02/10/2008
- Riquelme olha curioso para o “macaco todo preto”.
O menino de quatro anos de idade, com a boca lambuzada
de sorvete de uva, acha engraçado aquele
macaquinho pequeno, todo peludo e que anda de um
lado para o outro em seu cativeiro, no Zoológico
de São Paulo. Certamente, Riquelme não
sabe que este macaco chama-se Leontopithecus chrysopygus,
ou simplesmente mico-leão-preto e, muito
menos, que este bichinho quase deixou de existir
e hoje só é visto nos municípios
de Teodoro Sampaio e Gália, no Estado de
São Paulo.
No dia, 01.10, a Secretaria Estadual
do Meio Ambiente divulgou, após dez anos,
sem ser atualizada, a lista das espécies
ameaçadas de extinção no Estado.
O mico-leão preto, assim como outras 435
espécies de vertebrados (17% das existentes
no Estado), está lá. Isto significa
que estes animais correm o risco de desaparecer
em um curto espaço de tempo se nada for feito.
Dentro das categorias de ameaça, as espécies
que correm um risco maior de extinção
são classificadas como “Criticamente em Perigo”
(CR), seguido pelas categorias “Em Perigo” (EN)
e “Vulnerável” (VU) – na qual, apesar da
espécie ainda sofrer sério risco de
extinção, não está em
situação tão crítica.
Em 1998, quando da publicação
da última lista de fauna, o mico-leão-preto
aparecia entre as espécies “Criticamente
em Perigo”. Dez anos depois, graças aos esforços
de conservação, sua avaliação
melhorou e agora ele foi classificado como “Em Perigo”.
Isto não garante que a espécie esteja
salva. A meta é retirar a mesma da lista
da fauna ameaçada.
“Precisamos nos apoiar em dois
pilares: fiscalização e pesquisa”,
disse o secretário do Meio Ambiente, Xico
Graziano, em cerimônia no Zoológico
de São Paulo, para divulgação
da lista. Para o secretário, o primeiro pilar
deve proteger a fauna silvestre dos criminosos,
“muita gente não sabe que comprar um papagaio,
por exemplo, é um crime”, o segundo pilar
auxiliaria na indicação do que deve
ser feito para salvar estas espécies.
Uma novidade na nova lista é
a classificação das espécies
com dados insuficientes para classificação.
São 161 espécies tão pouco
estudadas e conhecidas impossibilitando a definição
da condição delas na fauna paulista.
Essa lista serve para mostrar a necessidade de mais
investimentos em pesquisas de espécies pouco
conhecidas. “Esta lista mostra como devemos melhorar
nossas pesquisas e o graus de informações
contidas nelas”, explicou o secretário.
Resolução
Além da divulgação
da lista de fauna, o secretário Xico Graziano
assinou uma resolução que transfere
novas atribuições ao Estado de São
Paulo na gestão dos recursos faunísticos.
O licenciamento ambiental de atividades de manejo
da fauna, que antes era atribuição
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis - IBAMA, agora passa
a ser responsabilidade do Estado.
Criação em cativeiro
e pesquisas científicas, por exemplo, são
algumas das atividades que passam a ser autorizadas
pelo Estado. É a primeira vez que um Estado
brasileiro assume esse compromisso sobre sua fauna
silvestre. “Nós temos potencial para isso,
não sei por que já não era
assim antes”, questionou o secretário do
Meio Ambiente. Agora, equipes da Polícia
Militar Ambiental, do Departamento Estadual de Proteção
dos Recursos Naturais - DEPRN e pesquisadores terão
que redobrar o seu trabalho para garantir que a
fauna do Estado de São Paulo esteja protegida.
Tudo isso para que, quando o menino Riquelme crescer,
o mico-leão-preto e todos os outros 435 animais
não estejam mais na lista das espécies
ameaçadas.
Fazer o Download das listas dos animais em extinção
no link:
www.ambiente.sp.gov.br/listas_fauna.zip
Texto: Evelyn Araripe Fotografia: José Jorge