Descrição
do lagarto Bachia oxyrhina em revista científica
oficializa descoberta da espécie, encontrada
na Estação Ecológica Serra
Geral do Tocantins em janeiro deste ano; dados são
importantes para traçar estratégias
de conservação na região
Brasília, 21 de outubro de 2008 — A descrição
de um lagarto sem patas encontrado no Cerrado no
começo deste ano e publicada na edição
de setembro do periódico científico
Zootaxa oficializa seu reconhecimento como uma nova
espécie. A publicação da descrição
torna o lagarto, batizado de Bachia oxyrhina, conhecido
diante da comunidade científica internacional
e, com isso, possibilita a elaboração
de estratégias de conservação
da espécie. O lagarto sem patas foi descoberto
em janeiro na Estação Ecológica
Serra Geral do Tocantins por um grupo de pesquisadores
coordenado por Cristiano Nogueira, analista de biodiversidade
da ONG Conservação Internacional (CI-Brasil).
Na ocasião, outras 13 prováveis novas
espécies foram descobertas, todas ainda não
descritas oficialmente.
O lagarto possui uma cauda e um
corpo extremamente alongados o que, para os leigos,
dá a impressão de que a espécie
não apresenta patas aparentes. Suas patas,
como a de outras espécies do gênero
Bachia, são rudimentares e não têm
função locomotora, explica Nogueira.
Segundo ele, o lagarto sem patas se locomove ondulando
o corpo sob o solo arenoso, típico do Jalapão
(TO), região onde foi descoberto. Com o focinho
afilado, o lagarto é capaz de abrir caminho
na superfície do solo. Essa característica,
inclusive, é que deu origem a seu nome oxyrhina,
que significa focinho ou nariz fino (oxy=fino; rhinos
= nariz ou focinho).
Segundo Nogueira, a formalização
da descrição científica de
uma espécie representa o primeiro passo para
seu melhor conhecimento pela comunidade científica.
Nogueira afirma que é a partir das descrições
científicas que os pesquisadores têm
condições de elaborar listas de espécies
existentes em uma determinada área e de mapear
a biodiversidade e a importância biológica
da região. “Esses dados são essenciais
para o planejamento de estratégias de conservação
adequadas. É difícil conservar o que
não se conhece”, afirma.
Miguel Trefaut Rodrigues, do Instituto
de Biociências da Universidade de São
Paulo, e primeiro autor da descrição
dessa nova espécie, ressalta que o processo
de reconhecimento de uma espécie pode demorar
anos, dependendo do grau de conhecimento científico
do grupo a que ela pertence. Nesse caso, no entanto,
a descrição levou apenas oito meses.
“Além da experiência da equipe de herpetólogos
envolvida no trabalho, a realização
recente de pesquisas com lagartos do mesmo gênero
e o volume de dados acumulado sobre a diversidade
de lagartos no Cerrado contribuíram para
o andamento do processo”, diz.
A descrição do lagarto
sem patas é a terceira feita com lagartos
do mesmo gênero desde 2007. As espécies
Bachia micromela e Bachia Psamophila foram descritas
no Cerrado do Tocantins no ano passado. “Esses acréscimos
à lista de lagartos do Cerrado indicam que
ainda estamos longe de conhecer a biodiversidade
do bioma para conservá-lo adequadamente,
um problema sério quando consideramos a rapidez
da expansão agrícola da região”,
diz Rodrigues. Segundo ele, a taxa de descoberta
de novas espécies no Cerrado, considerada
alta em comparação com a de outras
regiões, indica que várias espécies
podem ter sido extintas com a destruição
do ambiente sem deixar traços de sua existência.
Segundo Ricardo Machado, diretor
do programa Cerrado-Pantanal da CI-Brasil, nas duas
últimas décadas, o Cerrado contribuiu
com pelo menos 26% das cerca de 1.340 espécies
de vertebrados descritos no Brasil. “Como a biodiversidade
do bioma ainda é pouco estudada, o número
de descobertas revela que o Cerrado apresenta um
grande potencial para a descoberta de novas espécies,
caso mais estudos sejam implementados”, diz.
