13 de
Outubro de 2008 - Vinicius Konchinski - Repórter
da Agência Brasil - São Paulo - Oitenta
e um professores índios receberam hoje (13),
em cerimônia realizada em São Paulo,
o diploma de graduação em Pedagogia.
De acordo com a Secretaria de Educação,
eles compõem a primeira turma só de
indígenas já formada por uma escola
de ensino superior do país.
Segundo o órgão,
todos os formandos já trabalham em escolas
instaladas em alguma das 30 tribos existentes no
estado, ministrando aulas para alunos até
da 4ª série do ensino fundamental. Em
uma iniciativa do governo paulista e da Universidade
de São Paulo (USP), eles foram selecionados
e graduados para que possam, agora, ministrar aulas
para estudantes das 5ª à 8ª séries
e também do ensino médio.
Exigências do Ministério
da Educação (MEC) obrigam que professores
de alunos além da 4ª série tenham
a chamada licenciatura plena. Já uma lei
vigente no estado de São Paulo proíbe
que professores não-índios dêem
aulas em escolas de aldeias. Por isso, a necessidade
de graduar os professores indígenas.
Vivem no estado de São
Paulo cinco etnias indígenas: Guarani, Tupi-Guarani,
Terena, Kaingan e Kerenak. Cerca de 1.500 índios
estudam em escolas instaladas em tribos.
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Amazonas elege seus primeiros
prefeitos indígenas
11 de Outubro de 2008 - Amanda
Mota - Repórter da Agência Brasil -
Manaus - O resultado das eleições
municipais de 2008 passará a ter um significado
especial para os povos indígenas do Amazonas.
É que, pela primeira vez na história
das eleições brasileiras, uma cidade
escolheu prefeito e vice-prefeito indígenas:
São Gabriel da Cachoeira, no extremo norte
do estado. Outro município, Barreirinha,
no Baixo Amazonas, também vai ser administrado
a partir de janeiro de 2009 por prefeito indígena.
São Gabriel da Cachoeira,
que fica a 858 quilômetros da capital, Manaus,
elegeu para prefeito Pedro Garcia, da etnia tariana,
e para vice-prefeito, André Baniwa, da etnia
Baniwa. Foram 12.319 votos válidos, e eles
tiveram 51,68% da preferência do eleitorado.
No município, nove de cada dez habitantes
são comprovadamente indígenas. É
o município com maior número de índios
no país.
O vice-prefeito eleito André
Baniwa disse que a vitória eleitoral é
resultado do amadurecimento político do povo
indígena. Segundo ele, saúde e educação
serão prioridade na próxima administração.
"Há necessidade de
reconhecimento e legalização das escolas
indígenas, formação de professores
e qualificação dessa categoria. Terão
prioridade no município saúde, infra-estrutura
e segurança, além de ações
que busquem alternativas de renda para a população",
informou Baniwa.
Em Barreirinha, a 331quilômetros
de Manaus, Mecias Satere Mawe, foi eleito prefeito
com 33,1% dos votos válidos (3.666).
Para o diretor do Centro Amazônico
de Formação Indígena e presidente
do Conselho Estadual de Educação Escolar
Indígena do Amazonas, Domingo Sávio
Camico, o resultado das eleições nos
dois municípios é uma conquista histórica
para os povos indígenas. Ele disse que a
participação das populações
indígenas na política é coisa
recente no Amazonas, onde, tradicionalmente, esse
envolvimento se dava por meio das organizações
que os representam e de movimentos sociais.
"Em São Gabriel da
Cachoeira, por exemplo, apesar de 95% da população
ser indígena, existem pouco mais de 10 anos
de vida política entre esses povos",
destacou.
Camico ressaltou que o resultado
também é uma conquista porque as vagas
no executivo municipal representam um novo espaço
de poder para a sociedade indígena Segundo
ele, hoje há necessidade de políticas
diferenciadas voltadas para o fortalecimento cultural,
a saúde e a educação indígenas,
além da sustentabilidade econômica.
“Essa foi a maior bandeira de luta dos candidatos
indígenas: fazer com que o poder público
municipal possa atender às demandas dessas
populações, respeitando suas culturas
e diferenças."
O principal desafio das prefeituras
indígenas é garantir a realização
de administrações para todos, sem
distinção de povos, raças,
cor ou religião, afirmou Camico. "Respeitar
as diferenças é o principal desafio,
servindo de modelo para outros municípios
onde haja minorias que lutam por igualdade para
todos, não apenas para os indígenas.
É colocar em prática o que eles defenderam
em suas campanhas."
De acordo com o Conselho Indigenista
Missionário (Cimi), seis indígenas
já dirigiram prefeituras em cidades brasileiras.