14
de Outubro de 2008 - Danilo Macedo - Repórter
da Agência Brasil - Fabio Rodrigues
Pozzebom/Abr - Brasília - Produtores
rurais que tiveram suas terras interditadas
pela criação da Floresta Nacional
do Jamanxim (PA) comparecem em audiência
pública na Comissão da Amazônia
Brasília - Cerca de 3.600 produtores
rurais paraenses, que tiveram suas terras
interditadas pela criação da
Floresta Nacional do Jamanxim, em fevereiro
de 2006, cobram do governo federal regras
claras sobre seu destino. O presidente do
Instituto Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade, Rômulo Mello, disse
que grandes proprietários serão
indenizados e os pequenos, reassentados, mas
não há prazos definidos.
Em reunião ordinária
da Comissão da Amazônia, Integração
Nacional e de Desenvolvimento Regional, realizada
hoje (14) na Câmara dos Deputados, o
deputado Zequinha Marinho (PMDB-PA) afirmou
que “as famílias foram incentivadas
pelo governo militar, há quase 40 anos,
a ir para aquela área como forma de
ocupação do território
nacional” e agora não sabem como e
para onde vão.
“Toda aquela região
é de reserva [ambiental], então
vai tirar de lá e colocar onde? Uma
política de governo tem que pensar
o meio ambiente, mas também o homem”,
disse o deputado.
A presidente da Associação
dos Produtores do Vale do Garça, Nelci
Rodrigues, afirmou que os moradores se comprometem
a não desmatar, mas precisam de instrução
para conservar a floresta e obter sua subsistência.
“Estamos muito aflitos,
numa terra do não pode, e queremos
uma solução para aquelas famílias
que já estão lá numa
área aberta. Pedimos que vá
educação para lá, que
levem o plano do manejo sustentável,
mas que seja também para as famílias,
e não apenas para empresas”, desabafou
Nelci.
Ela disse que a região
é carente de acesso à educação,
saúde e que, em muitas propriedades,
não há energia elétrica.
O presidente do Instituto
Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade, Rômulo Mello, e o
diretor de Proteção Ambiental
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais e Renováveis
(Ibama), Flávio Montiel, reconheceram
que houve “confusão” entre as políticas
públicas de 30 anos atrás e
as de agora, o que leva a uma situação
de instabilidade.
Para tentar resolver a questão
sobre o destino das famílias que ocupam
a área transformada em floresta nacional,
os dois representantes do governo se comprometeram
a abrir uma nova discussão amanhã,
às 9h, na sede do Instituto Chico Mendes.
Os proprietários pedem ainda a identificação
e expulsão dos grileiros e a oportunidade
de explorar sustentavelmente a floresta.