Histórico - A descoberta
da espécie Bachia oxyrhina foi feita durante
uma expedição de campo pela Estação
Ecológica Serra Geral do Tocantins, que identificou
outras 13 prováveis novas espécies
de vertebrados. Durante 29 dias, pesquisadores da
CI-Brasil, do Instituto de Biociências e do
Museu de Zoologia da Universidade de São
Paulo, da Universidade de São Carlos e da
Universidade Federal do Tocantins percorreram a
região realizando um levantamento das espécies
existentes, com o objetivo de mapear a biodiversidade
da estação ecológica. A expedição
foi financiada pela Fundação O Boticário
de Conservação da Natureza, com o
apoio da ONG Pequi - Pesquisa e Conservação
do Cerrado.
Sobre a Conservação
Internacional (CI-Brasil)
A Conservação Internacional (CI) foi
fundada em 1987 com o objetivo de conservar o patrimônio
natural do planeta - nossa biodiversidade global
- e demonstrar que as sociedades humanas são
capazes de viver em harmonia com a natureza. Como
uma organização não-governamental
global, a CI atua em mais de 40 países, em
quatro continentes. A organização
utiliza uma variedade de ferramentas científicas,
econômicas e de conscientização
ambiental, além de estratégias que
ajudam na identificação de alternativas
que não prejudiquem o meio ambiente. A Conservação
Internacional (CI-Brasil) tem sede em Belo Horizonte
- MG. Outros escritórios estão estrategicamente
localizados em Brasília-DF, Belém-PA,
Campo Grande-MS, Salvador-BA e Caravelas-BA.
Cristiano Nogueira, analista de biodiversidade da
CI-Brasil
+ Mais
Flona do Amapá dará
posse ao seu Conselho Consultivo
A iniciativa tem o apoio do Fundo
Nacional do Meio Ambiente, ONG Conservação
Internacional e da rede Wal-Mart Brasil
Macapá, 20 de outubro de 2008 — Representantes
dos setores público e privado e do terceiro
setor irão se reunir nesta segunda-feira
(20), no auditório da Federação
das Indústrias do Estado do Amapá
(FIAP), em Macapá, para a solenidade de criação
do Conselho Consultivo da Unidade de Conservação
(UC) Floresta Nacional (Flona) do Amapá.
O Conselho Consultivo será formado por representantes
de associações, empresas, produtores
e instituições federais e estaduais
na área de influência da Flona e passará
a legitimar as ações da equipe gestora,
mobilizando a população acerca do
papel e da finalidade da unidade nos contextos local
e estadual. A criação do conselho
consultivo é um marco na história
da Flona - que possui cerca de 412 mil hectares
de área preservada e está situada
na parte central do Amapá - e responde a
uma das exigências para a aprovação
do seu plano de manejo.
O processo de formação
do Conselho Consultivo da Flona do Amapá
foi iniciado ainda em 2005, com o projeto “Flona
do Amapá: Fortalecendo sua gestão
participativa”, com parceria do então gestor
da UC, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama),
e a ONG Instituto de Estudos Sócio-Ambientais
(IESA), com recursos do Fundo Nacional do Meio Ambiente
(FNMA), do Ministério do Meio Ambiente (MMA).
O projeto foi elaborado para viabilizar a gestão
participativa na Flona do Amapá, com o objetivo
principal de constituição de seu conselho
consultivo a partir de um amplo processo de mobilização
social com a realização de reuniões
com metodologias participativas que possibilitaram
a seleção de instituições
relevantes para a gestão da UC.
O Conselho Consultivo da Flona
será paritário, com doze cadeiras
de instituições, sendo seis da sociedade
civil - incluindo moradores da Flona, representantes
de assentamentos do entorno, colônia de pescadores
e uma ONG local - e seis de instituições
públicas, como o Instituto de Pesquisas Científicas
e Tecnológicas do Estado do Amapá
(IEPA), Universidade Federal do Amapá (Unifap),
Polícia Militar e prefeituras. Já
na próxima terça-feira (21), o conselho
realizará sua primeira reunião ordinária.
