) - O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) é um dos responsáveis, junto com o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, pela execução do plano de ação para proteger as espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção, que constam na nova lista oficial divulgada pelo ministro Carlos Minc, do Meio Ambiente. Entre as ações que devem ficar com o ICMBio, está a criação de unidades de conservação (UCs) e corredores ecológicos em áreas que abriguem população expressiva de uma ou de várias dessas espécies.

“A lista é uma sinalização da comunidade científica sobre as espécies que devem ter prioridade para a conservação”, diz o chefe do Copom (centro especializado do ICMBio que cuida da flora), Marcelo Guenna, ao explicar que na execução do plano de ação para a preservação devem ser levadas em conta iniciativas como a fiscalização, que deve ficar com o Ibama; a criação de UCs e corredores ecológicos, tarefa que institucionalmente cabe ao ICMBio; e a organização de coleções ex-situ (fora do ambiente natural), iniciativa que pertence ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

A Nova Lista das Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção foi elaborada pela Fundação Biodiversitas sob encomenda do Ministério do Meio Ambiente. Relaciona 472 espécies, quatro vezes mais que a lista anterior de 1992. Os biomas com maior número de espécies ameaçadas são a Mata Atlântica (276), o Cerrado (131) e a Caatinga (46). A Amazônia aparece com 24 espécies, o Pampa com 17 e o Pantanal com duas. Nenhuma espécie da lista anterior foi excluída.

A instrução normativa atualizando a lista foi assinada, nesta sexta-feira (19), pelo ministro Carlos Minc em solenidade no Instituto Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), com a presença do presidente do JBRJ, Lizst Vieira; da secretária de Biodiversidade e Florestas do MMA, Maria Cecília Wey de Brito; da Sociedade Botânica do Brasil, Paulo Guínter Wíndish; do diretor de pesquisa científica do JBRJ, Fábio Scarano, e do diretor de Conservação da Biodiversidade do MMA, Bráulio Dias, entre outros representantes da academia e da sociedade civil.

Segundo Minc, o desafio agora é coibir o crime ambiental, criar mais unidades de conservação, estimular a criação de RPPNs e tomar medidas para impedir o corte, o transporte e a comercialização de espécies ameaçadas. "Essa lista coloca para nós uma série de desafios para revertermos o quadro da destruição da biodiversidade e todos temos um papel importante a desempenhar", disse o ministro.

De acordo com a instrução normativa, que foi publicada no Diário Oficial da União nesta semana, as espécies constantes da lista são consideradas prioritárias para efeito de concessão de apoio financeiro à conservação pelo governo federal e sua coleta será efetuada somente com autorização do órgão ambiental competente.

Também constam da lista das ameaçadas, 12 espécies de importância madeireira que já integram a lista de 1992. A nova lista adiciona uma única espécie de interesse madeireiro, o "pau-roxo" (Peltogyne maranhensis), da Amazônia. Entre as outras espécies de uso econômico estão algumas de uso alimentício (caso do palmito/juçara), medicinal (jaborandi), cosmético (pau-rosa) e também ornamental. O jaborandi e o pau-rosa também já constam da lista de 1992.

O crescimento no número de espécies em relação à lista anterior reflete não apenas o aumento das pressões antrópicas sobre a vegetação de diferentes regiões brasileiras ocorrido ao longo das últimas três décadas, mas também um melhor nível de conhecimento sobre a flora brasileira e a participação de uma parcela mais expressiva da comunidade científica no processo de elaboração da lista.

No que se refere às regiões brasileiras, o Sudeste apresenta o maior número de espécies ameaçadas (348), seguido do Nordeste (168), do Sul (84), do Norte (46) e do Centro-Oeste (44). Neste contexto, Minas Gerais (126), Rio de Janeiro (107), Bahia (93), Espírito Santo (63) e São Paulo (52) são os estados com maior número de espécies ameaçadas.

Este fato é um reflexo da presença, particularmente nas regiões Sudeste e Nordeste, dos biomas com maior número de espécies ameaçadas, caso da Mata Atlântica, bem como o fato de essas duas regiões concentrarem os estados cuja biodiversidade é mais bem conhecida.

Espécies com deficiência - Uma segunda lista elaborada pela Fundação Biodiversitas inclui as espécies com deficiência de dados (Anexo II da Instrução Normativa assinada pelo ministro Carlos Minc disponível no site do MMA), composta de 1.079 espécies. Este grupo refere-se a espécies cujas informações (distribuição geográfica, ameaças/impactos e usos, entre outras) são ainda deficientes, não permitindo seu enquadramento com segurança na condição de ameaçadas. As espécies constantes do anexo II da lista de flora ameaçada não estarão sujeitas às restrições previstas na legislação em vigor.

De acordo com a secretária de Biodiversidade e Florestas, Maria Cecília Wey de Brito, um dos importantes desafios que o MMA assume ao editar novas listas de espécies ameaçadas é assegurar que essas espécies sejam retiradas das listas e, da mesma forma, as que estão com dados insuficientes sejam esclarecidas.

Para isso, o MMA, juntamente com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e com o Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro e, em parceria com outros ministérios e a sociedade civil organizada, estão aprimorando mecanismos para a integração de esforços visando incrementar ações voltadas ao conhecimento da biodiversidade presente nos diversos biomas brasileiros e a recuperação das espécies ameaçadas.

