Brasília
(24/09/2008) - Flagrante de transporte, comercialização
e abandono de madeira ilegal marcou os primeiros
momentos da ação deflagrada pelos
agentes de fiscalização do Ibama que
participam da Operação Guardiões
da Amazônia, com o apoio da Força Nacional
de Segurança, na última quarta, 17,
na cidade de Marcelândia, norte do estado
do Mato Grosso, a 712 quilômetros de Cuiabá.
Apenas no primeiro dia de ação, foram
apreendidos 1.900 m3 de madeira e lavradas 11 multas
no valor total de mais de meio milhão de
reais.
Equipes do Ibama e de policiais
entraram no município por diferentes rotas
à noite com o fim de surpreender o transporte
ilegal de madeira. Na entrada da cidade, foram flagrados
cinco caminhões carregados de 91,86 m3 de
madeira em tora e 15,45 m3 serrada. A carga são
espécies valorizadas comercialmente como
itaúba, cambará, peroba, champanhe
e angelim e foi avaliada em R$ 63 mil.
Os motoristas não apresentaram
documentação do veículo nem
da madeira. Dois deles sequer portavam CNH (Carteira
Nacional de Habilitação), tática
utilizada para dificultar a fiscalização.
Um outro alegou falsamente ser estrangeiro e além
da multa pela madeira ilegal, foi autuado por obstruir
o trabalho dos agentes ambientais federais. As multas
aplicadas aos motoristas somaram R$ R$ 32.193,00.
Os caminhões e a madeira foram recolhidos.
Os motoristas foram conduzidos à Delegacia
de Marcelândia para prestar esclarecimentos
e, em seguida, liberados.
Segundo o coordenador da operação,
Evandro Selva, ao observarem a presença do
Ibama e dos policiais, houve um grande fluxo de
pessoas para fora da cidade. “No dia seguinte, moradores
de chácaras vizinhas vieram nos avisar que
muita madeira foi abandonada em suas propriedades”,
relata Selva. Ninguém se apresentou como
responsável pelos 121,8 m3 em toras das essências
itaúba, cambará e peroba, segundo
cálculos do Ibama. A madeira foi doada para
a Secretaria de Educação do município,
que construirá prédio para encontros
da Agenda 21.
Inspeção nas serrarias
– Na quinta-feira, 18, começaram as inspeções
nas empresas madeireiras de Marcelândia. Duas
serrarias foram auditoradas pelo Ibama. Embora a
documentação cadastral dessas empresas
estivesse regular, nenhuma delas conseguiu provar
a origem da madeira estocada nos pátios.
Na primeira empresa, foram encontrados e apreendidos
770,808 m3 de madeira em toras e 454,724 m3 serrada.
Na outra, 495,117 m3 de madeira em toras. O total
de multas lavradas ultrapassa R$ 549 mil. Levantamentos
do Ibama indicam para a existência de cerca
de 126 empresas do ramo madeireiro na região.
Elas estão na mira da fiscalização.
Porém, a ação também
se estenderá para o campo com o fim de verificar
35 áreas indicadas com desmatadas pelas imagens
de satélite, algumas localizadas próximas
ao Parque Nacional do Xingu.
Marcelândia é a 19ª no ranking
das cidades que mais desmatam no estado do Mato
Grosso e integra a lista dos 36 municípios
que são alvos prioritários das ações
de combate ao desmatamento pelo Ibama. Em janeiro
deste ano, a então ministra Marina Silva
sobrevoôu o município e constatou pessoalmente
o avanço da devastação da floresta.
Seguindo dados do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe), da área total de 12.292
km2 do município, já foram desmatados
3.221.5 desde 1988, quando começou o monitoramento
via satélite pelo Prodes das áreas
desmatadas, o que corresponde a 26% do município.
No período 2006/2007, foram derrubados 79.5
km2.
Kezia Macedo
Ascom Fiscalização
Foto: Fiscalização Ibama