A Flona do Amapá recebe
desde 2007 um grande apoio de parceiros, como a
ONG Conservação Internacional (CI-Brasil)
e o Wal-Mart Brasil para implementação
do Plano de Manejo da UC, incluindo o apoio às
reuniões do Conselho Consultivo, que são
de fundamental importância para a gestão
da Unidade. A parceria é uma iniciativa que
visa transformar a Floresta Nacional do Amapá
em um modelo de gestão ambiental, baseado
na correta administração da UC e na
busca de alternativas econômicas para geração
de renda da população que vive dentro
e no entorno da unidade.
Estarão presentes à
reunião de posse do Conselho Edivan Barros
de Andrade, superintendente do Ibama no Amapá;
Pedro Carlos de Oliveira Junior, chefe da Flona;
Carlos Henrique Schmidt, gerente executivo do IESA;
Adrian Antonio Garda, diretor do Programa Amazônia
da Conservação Internacional; Yuri
Feres, consultor de Sustentabilidade do Wal-Mart
Brasil; e Ana Lúcia Chagas, do Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
(ICMBio).
Manejo
“A parceria tem o objetivo de agir em duas frentes”,
explica Adrian Antonio Garda, da Conservação
Internacional. “Prover a Floresta Nacional do Amapá
com mínima infra-estrutura e plano de manejo
para funcionar e buscar alternativas econômicas
para a população do seu entorno”.
O objetivo ainda no primeiro ano é de concluir
o plano de manejo da UC e mapear as possíveis
alternativas de uso de recursos não-madeireiros
na área da Flona.
“Para o Wal-Mart, que assumiu
um compromisso grande na área de sustentabilidade,
ter a possibilidade de participar de um projeto
como este que envolve a maior área verde
do mundo, é contribuir com o futuro de todo
o planeta. A parceria demonstra, ainda, nosso compromisso
com o Brasil, onde temos planos de investimento
e geramos mais de 70 mil empregos”, destaca Héctor
Núñez, presidente do Wal-Mart Brasil.
“A consolidação
do Conselho Consultivo da Flona do Amapá
representa um marco na história da Unidade,
a partir do qual será possível atingir
os objetivos precípuos de forma participativa
e transparente" observa Pedro Oliveira Junior,
chefe da Flona. “Levamos um bom tempo para a maturação
e execução deste projeto”, explica
Carlos Henrique Schmidt, do IESA, “buscando qualificar
o processo de instalação do conselho
gestor, que contou com atividades participativas
e estudos para definição de seus componentes,
somado ao aprendizado com os conselhos de outras
Unidades de Conservação locais”.
Sustentável
Criada em 10 de abril de 1989, a Floresta Nacional
do Amapá é uma das unidades de conservação
mais antigas do estado e está sob gestão
do recém-criado ICMBio. Pertence à
categoria das áreas protegidas de uso sustentável,
aquelas em que é permitida a utilização
dos recursos naturais para fins econômicos
desde que garantida a conservação
do meio ambiente. Possui uma floresta densa de terra
firme que recobre quase toda a área com árvores
de grande porte com alto potencial de utilização
comercial, o que possibilitou sua inclusão,
este ano, no Plano Anual de Outorga Florestal (PAOF),
que determina quais são as florestas públicas
passíveis de concessão florestal sustentável.
O acesso mais comum à Flona
do Amapá é feito através do
rio Araguari, a partir do município de Porto
Grande, até a confluência do rio Falsino.
A unidade faz limite com o Parque Nacional Montanhas
do Tumucumaque e com a Floresta Estadual do Amapá,
e está inserida nos territórios dos
municípios do Pracuúba, Amapá
e Ferreira Gomes. De acordo com a Lei Federal nº
9985, de 18 de julho de 2000, que institui o Sistema
Nacional de Unidade de Conservação
da Natureza (SNUC), toda unidade de conservação
deve dispor de um Conselho Consultivo.
