29 de
Setembro de 2008 - Luana Lourenço - Repórter
da Agência Brasil - Brasília - Os assentamentos
do Instituto Nacional de Colonização
e Reforma Agrária (Incra) lideram a lista
dos 100 maiores desmatadores da Amazônia,
divulgada hoje (29) pelo Ministério do Meio
Ambiente. As seis primeiras posições
do ranking, que classificou os desmatadores pelo
tamanho da área derrubada, são de
assentamentos de reforma agrária, todos no
estado de Mato Grosso.
Juntos, os assentamentos do Incra
foram responsáveis por mais de 220 mil hectares
de devastação da Amazônia, área
equivalente a 220 mil campos de futebol.
Entre as propriedades particulares,
o maior desmatador é o produtor Léo
Andrade Gomes. De acordo com o Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama), ele é responsável por 12,5
mil hectares de destruição de floresta
nativa sem autorização dos órgãos
ambientais no município paraense de Santa
Maria das Barreiras. O nome do produtor também
aparece na lista pela destruição de
mais 2,6 mil hectares da reserva legal de outra
propriedade, em Santana do Araguaia, também
no Pará.
Na comparação por estados, Mato Grosso
reúne o maior número de desmatadores
listados pelo Ibama, 50 dos 100. O Pará está
em segundo lugar, com 37 campeões de desmatamento,
seguido por Rondônia, com 7. Quatro outros
produtores citados são do Amazonas, um de
Roraima e um do Acre.
De acordo com o ministro do Meio
Ambiente, Carlos Minc, o objetivo agora é
realizar uma ação conjunta do MMA
com o Ministério Público Federal (MPF)
e a Advocacia-Geral da União (AGU) para abrir
processos contra os 100 maiores desmatadores.
+ Mais
Presidente do Incra diz que órgão
foi "injustiçado” na lista de desmatadores
29 de Setembro de 2008 - Luana
Lourenço - Repórter da Agência
Brasil - Janine Moraes (Estagiária sob sup.
de Marcello Casal Jr/Abr - Brasília - O presidente
do Instituto Nacional de Colonização
e Reforma Agrária (Incra), Rolf Hachbart,
questiona lista dos maiores desmatadores da Amazônia,
divulgada hoje pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos
Minc
Brasília - O presidente do Instituto Nacional
de Colonização e Reforma Agrária
(Incra), Rolf Hackbart, questionou a lista dos 100
maiores desmatadores divulgada hoje (29) pelo Ministério
do Meio Ambiente, que aponta os assentamentos da
reforma agrária como líderes de devastação
da Amazônia. “O Incra está sendo injustiçado”,
afirmou.
De acordo com a lista do MMA,
oito assentamentos do Incra, todos em Mato Grosso,
foram responsáveis por mais de 220 mil hectares
de devastação da Amazônia. O
total de multas para o órgão federal
é de mais de R$ 250 milhões.
Segundo Hackbart, as imagens de
satélite utilizadas pelo Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) para as multas são antigas, e alguns
assentamentos foram criados quando a legislação
permitia desmatamento de até 50% das propriedades,
e não os atuais 20%, de acordo com as regras
de reserva legal.
“A maioria das fotos [que deram
origem às multas] é de 1997, mas o
Ibama até agora não nos informou de
quando, de fato, é o desmatamento”, apontou.
O Incra já recorreu de todas as multas, segundo
Hackbart.
De acordo com o presidente do
órgão fundiário, em uma das
multas, as coordenadas de satélite do Ibama
não coincidem com a localização
do assentamento citado na lista. Hackbart disse
que tem “conversado sempre” com representantes do
Ibama e que se surpreendeu com o ranking divulgado
hoje.
“Senti falta [na lista] dos grandes
grileiros, que não aparecem porque não
têm as propriedades regularizadas. São
os desmatadores invisíveis. Não se
pode mascarar o desmatamento como se fosse responsabilidade
da reforma agrária”, ponderou.
Hackbart reconheceu que há
desmatamento em alguns assentamentos, mas minimizou
as proporções. “Em um assentamento
às vezes vivem milhares de famílias;
a própria lista cita proprietários
que, sozinhos, desmataram mais de 12 mil hectares”,
comparou.
O presidente do Incra informou
que o órgão está investindo
na elaboração de planos de manejo
e “em vários estados” já firmou Termos
de Ajustamento de Conduta com o Ministério
Público Federal para reparação
e compensação de danos ambientais
causados pelos assentamentos.