Brasília
(07/10/2008) – O Centro Nacional de Estudo, Proteção
e Manejos de Cavernas (Cecav), do Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade
(ICMBio), vai elaborar planos de ações
emergenciais para as cavernas turísticas
da Chapada Diamantina, na Bahia. O objetivo é
estabelecer um novo reordenamento turístico
na região, especialmente nas cavernas que
se localizam no entorno do Parque Nacional da Chapada,
de modo a evitar o fechamento de várias delas.
O novo reordenamento faz parte
do processo de revisão e atualização
da Portaria 15/01 do Ibama, que regulamenta o uso
turístico das cavernas da Chapada, e de inclusão
de novas cavernas nos registros institucionais.
Para isso, uma equipe do Instituto Chico Mendes
vistoriou 12 cavernas de exploração
turística entre os dias 24 e 30 de setembro
na Área de Proteção Ambiental
(APA) Marimbus Iraquara. Existem na APA 126 cavernas
conhecidas e um sem-número de outras ainda
desconhecidas e sem registro.
De acordo com informações
do Cecav, a Portaria 15/01 do Ibama, que regulamenta
o uso turístico dessas cavernas, está
caduca e precisa ser atualizada. Além de
colher dados para elaboração do novo
reordenamento, a vistoria buscou verificar o traçado
de uma rodovia a ser reformada e ampliada, que liga
a BR-242 à cidade de Iraquara e passa sobre
e ao lado de diversas cavernas importantes da região.
PLANO DE MANEJO – A idéia do Cecav é
também a de produzir o Plano de Manejo Espeleológico
(PME) para gerenciamento das cavernas exploradas
pelo setor de turismo na área, conforme previsto
pela portaria. O documento vai estipular e implementar
novas regras de gestão, de exploração
da região pelos proprietários de terras
na área de entorno que se auto-intitulam
guardiões das cavernas e, sobretudo, de conduta
para atuação do setor de turismo,
tais como número de visitantes por guia e
tempo entre um grupo e outro.
Durante a vistoria, os técnicos
do ICMBio constataram a urgência de implantação
de novas regras com base num plano de manejo espeleológico.
Isso é fundamental para a proteção
e a conservação das cavernas e, conseqüentemente,
da biodiversidade existente nesses ecossistemas,
bem como para evitar o fechamento de cavernas rentáveis
e essenciais para a manutenção do
complexo turístico da Chapada, como Pratinha,
Lapa Doce, Poço Azul e Poço Encantado.
Em novembro do ano passado, o
Poço Encantado foi fechado por causa de uso
indevido, é que o “guardião” dessa
caverna construiu uma escadaria de alvenaria no
trajeto turístico dentro da cavidade sem
autorização e sem consultar o ICMBio
e, por isso, a atividade turística foi embargada
e multada pelo Ibama da Bahia. Para acelerar o processo
de reabertura da caverna, há uma proposta
do Cecav de elaboração de um Termo
de Ajustamento de Conduta entre o guardião
e o Ibama, intermediado pelo Ministério Público
Federal de Salvador.
A gestão de cavernas brasileiras
é um dos desafios do Cecav não só
pelo fato de não haver registros confiáveis
da maioria das cavidades existentes no País,
mas também pela falta de estudos sobre esses
ecossistemas. Na Chapada Diamantina, por exemplo,
há cavernas pouco visitadas cuja gestão
é feita pelos proprietários das áreas
de entorno, que exploram turisticamente e cuidam
da manutenção de forma amadora, como
é o caso de Fumaça, Lapa do Bode,
Manoel Ioio, Bolo de Noiva, entre outras.
SÃO PAULO – Por causa da
exploração desordenada e da falta
de plano de manejo, recentemente o ICMBio fechou
três parques estaduais, no Estado de São
Paulo, os quais há décadas permitiam
o uso das cavernas sem o Plano de Manejo Espeleológico.
De acordo com dados do Cecav,
as áreas que envolve cavernas em exploração
apresentam vários tipos de problemas. Atualmente,
o centro está desenvolvendo trabalhos nas
áreas em que há problemas, sobretudo
nas cavernas Lapinha, Maquiné e Rei do Mato,
em Minas Gerais; na Chapada Diamantina, na Bahia;
e no Parque Nacional (Parna) Ubajara, no Ceará.
