21 de
Setembro de 2008 - Beatriz Arcoverde - Repórter
da Rádio Nacional - Brasília - O uso
das urnas eletrônicas nos últimos 12
anos gerou um ganho ambiental considerável.
De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE),
desde a implantação do sistema eletrônico
de votação, em 1996, até o
último pleito - realizado em 27 de outubro
de 2006, 820,8 milhões de cidadãos
votaram por meio desse sistema, o que ajudou a preservar
18.720 árvores ou uma floresta de 112 mil
metros quadrados. Nestas eleições
serão economizados 148,2 mil quilos de papel,
poupando 2.965 árvores.
O processo eletrônico garantiu,
em dez anos, a manutenção de vegetação
nativa em área que corresponde a 11 campos
de futebol, ao evitar o corte de árvores
e ao deixar de usar 505,44 milhões de litros
de água na produção do papel,
que até 1996 era utilizado para produzir
as cédulas. Este volume de água é
suficiente para abastecer uma cidade de 100 mil
habitantes por um mês. A economia ambiental
– que representa a manutenção de florestas
e de ecossistemas - é uma conseqüência
inesperada, um benefício extra ao meio ambiente,
gerado a partir da intenção da Justiça
Eleitoral de agilizar o processo de votação
e de apuração.
Os números são grandiosos,
como o país, que está usando a informatização
a favor do cidadão e no processo de fortalecimento
da democracia. Para o secretário de Tecnologia
da Informação do TSE, Giuseppe Janino,
todas as decisões do TSE têm grande
repercussão, pois dizem respeito a 130 milhões
de eleitores.
“Há, certamente, grande
preocupação. Primeiro em relação
ao processo em si, em suas duas diretrizes: segurança
e transparência, para que o eleitor tenha
efetiva confiança de que a sua vontade expressa
na urna eletrônica seja reconhecida. Por outro
lado, buscamos a economicidade e também a
preocupação com o meio ambiente. Prova
disso é a própria implementação
da automação do processo”.
De acordo com asssessora de Comunicação
Corporativa do TSE, Fernanda Quintanilha, as 57.262
urnas usadas em 1996 serão descartadas de
forma ecologicamente correta. A corte aprovou a
destinação dos equipamentos a partir
de um estudo realizado pela Diretoria Geral do Tribunal,
em conjunto com a Secretaria Geral de Informação.
Para isso, foram realizadas pesquisas
em todos os itens do equipamento, avaliando o que
poderia ser reciclado. Além das urnas, outros
materiais serão reaproveitados, como 980,4
mil disquetes, 279 mil bobinas e 41.944 baterias.
Atualmente, está sendo elaborado o edital
de licitação para escolha da empresa
que vai realizar a reciclagem de todo o lixo tecnológico.
Mas o ganho ambiental se amplia
com a economia de papel em cada pleito. Agora, o
TSE está modificando o sistema da folha de
votação. Assim, não será
impresso um novo caderno para identificação
do eleitor nos municípios que terão
segundo turno. Ao invés disso, a mesma lista
será reutilizada. “Nós fizemos uma
adaptação, agora só há
necessidade de imprimir um caderno. Com isso nós
economizamos em torno de 90 toneladas de papel.”
informa Giuseppe Janino.
Nas eleições deste
ano, 130 milhões de eleitores devem votar
em urnas eletrônicas. Ao considerarmos que
todos usem este sistema, serão economizados
148,2 mil quilos de papel, que, para serem fabricados,
utilizariam 80 milhões de litros de água
e 2.965 árvores. Segundo especialistas do
setor gráfico, para a produção
de um quilo de papel são necessários
540 litros de água. E para obtenção
de cada 50 quilos deste material, uma árvore
precisa ser derrubada.
Os resultados desse processo de
automação têm o respaldo da
sociedade civil. Para a presidente da Organização
Não Governamental Amigos do Futuro, Rejane
Pieretti, este é um grande exemplo para toda
a administração pública, que
ao substituir o papel por meios eletrônicos
mais modernos, pode somar ações positivas
na luta pela preservação do meio ambiente
e de todo o planeta, com risco iminente de enfrentar
o aquecimento global nos próximos 50 anos.
O TSE garante que está
preparado para que todos votem em urnas eletrônicas.
Mesmo assim, serão impressas 7,5 milhões
de cédulas de papel, sem identificação
do pleito deste ano de forma que possam ser reutilizadas
nas próximas eleições. A estimativa
do TSE é de que sejam usadas apenas 0,07%
de cédulas de papel. Afinal, 460 mil urnas
eletrônicas serão utilizadas, 10 %
deste número ficam de reserva para serem
substituídas caso algum equipamento apresente
defeito.
Para o futuro, o TSE já
prevê o voto biométrico, que será
testado em três municípios brasileiros
– São João Batista, em Santa Catarina;
Fátima do Sul, em Mato Grosso do Sul, e Colorado
D’Oeste, em Rondônia. Baseado nestas experiências,
o Tribunal irá traçar um plano para
estender este tipo de voto para todo o País.
A iniciativa, de acordo com o Secretário
de Tecnologia da Informação do TSE,
além de garantir segurança, transparência
e economicidade vai beneficiar o meio ambiente.
“Nós vamos chegar ao ponto em que a própria
emissão do Título de Eleitor será
dispensável”, afirma Giuseppe Janino.