Com a divulgação da nova lista, o MMA planeja desenvolver, juntamente com suas vinculadas, um plano estratégico coordenado pelo JBRJ voltado à efetiva conservação e recuperação das espécies ameaçadas. Este plano seguirá as diretrizes estabelecidas pelas Metas Nacionais de Biodiversidade para 2010, da Conabio, que incluem, entre outros pontos, a elaboração de planos de ação e a criação de Grupos Assessores para todas as espécies ameaçadas de extinção; a conservação efetiva da totalidade das espécies ameaçadas em Áreas Protegidas; a conservação em coleções ex situ de 60% das espécies de plantas ameaçadas e a inclusão de 10% das espécies de plantas ameaçadas em programas de recuperação e restauração.

A primeira lista das Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção foi editada em 1968 (Portaria IBDF nº 303), com a inclusão de 13 espécies. A segunda ocorreu em 1980 (Portaria IBDF nº 1471), com a adição de uma espécie à lista anterior. Em janeiro de 1992 foi publicada uma nova lista, (Portaria Ibama nº 6-N), desta vez com a inclusão de 107 espécies. Três meses após, por meio da Portaria Ibama nº 37-N, foi editada uma nova lista, com 108 espécies.

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Rodovia ameaça animais da Chapada dos Guimarães

Brasília (23/09/2008) - Uma pesquisa realizada no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso, revelou aumento do número de mortes de animais silvestres por atropelamento na Rodovia Emanuel Pinheiro (MT-251), que atravessa o parque. Segundo dados do Instituto Chico Mendes, autarquia que administra o parque, entre janeiro e julho de 2007 foi registrada a morte de 10 animais silvestres. Este ano, no mesmo período, 37 foram atropelados e mortos.

Durante 21 meses os técnicos da Unidade de Conservação (UC) registraram a morte de 74 animais pertencentes a no mínimo 26 espécies diferentes, incluindo aí uma espécie rara de canídeo, em toda a rodovia. O maior índice de atropelamentos, contudo, ocorreu entre os quilômetros 51 e 55. Embora preliminar, o estudo evidencia também que a espécie com maior número de ocorrências é o cachorro-do-mato, com nove registros no período.

De acordo com informações da UC, a própria existência da rodovia é uma das principais razões dos problemas ambientais e de gestão que vêm ocorrendo na região. Desde que a equipe iniciou a pesquisa com o intuito de identificar os efeitos da MT-251 na unidade de conservação, foram registrados cinco problemas: atropelamento da fauna; incidência de focos de incêndios; erosão; entrada de infratores; e facilidade de acesso a regiões frágeis da UC.

Os técnicos identificam a necessidade de estudos mais aprofundados sobre o problema e a definição de medidas mitigadoras apropriadas para as condições locais, bem como o monitoramento da efetividade delas e realizar adaptações necessárias.

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Tartarugas marinhas chegam às praias brasileiras para desova na 29ª temporada reprodutiva

Brasília (26/09/2008) - Setembro é um mês de expectativa para os biólogos, oceanógrafos, pescadores e voluntários que atuam no Centro Nacional de Conservação e Manejo de Tartarugas Marinhas (Tamar), centro especializado do Instituto Chico Mendes. A data marca o início da temporada reprodutiva das tartarugas nas praias do Brasil, que se estende até o final de março. As fêmeas, como fazem há milhões de anos, percorrem milhares de quilômetros pelos oceanos para a desova. Muitas chegam a realizar verdadeiras jornadas intercontinentais para preparar os ninhos e perpetuar a espécie na costa brasileira.

As tartarugas escolhem a praia onde nasceram para desovar. Cada uma chega a realizar de três a sete posturas por temporada, com uma média de 120 ovos em cada ninho, variando as espécies e suas características físicas. Os ovos ficam incubados na areia de 45 a 60 dias, fazendo com que o auge do período de desovas aconteça em novembro. Os filhotes começam a nascer em dezembro, mas o pico de nascimentos ocorre em janeiro.

Especialistas e voluntários envolvidos na proteção da espécie esperam um novo recorde de nascimentos. Desde o início dos trabalhos do Tamar, em 1980, mais de nove milhões de filhotes já foram protegidos em todo o Brasil e nesta 29ª temporada, estima-se que as desovas aumentem ainda mais.

Especialmente no Espírito Santo, acredita-se em resultados melhores que os do ano passado, quando123 mil filhotes foram liberados ao mar. O litoral capixaba abriga o único ponto no Brasil com concentração de desovas da Tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea), a espécie mais ameaçada de extinção em território brasileiro e uma das dez espécies de animais marinhos que mais correm risco de desaparecer no mundo.

O estado também é o segundo maior ponto de concentração de desovas da Tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta). Na costa do Espírito Santo, a mobilização para a proteção dos ovos, fêmeas e filhotes acontece nas bases de Itaúnas, Guriri, Povoação, Pontal do Ipiranga, Comboios e Anchieta, além de praias no município da Serra.

Pesquisadores, pescadores, estagiários e moradores litorâneos contam com o apoio do governo estadual, prefeituras de Linhares, São Mateus, Anchieta, Serra, e patrocinadores como ArcellorMittal Tubarão e Samarco, parceiros na conservação das tartarugas marinhas.

Ao todo o Tamar atua em 21 bases de proteção das áreas de desova, monitorando mais de 1.100 km de praias espalhadas pelo Brasil. Além da tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) e da cabeçuda (Caretta caretta), as espécies protegidas no litoral brasileiro são a tartaruga de-pente (Eretmochelys imbricata), oliva (Lepidochelys olivacea) e verde (Chelonia mydas). O Tamar conta com a parceria com a Fundação Pro-Tamar e patrocínio nacional da Petrobras na execução de suas ações.
Márcia Néri
Ascom/ICMBio

 
 

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