O Brasil é o país
da América do Sul com o maior potencial espeleológico
distribuídos, principalmente, em dez estados
que concentram o maior número de cavernas
registradas, a saber: Minas Gerais, com 2.771; Goiás,
com 1000; Bahia, com 642; Tocantins, com 610; Pará,
532; São Paulo, 515; Rio Grande do Norte,
371; Mato Grosso, 327; Paraná, 271 e Distrito
Federal, com 49. Desse conjunto, destaca-se o Estado
do Pará que, com a descoberta das cavernas
de minério de ferro em Carajás, subiu
para o quinto lugar em número de cavidades.
Um exemplo da exuberância
desses ecossistemas são a Gruta do Centenário,
na região do Pico do Inficionado, em Minas
Gerais, considerada a mais profunda do Brasil e
a maior do mundo em terreno de quartzito, com 3,8
km de extensão e 481 m de profundidade. As
cavernas mais extensas, por sua vez, concentram-se
em Goiás, Minas Gerais, São Paulo
e, sobretudo, na Bahia, onde se localizam a Toca
da Boa Vista (105 km), considerada uma das 15 cavernas
mais extensas do mundo, e a Toca da Barriguda (26,7
km), também uma das maiores do País
em extensão.
+ Mais
ICMBio e Governo do Mato Grosso
assinam acordo para estruturar o turismo na Chapada
dos Guimarães
Brasília (03/10/2008) -
O mirante da cachoeira Véu de Noiva, o Complexo
de Cachoeiras e a Casa de Pedra do Parque Nacional
da Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso,
ganharão projeto arquitetônico, equipamentos
de segurança, acessibilidade e sinalização,
com implantação e readequação
das trilhas, além de funcionários
para atuar nos postos de controle de acesso às
áreas.
As melhorias estão garantidas
no Acordo de Cooperação Técnica
que será assinado nesta sexta-feira (3),
a partir das 16h30, pelos presidente do Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade,
Rômulo Mello, secretário de Estado
de Desenvolvimento do Turismo, Yuri Bastos Jorge,
prefeito municipal da Chapada dos Guimarães,
Gilberto Mello, e secretária Municipal de
Turismo, Cultura e Meio Ambiente da Chapada dos
Guimarães, Émyle Pellegrin.
A implementação
de tais melhorias nas estruturas físicas,
bem como de recursos humanos, garantirá a
reabertura das belezas cênicas à visitação,
garantindo a retomada do fluxo turístico
no município e no estado, responsáveis
pela geração de emprego e renda que
garantem a manutenção da economia
local em grande parte dependente do parque.
Pelo acordo caberá à
Secretaria de Estado de Desenvolvimento do Turismo
do Mato Grosso e à Prefeitura Municipal da
Chapada dos Guimarães elaborarem o projeto
arquitetônico, bem como fornecerem equipamentos
de segurança, acessibilidade e sinalização
dessas áreas do parque, com a implantação
e readequação das trilhas, disponibilizando
quatro funcionários para atuarem em postos
de controle de acesso.
Os parceiros ainda fornecerão
material informativo e de orientação,
como panfletos e placas, visando a comunicação,
orientação e sensibilização
dos turistas e visitantes para acesso ao parque.
Além de gerir o parque, o ICMBio fornecerá
aparelhos de rádio para facilitar a comunicação
dos funcionários nos postos de controle de
visitação, além de orientar
tecnicamente os parceiros na execução
das atividades, fazendo cumprir a legislação
ambiental.
Diagnóstico feito pela
Defesa Civil, ICMBio e Ibama havia detectado desgaste
natural nos paredões de arenito, acelerado
pelo fluxo de visitantes na trilha próxima
à encosta da cachoeira Véu de Noiva.
Tal desgaste teria sido o responsável pelo
desmoronamento, no feriado de 21 de abril, de um
dos paredões, que acabou ferindo visitantes
que se banhavam no lago abaixo da cachoeira no parque.