Salvador
(25/09/2008) - Os pingüins que foram resgatados
nos últimos dois meses na orla de Salvador
e outras localidades marítimas do estado,
serão transportados para o Rio Grande do
Sul no dia 1º de outubro, às 08 h, em
um avião Hercules C130 da Força Aérea
Brasileira.
A data do vôo foi confirmada
hoje pelo superintendente do Ibama, Celio Pinto,
que informou ainda que o avião transportando
os pingüins decolará da Base Aérea
de Salvador rumo ao aeroporto de Pelotas, de onde,
após o desembarque, os animais seguirão
por via terrestre para a cidade de Rio Grande. “Nesta
cidade os pingüins ficarão por um curto
período, dois dias talvez, sob os cuidados
e avaliação dos técnicos do
Centro de Reabilitação de Animais
Marinhos – CRAM, até o momento dos mesmos
serem colocados em uma corrente marítima
que os levará de volta ao seu habitat, a
Patagônia, na região sul da Argentina”,
emendou.
A operação para
devolução dos pingüins ao seu
habitat está sendo realizada pelo Ibama,
Ministério do Meio Ambiente e o Instituto
de Mamíferos Aquáticos (IMA), com
o apoio da Petrobrás, Secretaria Estadual
de Meio Ambiente (SEMA) e Aeronáutica.
O número de animais que
farão a viagem de regresso ainda não
está definido, mas estima-se que sejam em
torno de 400 a 500 espécimes. Os técnicos
do IMA ainda se encontram avaliando clinicamente
o plantel que está alojado nas dependência
do instituto, em Pituaçu, para então
selecionarem aqueles que estão em condições
de empreenderem a viagem de volta para “casa”.
Dentre as condições
exigidas para que o animal seja selecionado para
a viagem, destaque para o fator plumagem, “pois
para que o animal consiga chegar ao seu destino
final, a Patagônia, é fundamental que
a camada de penas que recobre o seu corpo esteja
sem falhas, garantindo assim a permeabilidade que
protegerá o pingüim das baixas temperaturas
da água oceânica, evitando que ele
morra por hipotermia ou retorne ao ponto de partida,
o Brasil”, esclarece a bióloga Sheila Serra,
do IMA.
Durante a viagem até Pelotas,
os pingüins serão acompanhados por dois
técnicos do Ibama e seis do IMA. Eles seguirão
acondicionados em 20 caixas de madeira, cada uma
contendo cerca de 20 animais. A previsão
é que a viagem até Pelotas dure aproximadamente
5 horas.
Carlos Humberto
Ascom/Ibama/BA
Foto: Ibama/BA
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Pinguins precisam voltar para
“casa”
Vitória (24/09/2008) -
O Ibama tem buscado desde o início deste
fenômeno natural, o aparecimento de um número
tão alto de pingüins em nosso litoral,
dar amparo a estas aves que chegaram e continuam
a aportar às praias do Espírito Santo
e demais estados do Brasil. Porém, nunca
houve registro desses animais chegando a costa brasileira
de uma forma tão intensa.
Por tanto, segundo os analistas
ambientais do Ibama, a chegada destas aves no litoral
brasileiro é um fenômeno natural, com
característica sazonal e variação
em sua intensidade e ao longo dos anos nunca chegou
a números tão elevados. O motivo desse
aumento não está totalmente esclarecido,
mas possivelmente deve-se a uma pequena elevação
na temperatura do oceano.
O recebimento de pingüins
neste ano superou excepcionalmente quaisquer expectativas
quanto ao número de animais e que as ações
tomadas até o momento atingiram o limite
da capacidade operacional desta superintendência
e das outras entidades como o Instituto ORCA, que
se engajaram nesta tarefa.
Apesar de não haverem dados
concretos para saber com exatidão qual o
impacto desse fenômeno sobre a população
dessa espécie de pingüim (Sphenicus
magellanicus), há fortes razões para
acreditar que os indivíduos que chegaram
às praias deste estado tenham pouquíssimas
chances de retornar às suas colônias
reprodutivas no sul do continente americano e, portanto,
teriam sido excluídos dessa população
pelo processo de seleção natural,
a despeito de qualquer auxílio que lhes possa
ser prestado.
Para o Ibama o recolhimento desses
pingüins debilitados, encontrados nas praias,
consiste de uma atividade humanitária, mais
relacionada à mitigação do
sofrimento individual desses animais do que à
preservação de uma espécie
ou recurso natural. Tal atividade tem sido possível
apenas devido à iniciativa de algumas entidades
que se engajaram na sua execução,
em especial o Instituto ORCA, que absorveu até
o último dia 21, todos os pingüins recolhidos
no litoral das regiões central e sul, além
de alguns exemplares da região norte.
A estrutura da Superintendência
do Ibama no Espírito Santo tem sido satisfatória
nos últimos anos para abrigar e cuidar dos
pingüins na quantidade que até 2006
não ultrapassou 12 espécies, em 2007
não houveram registros de pingüins chegando
a costa do Estado. Os esforços agora se concentram
em reabilitar e reintegrar a natureza as aves recolhidas.
Os animais que têm chegado
nestes últimos dias têm morrido nas
primeiras horas após sua localização
nas praias, devido ao longo período que passaram
fora de sua rota convencional. Os analistas ambientais
explicam que há indícios que esses
animais estejam tendo grande dificuldade para obter
alimento, chegando às praias extremamente
debilitados e com chances ainda menores de sobrevivência
do que tinham aqueles pingüins que foram recolhidos
nos meses de julho e agosto.
Iniciativas no sentido de gerar
estrutura para atender essa demanda no futuro estão
sendo implementadas, dentre elas a construção
de um Centro de Triagem de Animais Silvestres no
município da Serra e a celebração
de um termo de Cooperação Técnica
com o Instituto ORCA, previstos para o final deste
ano.
Luciana Carvalho
Ascom Ibama ES