+ Mais
CI apóia campanha para
eleger Pantanal Maravilha da Natureza
Conservação Internacional
faz parte do comitê Maravilha do Pantanal,
criado para divulgar a região e ajudar a
elegê-la uma das sete maravilhas naturais
do mundo
Campo Grande, 22 de outubro de 2008 — A ONG Conservação
Internacional (CI-Brasil) está apoiando sua
parceira no Mato Grosso Sul, a ONG Ecoa, na campanha
para eleger o Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense
Maravilha da Natureza. O concurso é promovido
pela Fundação New7Wonders, a mesma
que realizou recentemente a eleição
das maravilhas monumentais do mundo moderno. Além
do parque, outros 200 sítios concorrem ao
título. Para votar, basta acessar o site
www.new7wonders.com (em inglês). A primeira
fase da votação está aberta
até o dia 31 de dezembro deste ano e deve
eleger os 77 sítios mais votados. Em julho
de 2009, a comissão organizadora anunciará
os 21 finalistas que serão submetidos novamente
ao voto popular. As sete Maravilhas da Natureza
serão conhecidas em 2010.
“Com o Pantanal entre as sete
maravilhas, voltaremos os olhos do mundo para a
importância da preservação desse
santuário natural”, diz Sandro Menezes, gerente
do programa Cerrado-Pantanal da CI-Brasil. “Essa
é uma grande oportunidade para chamar atenção
sobre as belezas e as ameaças à biodiversidade
da região”, afirma.
Para dar maior visibilidade ao
Pantanal e tornar o parque uma das sete maravilhas
naturais do mundo, foi criado o comitê Maravilha
do Pantanal, composto por mais de 30 membros, entre
órgãos governamentais, instituições
de ensino e de pesquisa, ONGs e veículos
de comunicação.
A campanha contará com
postos fixos de votação em Campo Grande,
Porto Murtinho e em Corumbá, no Mato Grosso
do Sul. Panfletos e materiais explicativos sobre
como votar também serão distribuídos
na região. Mais informações
sobre o concurso estão disponíveis
na página da Ecoa na internet e também
no site criado para a campanha VotePantanal. Para
assistir a um vídeo de divulgação
da campanha, clique aqui.
Pantanal - A planície pantaneira
cobre uma área de quase 210 mil quilômetros
quadrados e ocupa parte dos territórios do
Brasil, do Paraguai e da Bolívia. O Pantanal
funciona como um corredor de transição
entre as bacias Amazônica e Prata.
Reconhecido pela Unesco, em 2000,
como Reserva da Biosfera, o Pantanal é considerado
uma das reservas naturais mais exuberante, diversificada
e selvagem do planeta.
Sobre a Conservação
Internacional (CI-Brasil)
A Conservação Internacional (CI) foi
fundada em 1987 com o objetivo de conservar o patrimônio
natural do planeta - nossa biodiversidade global
- e demonstrar que as sociedades humanas são
capazes de viver em harmonia com a natureza. Como
uma organização não-governamental
global, a CI atua em mais de 40 países, em
quatro continentes. A organização
utiliza uma variedade de ferramentas científicas,
econômicas e de conscientização
ambiental, além de estratégias que
ajudam na identificação de alternativas
que não prejudiquem o meio ambiente. A ConservaçãoInternacional
(CI-Brasil) tem sede em Belo Horizonte - MG. Outros
escritórios estão estrategicamente
localizados em Brasília-DF, Belém-PA,
Campo Grande-MS, Salvador-BA e Caravelas-BA.
Sobre a Ecoa
A Ecoa é uma organização da
sociedade civil fundada em 1989 com o objetivo de
desenvolver propostas e ações na área
sócio-ambiental. Sua perspectiva maior é
a sustentabilidade e a construção
da democracia. Nesses 20 anos de existência,
estruturou uma agenda baseada na ação
territorial local e regional, com presença
global, particularmente por meio de alianças
com outras organizações e redes. Sua
região prioritária é a bacia
do rio da Prata e, nesta, o Pantanal, o Cerrado
e o Sistema Paraná Paraguai de Áreas
Úmidas. Amplamente, para tratamento de temas
como infra-estrutura, energia e biocombustíveis,
o território considerado é a América
do Sul e seus diferentes biomas, eco-regiões,
bacias, ecossistemas e populações.
Um dos pilares da organização é
o trabalho com comunidades do Cerrado e do Pantanal.
Fernanda Prado – assessoria de imprensa da Ecoa